Sem Escolha

Autor: Julio Severo

O que os pais almejam é ter liberdade para tratar seus filhos de um modo justo e equilibrado, de acordo com seus próprios princípios e valores. No caso de famílias cristãs, os pais têm todo empenho e desejo de cuidar dos filhos de acordo com princípios e valores cristãos.

Em menor ou maior grau, em muitos lugares do mundo há liberdade para os pais, cristãos ou não, exercerem suas decisões para o bem-estar de suas famílias. Normalmente, os pais sempre tiveram autoridade para decidir conclusivamente sobre atitudes e questões dos filhos que, na visão deles, podem lhes ser prejudiciais.

Por exemplo, se um filho quer se envolver com amigos drogados ou quer assistir a filmes pornográficos, os pais têm o direito de intervir e impedir o envolvimento do filho com o que é errado. Os pais sempre tiveram também autoridade para agir em muitas outras situações que envolvem a saúde e a vida dos filhos.

Entretanto, hoje, graças ao crescimento do poder estatal, é o Estado que tem autoridade de intervir, não só na vida dos filhos, mas também da família toda, interferindo nas decisões mais íntimas.

Vacinas e os direitos dos pais de decidir o melhor para seus filhos
Na Inglaterra e outros países com forte tradição evangélica, os pais podem, sem maiores conseqüências, optar pela não vacinação de seus filhos. E eles tomam essa decisão conscientes dos seguintes fatos preocupantes:

As vacinas infantis não são seguras e são responsáveis por problemas de convulsões, coma, paralisia, danos cerebrais e até morte de crianças.[1]

Dois terços dos casos da Síndrome de Morte Infantil Súbita nos EUA são atribuídos às vacinas. De acordo com um número do Suplemento Pediátrico de 1988, a ocorrência da SIDS caiu 50% na Austrália no mesmo ano em que a vacinação diminuiu 50%, ao deixar de ser obrigatória naquele país. A mesma publicação médica observa que, em 1979, o Japão deixou de vacinar bebês e elevou a idade da vacinação para dois anos. Como resultado os casos de óbito e convulsões em bebês praticamente desapareceram. O Japão registrou o menor índice de óbitos de bebês do mundo. Outro país com coeficiente de mortalidade infantil muito baixo é a Suécia, onde bebês não são vacinados.[2]

Segundo o jornal inglês Telegraph intitulado “Cientistas americanos apóiam ligação do autismo à vacina tríplice”[3], há uma ligação entre autismo e vacinas infantis. O fato é que há uma ligação entre autismo e o mercúrio das vacinas infantis.

Há também o aspecto ético de várias vacinas infantis, cuja fabricação envolve a utilização de bebês abortados. A grande maioria dos pais desconhece o fato de que seus filhos recebem vacinas contaminadas com células de bebês abortados.

Limitando os direitos dos pais
Contudo, de acordo com os que defendem a autoridade do Estado sobre as famílias, pais evangélicos no Brasil não têm liberdade de fazer escolhas na questão da vacinação. Eles não podem seguir sua consciência e bom senso, pois a lei determina a subordinação dos direitos dos pais aos interesses do Estado. O governo interpreta suas próprias leis de “direito à saúde” como “direito fundamental e indisponível” (isto é, é um “direito” que ninguém pode recusar!) de todos, principalmente das crianças (Artigo 196 da Constituição Federal). O artigo 7 da Lei nº 8069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) estabelece: “A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida, à saúde”. Como o governo interpreta sua própria lei? Se o governo acha que as vacinas são para o bem das crianças, então por lei nenhum pai pode recusar. O governo imporá sua vontade em nome do bem-estar das crianças.

Essa prática do governo brasileiro – de impor a vacinação obrigatória a todas as crianças em nome de um suposto bem-estar – seria vista como abuso e autoritarismo na Europa e nos países verdadeiramente avançados, onde quem decide o bem-estar dos filhos não é o Estado, mas os pais.

A questão da vacinação em si não é o ponto mais importante. O que importa é quem está tendo direito exclusivo de decidir assuntos internos das famílias. O Estado agora se encontra na posição privilegiada de ter conquistado esse campo de decisão, jogando para fora a família.

Na questão da vacinação, entram em choque os princípios e valores das famílias com os princípios e valores do próprio Estado, que sempre se define como superior — o Ser superior acima de toda autoridade. O Estado hoje ocupa, nas decisões das famílias, o papel de um verdadeiro deus, mandando e impondo.

