Sobrevivência e Consciência das Almas

Nesse ponto – e somente nesse – concordamos com o Espiritismo: na morte do homem, a alma sobrevive e fica em estado de consciência. A doutrina aniquilacionista, também conhecida como “sono da alma”, ensina que as almas dos mortos ficam em estado de letargia, isto é, em profunda sonolência. Na ressurreição, são “acordadas” e retornam às funções corpóreas. Usaremos os termos alma ou espírito como indicativos da parte imaterial do homem, que, na morte, se separa do corpo.

Em defesa de sua tese, os mortalistas apresentam alguns versículos bíblicos. Exemplos:
“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.” (Ec 9.5 – Almeida CF). A passagem está afirmando que na morte cessam as atividades do homem aqui na terra, isto é, debaixo do sol (v.6). Se a interpretação for de modo absoluto, teríamos de admitir que os mortos de um modo geral não terão qualquer recompensa. Sabemos, porém, que há recompensas para os justos (Lc 6.23; 16.19-31; Cl 3.24-25; Ap 22.12).
Enfim, o texto nada diz com relação à vida futura. Esses argumentos são também válidos para os Salmos 6.5 e 115.17, nos quais o salmista declara que os mortos não louvam ao Senhor. A palavra “louvar” (hebraico yãdãh) é encontrada umas 70 vezes no Livro de Salmos. “Como expressão de agradecimento ou louvor, é parte natural do ritual ou adoração pública como também do louvor pessoal a Deus” (W.E.Vine). Os mortos não podem louvar na congregação.
E quando a Bíblia diz que os mortos dormem? Não estaria validando a doutrina do sono da alma? Não. Vejamos alguns exemplos.
“Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono” (Jo 11.11). Aqui, como em outras passagens (v. Mt 9.24) foi usado uma metáfora para ensinar que a morte é uma situação temporária a ser vencida com a ressurreição. Em seguida, o Senhor Jesus declara que Lázaro morreu (v. 14). Nada que diga da situação futura da alma se encontra nessa passagem. Várias vezes o termo “dormir” é usado para referir-se aos mortos, como fez o Senhor Jesus (Mt 27.52; At 7.60; 13.36; 1 Co 15.6, 18, 20, 51; 1 Ts 4.13; 5.10). Com relação ao termo “dormir”, vejamos as explicações de W.E.Vine:
“Este uso metafórico da palavra “sono” (koimaomai e katheudõ) é apropriado, por causa da semelhança na aparência entre um corpo dormente e um corpo morto; tranqüilidade e paz normalmente caracterizam ambos. O objetivo da metáfora é sugerir que assim como aquele que dorme não deixa de existir enquanto o corpo dorme, assim a pessoa morta continua a existir, apesar de sua ausência da região na qual aqueles que ficaram podem ter acesso ao corpo morto, e que, assim como sabemos que o sono é temporário, assim será a morte do corpo. É evidente que só o corpo está sob consideração nessa metáfora: (a) por causa da derivação da palavra koimaomai, de keimai, `deitar-se´; (b) pelo fato de que no Novo Testamento a palavra ressurreição é usada somente em alusão ao corpo; (c) porque em Dn 12.2, onde os fisicamente mortos são descritos como os que dormem [na Septuaginta, katheudõ, como em 1 Ts 5.6] no pó da terra´, a linguagem é inaplicável à parte espiritual do homem; além disso, quando o corpo volta de onde veio (Gn 3.19), o espírito retorna a Deus que o deu (Ec 12.7)”.
Em vários textos se lê a respeito da ida do espírito dos justos para Deus (2 Co 5.8; Fp 1.23; Lc 16.19.31; 23.43; At 7.59). É inadmissível imaginar que o espírito fique dormindo na sepultura ao lado de um corpo carcomido pelos vermes. Também não podemos supor que o espírito fique cochilando no céu. Vejam qual foi o ensino do Senhor Jesus a respeito da vida após a morte:
“E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43). O corpo do ladrão arrependido ficou na sepultura, mas seu espírito foi para o céu. Através da parábola do rico e Lázaro, o Senhor Jesus ensinou uma realidade espiritual: morreu o rico e foi para um lugar de tormentos; morreu Lázaro e foi levado pelos anjos para o Paraíso (Lc 16.19-31). Da mesma forma, o corpo do Senhor Jesus ficou na sepultura e seu espírito foi recolhido no Pai (Lc 23.46). Trata-se da doutrina da sobrevivência da alma. No céu, as almas estão em atividade e conscientes: “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.9-10).
16.11.05
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