O TRIBUNAL DO SANTO OFÍCIO estendeu seus tentáculos no Brasil Colônia. Ao chegar a determinada província, instalava-se o terror. Os inquisidores incentivavam a delação. Não havia prévio exame para saber se as denúncias tinham algum fundamento. Sem perda de tempo, as vítimas eram presas e tinha início o longo processo. Estavam sujeitos a serem denunciados todos que eram contra os dogmas da Igreja Católica, dentre os quais os judeus, homossexuais, curandeiros, videntes, supersticiosos, bruxos, místicos de um modo geral, e protestantes. Não há palavras que possam descrever o grau de sofrimento desses réus. Sob tortura inimaginável, confessavam qualquer coisa, mesmo que não tivessem culpa. Vejamos a palavra dos pesquisadores:
http://www.orm.com.br/projetos/oliberal/interna/default.asp?modulo=247&codigo=478756
Amazônia – Inquisição condenou 113 na Amazônia
KEILA FERREIRA
A Inquisição da Igreja Católica passou pela Amazônia entre os séculos XVI e XVIII deixando no passado marcas de intolerância, preconceito e terríveis punições. Pessoas comuns, como religiosos, índios e comerciantes, eram separadas de suas famílias e levadas à força para Lisboa, onde enfrentavam o Tribunal do Santo Ofício, conhecido pelo rigor e impiedade com que julgava os hereges. Eram raros os casos dos “réus” que voltavam a ter uma vida normal. A maioria das pessoas julgadas era tirada de circulação na sociedade, com penas que envolviam açoite público, prisão perpétua, trabalho forçado e até morte na fogueira.
Os crimes que levavam essas pessoas a sofrer tais sanções também chamam a atenção. Práticas ou comportamentos comuns atualmente poderiam levar à morte no passado. Para a sociedade que lutava contra os “desvios de fé” e “costumes”, eram inaceitáveis e muitas vezes merecedores da pena capital os homossexuais, aqueles que exerciam a arte da “adivinhação”, como os videntes, quem praticava o curandeirismo ou fazia uso dele, ou até os indivíduos que tinham superstições.
Em Belém e outras cidades da região do Grão-Pará e Maranhão, não eram poucos os casos de pessoas flagradas cometendo esses delitos e levadas a Lisboa para encarar a Inquisição. As histórias – antes sob o domínio apenas daqueles com condições de ir até Portugal para estudar os processos – agora estão ao alcance de todos na internet. Após um trabalho minucioso, o Centro de Memória da Amazônia, vinculado à Universidade Federal do Pará (UFPA), conseguiu reunir, em parceria com a Direcção Geral de Arquivos de Portugal, processos julgados pelo Tribunal do Santo Ofício envolvendo pessoas do Grão-Pará e Maranhão, que abrange os Estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Amapá e Mato Grosso.
Inquisição no Brasil
http://www.mundoeducacao.com.br/historiadobrasil/inquisicao-no-brasil.htm – Por Rainer Sousa
No Brasil, a expansão do catolicismo foi marcada pela ação dos jesuítas junto às populações nativas. Contudo, não podemos deixar de levar em conta que, sendo lugar de encontro de várias culturas, o território brasileiro se tornou próprio para a prática de rituais e outras manifestações que iam contra os preceitos católicos. Muitas vezes, recorrendo aos saberes dos indígenas ou dos escravos africanos, os professos católicos se desviavam de seus dogmas.
Em vários documentos de época, possuímos o registro de algumas situações onde homens e mulheres apelavam para os saberes místicos de alguns feiticeiros. Geralmente, essa opção era ativada quando os remédios e ações litúrgicas cristãs não surtiam o esperado efeito em alguém que sofria com alguma enfermidade física ou emocional. Muitas vezes, até mesmo alguns padres eram denunciados aos seus superiores por recomendar a ação desse tipo de prática religiosa.
Para frear esse costume, os dirigentes da Igreja fizeram o requerimento das chamadas visitações do Tribunal do Santo Oficio. Essa instituição, criada nos fins da Idade Média, tinha por função combater qualquer tipo de manifestação que representasse uma ameaça contra a hegemonia dogmática católica. Em 1591, o clérigo Heitor Furtado Mendonça foi o primeiro a estabelecer essas visitações que investigavam os casos de heresia ocorridos no Brasil.