Mesmo que o governo não perseguisse os que contrariam suas imposições arbitrárias, as famílias teriam o sofrimento de escolher a difícil decisão de vacinar. Difícil porque, se vacinadas, as crianças podem ou não pegar as doenças que as vacinas supostamente combatem; não vacinadas, também podem ou não pegar essas doenças.

Assim, tanto as crianças vacinadas quanto as não vacinadas correm riscos, porém as crianças vacinadas correm um risco adicional: podem contrair problemas de saúde provocados pelos efeitos imprevisíveis das vacinas. Tal informação é muito pouco divulgada no Brasil, com sua mídia liberal comprada e subsidiada pelo Estado. Pelo menos na censura dessas informações importantes o governo do Brasil tem o direito de se julgar mais avançado do que os países da Europa!

Todas as crianças vacinadas têm proteção eterna garantida contra doenças infantis? Não. Crianças vacinadas também ficam doentes. (Por pura coincidência, bem agora parece estar ocorrendo uma epidemia de catapora na cidade em que vivo, pois várias crianças VACINADAS pegaram a doença!) Todas as crianças que não foram vacinas estão condenadas a pegar todas essas doenças? Não. Há pessoas não vacinadas que nunca pegaram doenças infantis.

Com ou sem vacina uma criança pode pegar doenças, porém vacinada ela corre ainda o risco de sofrer os efeitos da vacina. Então sabendo que de um modo ou de outro os filhos correm riscos, os pais precisam ser respeitados na difícil responsabilidade de decidir o que é melhor para os filhos. O Estado não pode simplesmente impor sua própria vontade, escondendo-se atrás da Convenção sobre os Direitos das Crianças ou leis semelhantes. A família vem antes do Estado, não o Estado antes da família.

Entretanto, por causa dessas leis modernas, os direitos da criança e adolescente estão tão entrelaçados com os interesses do Estado brasileiro que resta à família apenas um papel reduzido e limitado de decisão. Por exemplo, se a família considera as questões de vacinação e escolhe não vacinar, o que vale são os interesses do Estado (que se apóia nos “direitos” da criança e adolescente). Através de complexas manobras, o Estado consegue sutilmente justificar sua coerção.

Se tal entendimento de predominância do Estado na questão da vacinação fosse consenso universal, países como Inglaterra, Suécia, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Holanda e Canadá não dariam aos pais a opção de decidir. Até mesmo nos EUA, onde a vacinação é compulsória, os pais evangélicos podem solicitar dispensa por motivos religiosos, e as leis americanas os respeitam. Os pais americanos também podem isentar seus filhos da vacinação por motivos médicos e filosóficos.

Outro ponto interessante é que os defensores da supremacia estatal citam a Constituição Federal (CF) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para proteger o “direito” do Estado de impor a vacinação obrigatória e outros tipos de “proteção” à saúde das crianças (termos que são interpretados e decididos exclusivamente pelo Estado, em total desrespeito aos pais). Mas o mesmo governo, através do Sistema Único de Saúde, tira a vida de bebês em gestação por causa de uma concepção supostamente ou não advinda de relação de estupro. É claro, na questão desse aborto aprovado pelo Estado, ninguém se lembra de invocar a CF, o ECA, a Convenção sobre os Direitos da Criança, etc. Assim, o mesmo governo que sabe “proteger” os direitos da crianças também sabe, com muito sofisma, “desproteger” a saúde e vida das crianças. O Estado se acha na posição arrogante de decidir impunemente entre a vida e a morte das crianças, sem ter de dar explicações a ninguém.

A CF e o ECA servem para intromissão do Estado em assuntos familiares em nome de um suposto bem-estar das crianças, enquanto bebês inocentes que jamais pediram para ser concebidos por estupro perdem não só o direito à saúde, mas também o direito à vida. Onde estão a CF e o ECA para esses casos?

Controle, preconceito e perseguição estatal
Em nossa pequena cidade, primeiro o governo começou o projeto de orientar a população a fazer o cadastramento de cada cidadão no hospital público. Do contrário, sem cadastramento (com preenchimentos de todos os dados pessoais e familiares), ninguém seria atendido. Como nem todos se cadastraram, a tática de controle mudou. O Programa Saúde da Família começou a enviar agentes de saúde para ir de casa em casa. A missão dos agentes, em meio a algumas desculpas interessantes, era cadastrar os habitantes de cada casa para lhes oferecer mais assistência de saúde. Essa missão tão “benevolente”, porém, acabava também atacando a privacidade dos lares e colocando o Estado em contato, fiscalização e intromissão direta nos assuntos das famílias. Mas estávamos conscientes de que o governo sempre mais tira do que dá.

