Este artigo segue na mesma linha de raciocínio de “Facebook, um poderoso massageador de egos”, que escrevi há algumas semanas ou meses. De vez em quando, sou convidado por um amigo a provar a minha amizade, quer respondendo com um “ok”, quer escrevendo uma espécie de senha indicada pelo remetente. Raramente respondo. E os que não respondem não são amigos? Serão excluídos? Não serão. Então, a prova não prova nada, nem serve para coisa alguma.
Se eu resolvesse pedir um sinal aos meus 2.000 amigos, e se todos respondessem, eu receberia 2.000 mensagens. Seria uma loucura. Meu ego desmaiaria de tanta massagem.
Alguns não se contentam com a simples curtição, através da qual, com apenas um toque, informamos que tomamos conhecimento da mensagem ou da foto, mas não desejamos fazer qualquer comentário. Não se contentam, por exemplo, com “lindo”, “linda” ou sinal de positivo e palmas. Querem mais. Exigem um sinal definitivo da amizade. Permitam-me dizer: o politicamente correto “lindo”, “linda” nem sempre reflete a realidade. Com base em nosso padrão de beleza física– e cada um pode ter o seu padrão -, o amigo ou amiga da foto não tem nada de beleza. Beleza passou distante. O que fazer: dizer a verdade, ser delegante e perder a amizade? As convenções sociais não admitem tal destempero. Ser hipócrita e dizer o contrário daquilo que sinto? Então, melhor nada dizer.
Somos “amigos” no face porque temos algo em comum: religião, tradições, hábitos, cultura, cada qual com suas idiossincrasias. As conveniências é que nos levam a participar do mesmo grupo. Mas ninguém está disposto a dar sua vida pelo outro, como disse Jesus: Ninguém tem maior amor do que este: o de dar a vida pelo seu irmão.
Vejo uma carência de afetividade de quem exige prova de fidelidade. É natural que as pessoas amem e desejem reciprocidade. A recíproca nem sempre é verdadeira, até em grupos bem restritos como no seio da família. Jesus não conseguiu fidelidade absoluta dos seus apóstolos. Um o traiu; outro o negou; seus irmãos biológicos se mantiveram distantes.
Pedir um sinal de fidelidade equivale a perguntar: Você me ama? Foi o que Jesus perguntou por três vezes a Pedro. Antes que me peçam provas e mais provas, afirmo que amo a todos no amor de Cristo, amo ao próximo como a mim mesmo. Amo.