As denúncias pelas práticas heréticas surgiam das mais variadas formas. Qualquer delação sem provas ou dedução precipitada bastava para que as autoridades retirassem o acusado de seu lar para responder ao processo. No momento em que chegava a uma localidade, para facilitar o acesso aos suspeitos, o inquisidor anunciava nas praças e igrejas os tais “editos de fé”, que era uma espécie de documento oficial onde o clérigo declarava os pecados que poderiam ser denunciados.
Após ser preso pelas autoridades, o acusado passava por uma série de torturas que tinham como principal função obter a confissão do herege. Uma das punições mais comuns utilizadas era cortar a planta dos pés do acusado e, depois de untá-los com manteiga, expor as feridas em um braseiro. Contudo, antes que uma sessão de tortura fosse iniciada, um médico realizava uma avaliação prévia para que as limitações físicas do indivíduo fossem levadas em conta. ••.
Somente quando alguém não confessava os pecados denunciados é que a morte na fogueira era utilizada. Sendo um instrumento de forte natureza coercitiva, os membros do Tribunal da Inquisição acreditavam que a humilhação pública era um instrumento de combate bem mais eficiente que a morte. A grande maioria das perseguições do Santo Ofício ocorreu na segunda metade do século XVIII. Ao todo, cerca de 500 pessoas foram denunciadas no Brasil, sendo a maioria acusada de disseminar o judaísmo.
A Santa Inquisição
Por Caroline Faria
http://www.infoescola.com/historia/a-santa-inquisicao/
A Inquisição, ou Santa Inquisição foi uma espécie de tribunal religioso criado na Idade Média para condenar todos aqueles que eram contra os dogmas pregados pela Igreja Católica.
Fundado pelo Papa Gregório IX, o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição mandou para a fogueira milhares de pessoas que eram consideradas hereges (praticante de heresias; doutrinas ou práticas contrárias ao que é definido pela Igreja Católica) por praticarem atos considerados bruxaria, heresia ou simplesmente por serem praticantes de outra religião que não o catolicismo.
A verdade é que embora o apogeu da Inquisição tenha se dado no século XVIII, as perseguições aos hereges pelos católicos têm registros bem mais antigos. No século XII os “albigenses” foram massacrados a mando do Papa Inocêncio III que liderou uma cruzada contra aqueles que eram considerados os “hereges do sul da França” por pregarem a volta da Igreja às suas origens e a rejeição a opulência da Igreja da época.
Em 1252, a situação que já era ruim, piora. O Papa Inocêncio IV publica um documento, o “Ad Exstirpanda”, onde autoriza o uso da tortura como forma de conseguir a conversão. O documento é renovado pelos papas seguintes reforçando o poder da Igreja e a perseguição.
A Inquisição tomou tamanha força que mesmo os soberanos e os nobres temiam a perseguição pelo Tribunal e, por isso, eram obrigados a ser condizentes. Até porque, naquela época, o poder da Igreja estava intimamente ligado ao do estado.
Mais terrível que qualquer episódio da história humana até então, a Inquisição enterrou a Europa sob um milênio de trevas deixando um saldo de incontáveis vítimas de torturas e perseguições que eram condenadas pelos chamados “autos de fé” – ocasião em que é lida a sentença em praça pública.
Galileu Galilei foi um exemplo bastante famoso da insanidade cristã na Idade Média: ele foi perseguido por afirmar através de suas teorias que a terra girava em torno do sol e não o contrário. Mas, para ele o episódio não teve mais implicações. Já outros como Giordano Bruno, o pai da filosofia moderna, e Joana D’Arc, que afirmava ser uma enviada de Deus para libertar a França e utilizava roupas masculinas, foram mortos pelo Tribunal do Santo Ofício.
Uma lista de livros proibidos foi publicada, o ”Index Librorum Prohibitorum” através da qual diversos livros foram queimados ou proibidos pela Igreja.
O Tribunal era bastante rigoroso quanto à condenação. O réu não tinha direito a saber o porquê e nem por quem havia sido condenado, não tinha direito a defesa e bastavam apenas duas testemunhas como prova.
O pior período da Inquisição foi durante a chamada Inquisição Espanhola (Século XV ao Século XIX). De caráter político, alguns historiadores afirmam que a Inquisição Espanhola foi uma forma que Fernando de Aragão encontrou de perseguir seus opositores, conseguir o poder total sobre os reinos de Castela e Aragão (Espanha) e ainda expulsar os judeus e muçulmanos.