Sempre conseguimos evitar os agentes de saúde. Assim, não fomos registrados. Se fôssemos, havia o risco de que descobrissem que nossa menina não é vacinada e que estamos envolvidos no homeschooling, movimento de educação escolar em casa.

Por isso, evitar os agentes de saúde era, para nós, uma questão de sobrevivência, para que pudéssemos escapar da interferência estatal em nossas vidas. Não queríamos ser estatizados.

Entretanto, um parente — que mais tarde nos pediu perdão e confessou que havia feito tudo o que era possível para nos prejudicar — nos denunciou. Primeiramente, nos denunciou por homeschooling e disciplina infantil conforme o livro de Provérbios. Diante do Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente (órgão federal criado para implementar o ECA), nossas práticas foram tratadas como crime. Quando, depois de várias semanas de intensa perseguição legal, o promotor resolveu não nos perseguir por causa dessas questões, o denunciador se intrometeu de novo, e a questão da vacinação acabou, através de um agente de saúde amigo do denunciador, sendo levada ao conhecimento do Secretário Municipal de Saúde, que sem demora tomou providências, inclusive na questão da educação em casa.

Temos experiência familiar com vacinas. Quando nasci, recebi todas as vacinas da época. Minha mãe me conta que eu sempre estava doente e ela sempre precisava me levar ao médico. As amigas dela, que levavam seus bebês para vacinar, enfrentavam a mesma situação: seus bebês estavam sempre doentes.

Assim, minha mãe não levou meu irmão e minha irmã para vacinar quando nasceram. Resultado: eles eram bebês que não viviam doentes e não iam a médicos!

Fui vacinado contra catapora, e contraí catapora! Contraí também outras doenças, contra as quais eu havia sido vacinado. Então, de que adiantou ser vacinado?

Meu irmão e minha irmã, que não foram vacinados, são hoje adultos normais e saudáveis!

O primeiro filho de minha esposa recebeu todas as vacinas e passou seus anos de bebê praticamente com febre e no médico. Quando minha esposa teve nossa filha, não a levamos para vacinação. Ela tem 2 anos e nunca adoeceu a ponto de requerer medicamento ou médico.

Com o conhecimento que hoje temos, de que há várias vacinas contaminadas com células de bebês abortados e com mercúrio — que é uma substância tóxica por trás do aumento do autismo e problemas neurológicos nas crianças — como poderíamos, como pais, permitir que nossos filhos corressem tamanho risco? Diante desse dilema, preferimos entregar a nós e nossos filhos nas mãos de Deus e confiar.

Contudo, devido à nossa exposição, começamos a sofrer pressões pesadas do Conselho Tutelar dos “Direitos” da Criança e do Adolescente, onde fomos intimados a comparecer. Ali, fomos informados de que os “direitos” da criança estão acima das escolhas e direitos dos pais. Aliás, minha esposa que estava grávida foi não só forçada a passar por tais ameaças e intimidações, mas também tivemos de ouvir dos funcionários do Conselho que os direitos do nosso bebê que nem ainda havia nascido estavam sob a “proteção” do governo — o mesmo governo que vem ampliando as leis de aborto para matar crianças, o mesmo governo que vem mergulhando o Brasil em escândalos, vergonha e corrupção. Essa “proteção” estatal sobre as crianças significa simplesmente que todas as decisões e escolhas dos pais para o bem-estar de seus filhos devem ser subordinadas às próprias decisões e escolhas do governo.

Se não aceitássemos as imposições estatais, o Conselho Tutelar deixou claro que estaríamos sujeitos a multas, prisão e perda da guarda de nossos filhos pequenos, inclusive do bebê que está para nascer.

De repente, acordávamos de um berço esplêndido para questionar como o Brasil está rumando cegamente para um sistema sofisticado e encoberto de escravidão estatal sobre os cidadãos em nome de muitos supostos direitos.

