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Texto Crítico é o texto do Novo Testamento conforme os procedimentos da crítica textual. Também é conhecido como Texto Minoritário por ser mais fortemente baseado na minoria dos manuscritos do Novo Testamento atualmente existentes, porém sendo alguns deles consideravelmente antigos, até do segundo século depois de Cristo.
Deve-se esclarecer que não há um único “texto crítico”, pois em diversos trechos há dúvidas do texto originalmente estabelecido. Todavia é comum chamar de “Texto Crítico” a todas as edições que mantém semelhanças ao texto mais utilizado atualmente, o Novum Testamentum Graece, tais como o texto de Westcott e Hort (The New Testament in the Original Greeek) e as primeiras edições Eberhard e Erwin Nestle, entre outras. Elas se baseiam em sua maior parte no Texto-tipo Alexandrino.
A maior parte das traduções recentes da Bíblia, como a Nova Versão Internacional (NVI) e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), e a Almeida Revista e Atualizada, adota o Texto Crítico.
Para estimar se a probabilidade de uma determinada leitura do texto é original ou não, são usadas evidências externas e internas. As evidências que sugerem uma ou outra leitura são ponderadas até que especialistas julguem qual é a mais provável.
Vários fatores sugerem maior chance de atestarem uma leitura original, por exemplo:
• Antiguidade: quanto mais antiga for a fonte da leitura, mais provável ela é.
• Quantidade: quanto mais frequente for a leitura, isto é, quanto maior o número de manuscritos antigos que contém tal leitura, mais provável ela é.
• Distribuição geográfica: quanto mais distribuída for a leitura, mais provável ela é. Por exemplo, uma leitura atestada em manuscritos de várias regiões distantes é mais provável que uma encontrada em manuscrito de apenas um lugar.
Evidências internas
Também são utilizadas as evidências internas, que pressupõem hábitos de copistas bem-intencionados que podiam causar erros:
• A leitura mais curta é mais provável: Às vezes os copistas adicionavam comentários pessoais às margens do texto como anotações para uso próprio. Porém outros copistas desavisados poderiam pensar que os comentários faziam parte do texto, e assim terminariam inserindo inadvertidamente comentários no texto principal quando reproduzissem novas cópias.
• A leitura mais complexa é mais provável: Palavras raras às vezes eram trocadas por sinônimos mais simples. Expressões com maior dificuldade de se explicar podem ter sido corrigidas, como José como “pai” de Jesus em Lucas 2:33 ou a profecia atribuída a Isaías em Marcos 1:2-3 que era, em parte, de Malaquias.
Controvérsias
O Texto Crítico é contestado por organizações como a Trinitarian Bible Society, que reconhecem apenas o Textus Receptus, em virtude deste último ser endossado pela maioria (mais de 5000 manuscritos) dos manuscritos conhecidos[1], ter sido amplamente utilizado durante toda a era da Reforma Protestante[2], e mesmo antes, pelos cristãos Valdenses e Anabatistas, e pela Igreja Católica Ortodoxa Grega. A Igreja Católica Apostólica Romana usa desde o início a Vulgata, que difere bem menos do Textus Receptus que do texto crítico[2]. Algumas das mais conhecidas traduções atuais, como a King James Version em Inglês, a Bíblia de Lutero em alemão, a Statenvertaling em holandês, a Almeida Revista e Corrigida, e a Almeida Corrigida Fiel, são baseadas no Textus Receptus.
Textus Receptus
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Textus Receptus de Erasmo em grego e latim.
Textus Receptus, (Texto Recebido) é a denominação dada à série de impressões, em grego, do Novo Testamento, que serviu de base para diversas traduções dos séculos XVI ao XIX, como a Bíblia de Lutero, a Bíblia Rei James e para a maioria das traduções do Novo Testamento da Reforma Protestante, inclusive a tradução portuguesa por Almeida. A partir do final do século XIX, com publicação do texto de manuscritos mais antigos do Novo Testamento, a maioria das traduções bíblicas usa os chamados textos críticos, isto é, estabelecidos através da crítica textual e baseados principalmente nos Códex Sinaiticus e Vaticanus, não sem controvérsia daqueles que ainda preferem o Textus Receptus[1].
O Textus Receptus guarda grande semelhança ao Texto Bizantino (ou Texto Majoritário), por isso às vezes são chamados como se fossem o mesmo texto. Porém há algumas poucas diferenças entre o Textus Receptus e o Texto Bizantino, como em Atos 8:37 e em 1 João 5:7-8.
Origem
A tradução bíblica de Almeida foi publicada entre 1681 e 1753, baseando-se em um conjunto de mais de 5000 manuscritos deorigem Bizantina (Antioquia)[2], que vieram juntamente com eruditos do Oriente (quando de sua fuga para o Ocidente devido à invasão militar islâmica do Império Bizantino), sendo que cada um destes manuscritos continha uma parte ou todo o Novo Testamento, sendo eles na quase totalidade dos versos concordantes entre si, tendo sido intensamente utilizados por intelectuais e pelas igrejas até aquele momento. Este conjunto de manuscritos formou a base para o que depois veio a ser conhecido como Textus Receptus.
Erasmo, por Hans Holbein, o Jovem.
O Textus Receptus é na verdade uma compilação dos textos contidos nestes manuscritos, de modo a compor um único texto grego contendo todo o Novo Testamento. A primeira compilação deste texto foi executada pelo teólogo, padre católico, intelectual, filósofo, humanista e estudioso Erasmo de Roterdão em 1516. Este texto teve posteriormente várias outras edições publicadas tanto pelo próprio Erasmo, como por Beza, Estienne, e pelos Elzevirs, entre outros. As edições consideradas como as principais representantes do Textus Receptus são as edições de Estienne de 1550 (a terceira) e a edição dos Elzevirs de 1633. Deve-se ressaltar que, apesar de todas as pesquisas e revisões dos textos gregos nas diversas edições do Textus Receptus, entre a primeira edição de Erasmo em 1516 e a edição dos Elzevirs em 1633, há uma diferença de menos de 300 palavras em 140.000 que compõem o Novo Testamento, ou seja, apenas 0,002% do total.
O Textus Receptus foi utilizado para a criação de várias outras traduções da Bíblia para várias outras línguas, como as Bíblias de Lutero em 1522, a de Tyndale em 1526, e a do rei James em 1611, e também para a tradução de João Ferreira de Almeida para o português em 1681. É importante, neste ponto, notarmos que o Textus Receptus, diretamente ou através de uma de suas traduções, foi aceito pelas igrejas protestantes após a Reforma, e que esta posição se manteve intocável, no Brasil, até meados do século XX. Nos dias de hoje, uma tradução da Bíblia que continua mantendo o Textus Receptus como base é a Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF) publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, as outras Almeidas, que são publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil, passaram a se basear no Texto Crítico.
Origem do nome
A denominação “Textus Receptus” tem sua origem no prefácio da edição de 1633 (dos irmãos Bonnaventura e Abraão Elzevir) que diz em latim: Textum ergo habes nunc ab omnibus receptum, in quo nihil immutatum aut corruptum damus (Tens, portanto, o texto agora recebido por todos, no qual nada oferecemos de alterado ou corrupto). As palavras “textum” e “receptum” foram utilizadas no caso nominativo para formar “Textus Receptus”.