Depois de ficar sabendo de nossa questão, o Secretário Municipal de Saúde enviou carta às autoridades, dizendo: “Solicitamos auxílio [do promotor e da juíza] para que possamos tomar medidas urgentes, visto o risco epidemiológico que esta família poderá causar em nossa comunidade”. Rapidamente, a Promotoria Pública e o Poder Judiciário se mobilizaram para defender os interesses estatais, já classificando nossa decisão de família como “crime”. Sem demora, recebemos intimação do Poder Judiciário.

Nosso “crime”, na opinião das autoridades, tornava nossa família um risco epidemiológico para a cidade toda. Essa opinião, baseada na ilógica e no medo, nos fez pensar: Se as vacinas de fato protegem e todas as crianças da cidade estão vacinadas, como nossa família poderia representar esse tal risco epidemiológico?

Se vacinas representassem realmente proteção, então o risco seria exclusivamente para minha família, não para as crianças vacinadas da cidade inteira. Assim, o próprio Secretário Municipal de Saúde não sabe o que faz ou diz. Nenhuma das autoridades, porém, prestou atenção nessa evidente contradição.

Além dessa incoerência óbvia, por pura coincidência, o Secretário Municipal de Saúde — que mobilizou as autoridades contra nós — é homossexual, e a Promotoria Pública local já sabia acerca do meu livro sobre o homossexualismo. Embora haja em nossa região naturalistas que também não vacinam os filhos por motivo filosófico, eu e minha esposa grávida nos tornamos os únicos alvos de humilhações e perseguições legais — por solicitação de um homossexual. Em sua carta oficial ao promotor e à juíza, ele nos denunciou pelo “crime” de ter um menino que não freqüenta a escola e porque minha esposa grávida e minha filha de dois anos não receberam vacinas. Ele também criou — a partir de sua própria imaginação — muitas outras acusações contra nós, sem nenhum fundamento, colocando uma família evangélica sob ameaça direta de multas, prisão e perda da guarda dos filhos.

Assim, depois de anos de ameaças e intimidações dos ativistas gays, finalmente nos encontramos sob perseguição direta — tudo porque um homossexual acha que minha família é um risco epidemiológico para a comunidade.

Incoerência, desigualdade e injustiça estatal
Na mesma época em que começamos a sofrer a [o]pressão do Estado nessa questão, todos assistiram pelo noticiário os episódios em que um grupo criminoso aterrorizou a população inteira de São Paulo, chegando ao ponto de assassinar vários policiais. Qual foi a resposta do Estado? Negociar com os criminosos. Qual foi a reação da imprensa liberal e esquerdista, dependente e subsidiada pelo governo? Demonstrar preocupação com os supostos direitos humanos dos criminosos — depois que a polícia reagiu. No caso de uma família que quer decidir a saúde de seus filhos, a resposta do governo é um pouco diferente: Nenhuma negociação. O que o Estado decide, impõe.

E as incoerências das atitudes estatais não param por aí. Homens que vivem no homossexualismo e outros comportamentos imorais muitas vezes expõem a si mesmos e outros aos riscos de várias doenças transmissíveis. Há pesquisas sérias que comprovam essa triste realidade. Contudo, o governo nada faz para impor um freio na propagação de doenças que o estilo de vida deles provoca. Mesmo quando alguém é portador do HIV e tem um comportamento sexual que coloca outras pessoas em perigo de contaminação, o governo apenas se limita a educar os imorais a fazer “escolhas certas”. O governo não força ninguém. O governo não obriga ninguém, pois entende que as ações do indivíduo, mesmo em toda a sua depravação e irresponsabilidade, devem ser motivadas por uma consciência que atenda às orientações que incentivam à responsabilidade.

Portanto, vê-se que no caso dos homossexuais e outros indivíduos imorais que verdadeiramente representam risco epidemiológico, inclusive irresponsáveis portadores do HIV, o governo é extremamente condescendente, chegando ao ponto de mostrar respeito quando deveria agir de modo enérgico. O Estado nem pensa em ameaçar minimamente esses indivíduos. O Estado recomenda a camisinha como sua solução — que comprovadamente não tem a eficácia apregoada —, mas nunca impõe nada. Os homossexuais e outros imorais podem decidir livremente suas questões de saúde e sexo, sem nenhuma coerção.

No entanto, quando o caso envolve uma família que quer exercer o direito que lhe foi usurpado de decidir a saúde de seus filhos, tudo o que o governo mostra é ação enérgica, sem respeito algum — sem mencionar intimações, processos e outras ameaças. O respeito e o direito de decidir livremente em questões de saúde é, agora, um privilégio que o Estado só oferece aos imorais, não às famílias.

E o programa de vacinação contra a hepatite B em bebês é um exemplo das incoerentes políticas estatais. A hepatite B é uma doença predominante em populações de alto risco como homossexuais, usuários de drogas, presos, prostitutas e outras pessoas que levam um estilo de vida imoral — sem mencionar médicos e enfermeiras, por seu contato com o sangue de pacientes contaminados. Uma campanha de vacinação dirigida para essas populações de alto risco teria pouco sucesso, pois poucos imorais e drogados compareceriam aos postos de saúde, já que seu comportamento é marcado geralmente pela irresponsabilidade e despreocupação com as conseqüências de suas atitudes.

Como o Estado não consegue impor a vacinação para as populações de alto risco, suas políticas se impõem numa população cativa: os bebês. É ordem do governo que nenhum bebê recém-nascido saia do hospital sem receber a vacina contra a hepatite B. O raciocínio estatal é que, já que não se sabe quem vai ser homossexual, prostituta ou usuário de drogas, o melhor é vacinar todos os bebês por garantia.

Assim, os bebês não só são vítimas das imposições estatais, que nem mesmo permitem que seus pais os protejam, mas também estão pagando pelos pecados de muitas pessoas que escolheram viver na imoralidade e nas drogas.

Um Brasil das cavernas?
Enquanto nos países avançados há muita informação sobre vacinas, no Brasil a imprensa limita-se a seu papel em grande parte submisso e subordinado aos interesses do Estado. Basta ver que no Brasil de hoje, afundando em lama de corrupção em todos os setores do governo, apregoa-se devoção e submissão ao Estado nos assuntos da família envolvendo decisões de educação e saúde.

Essa subordinação é evidente no artigo “Apesar de recomendadas, vacinas causam dúvidas”, publicado no jornal esquerdista Folha Online, onde o texto coloca, na questão da vacinação de crianças, o governo do Brasil em vantagem até sobre países avançados da Europa e o próprio Japão. Na verdade, o artigo já começou errado, pois no Brasil as vacinas infantis não são recomendadas, mas impostas. O uso do termo recomendação — leve e bem democrático, aparentando liberdade de escolha e direitos — foi, no caso das vacinas, extinto do uso sério no Brasil, só existindo legitimamente em países mais avançados, onde os pais são protegidos em sua liberdade de cuidar da saúde de seus filhos. No Brasil, quem decide o cuidado dos filhos é exclusivamente o Estado, com sua força que consegue demonstrar agilidade incomparável na defesa e imposição de seus “direitos” sobre as famílias, mas mal consegue se arrastar quando enfrenta os reais criminosos nas ruas. O Estado assim compensa sua incompetência com os criminosos perseguindo e brutalizando as famílias inocentes que tentam recuperar os direitos naturais que lhe foram usurpados.

O Estado, em suas ambições modernas, está deixando de governar com justiça, protegendo as famílias, para cada vez mais usurpar direitos, principalmente dos pais em suas responsabilidades naturais para com seus filhos. Enquanto promete direitos novos e estranhos, seus tentáculos se estendem sutilmente na direção dos pais, arrancando direito por direito, e impondo direitos artificiais que efetivamente anulam os direitos naturais e legítimos. Assim, avançando nessa direção, o Estado, utilizando-se do ECA, estabelece o direito de crianças e adolescentes a serviços e informações sobre planejamento familiar, expondo-os e incentivando-os ao sexo imoral e sem compromisso. Quanto aos pais, quando menos perceberem, descobrirão que têm apenas o direito de ficar com a boca fechada.

Na Inglaterra, Suécia, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Holanda e Canadá, a questão da vacinação fica a critério das famílias, que devem decidir o que é melhor para seus filhos. No Brasil, tal liberdade e direito foram usurpados. As famílias do Brasil, quer queiram ou não, não precisam decidir quase nada — pois muitos dos seus direitos pertencem agora ao Estado e ao governo mundial representado pela ONU.

Diferente do Brasil, em países verdadeiramente avançados como os EUA ou Inglaterra uma família pode ensinar seus filhos em casa, pode discipliná-los fisicamente e pode optar por não vaciná-los quando bebês. Com a ajuda do ECA, essas práticas não serão toleradas no Brasil. No que depender das políticas socialistas que foram implantadas na sociedade brasileira, o Brasil não sairá da era das cavernas e do subdesenvolvimento ético e moral.

A ponta do iceberg do autoritarismo estatal
Enquanto o Brasil e muitos de seus habitantes evangélicos continuam dormindo em berço esplêndido, os usurpadores de direitos das famílias continuam avançando sob a bandeira e camuflagem de direitos das crianças e tudo o mais que puderem usar para dominar.

A questão da vacinação infantil obrigatória é só a ponta do iceberg do autoritarismo estatal disfarçado de defesa da saúde e direitos das crianças. Com tal manobra, o Estado se apossa do direito de decisão da família sobre a saúde de seus filhos, e quem pode garantir que sua ganância por mais direitos de interferência ficará limitada à saúde e educação?

A família hoje tem pouca proteção e papel real, devido às usurpações do Estado. Aliás, a família não é o único alvo da ganância estatal. No que depender do governo, até Deus será destronado. E nem seria necessário ter muita inteligência para se imaginar quem vai querer substituir Deus para suprir as necessidades de todas as pessoas, com o desgastado argumento de que todos têm o direito à saúde, felicidade etc.

Quando o Estado vier sorridente com uma bandeja de direitos para lhe servir, desconfie! O Estado de hoje não dá direitos, mas os engole. Em tudo o que concede, o Estado acaba cobrando mais do que realmente dá. Na ilusão de direitos esconde-se a escravidão a um Estado que está cada vez mais inchado em suas ambições de controle sobre a vida dos cidadãos.

Filhos: Concessões do governo para os pais?
A Palavra de Deus revela que os filhos são presentes de Deus para as famílias (veja o Salmo 127). De graça e sem imposições. Na visão estatal, exclui-se Deus, e o papel dos pais é, conscientemente ou não, entregar os filhos ao Estado. É claro que um governo que exclui Deus e Sua vontade acabará inevitavelmente excluindo as famílias. Mesmo sem declarar, o Estado já age como um verdadeiro deus. Se algum dia o governo tiver a inspiração de criar sua bíblia, sua versão corrompida dirá:

“Se não for o Estado o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção. Se não é o Estado que vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda. Será inútil levantar cedo e dormir tarde, trabalhando arduamente por alimento. O Estado concede o sono àqueles a quem ele ama. Os filhos são privilégios do Estado, uma concessão que ele dá…” (Salmo 127)

O governo pode não ter criado uma bíblia para expressar tal salmo pervertido, mas suas atitudes falam muito mais alto do que suas palavras.

Se o Salmo original fica melhor, então as famílias cristãs deveriam lutar pela herança que Deus lhes deu.

No que depender do Estado atual, as famílias não só sofrerão imposições de políticas e leis de proteção às crianças (que, disfarçadamente, apenas protegem os interesses estatais), mas também pagarão um alto preço por procurar viver para com seus filhos as responsabilidades que Deus concedeu exclusivamente às famílias, não ao Estado.

A questão em si então não é vacinar e também não é sobre posições contra ou a favor. A questão é: quem tem o direito de decidir o que é importante para a saúde moral, física e espiritual de seus filhos?

Se não tivermos logo uma resposta clara para essa importante pergunta, o Estado prosseguirá em seu avanço, tragando direitos legítimos e, em substituição, nos dando, à força, “direitos” que apenas nos tornam mais escravos de suas vontades.

Se nada fizermos, logo o Estado atenderá ao “direito” de crianças e adolescentes de viver no sexo livre e utilizar o controle da natalidade. E, assim como no caso das vacinas, os pais nada poderão decidir.

Vacinar ou não vacinar não é a questão — mas é a partir desse ponto que o Estado poderá se impor em muitas decisões de família que deveriam estar sob o controle exclusivo dos pais.

A verdadeira questão é: quem tem o direito de controlar as decisões importantes envolvendo a saúde e educação dos filhos — a família ou o Estado?

Artigo relacionado, de Julio Severo: O abuso estatal contra a ordem familiar.

Fonte: www.juliosevero.com.br; www.juliosevero.com
Notas:
[1] http://www.taps.org.br/Paginas/vacinart10.html
[2] Idem.
[3] http://www.telegraph.co.uk/news/main.jhtml?xml=/news/2006/05/28/wmmr28.xml

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