Reverendo Moon
Sua história, ensinos, negócios e objetivos
na América Latina
Pr. Airton Evangelista da Costa
História – A Igreja da Unificação foi fundada por Sun Myung Moon, nascido no ano de 1920 em Pyungan Bukdo, província da Coréia do Norte. Seu nome de nascimento era Yong Nyung Moon, ou literalmente, “Dragão Brilhante Lua”. Criado numa família presbiteriana, mostrou tendências para a clarividência durante seus anos de formação. Em 1936, aos dezesseis anos de idade, afirmou ter recebido uma visão na qual Jesus Cristo lhe apareceu. A mensagem da revelação foi que Moon completaria a obra que Jesus não completara. Ou seja, Cristo redimira a humanidade “espiritualmente”, mas seu trabalho foi interrompido ao ser preso e crucificado. A tarefa da redenção “física” permanecia inacabada.
Em 1944, Moon casou-se pela primeira vez. Foi nessa época que mudou seu primeiro nome, “Yong” para “Sun”; assim, passou a significar literalmente “Sol Brilhante Lua”. O presbiterianismo não o atraía. Embora não abandonasse a igreja (foi excomungado na década de 50), envolvia-se também com um grupo pentecostal excêntrico, o qual o ensinou que a Coréia era a nova terra prometida da Bíblia e o futuro Messias seria coreano. Provavelmente, Moon acreditou que era o próprio Messias, ao basear-se em sua visão de dez anos atrás, somada aos ensinamentos do grupo.
Um ano após seu primeiro casamento, Moon começou a que se tornaria a Igreja da Unificação. Logo foi preso, mas afirmou que foi devido à sua posição anticomunista. Outras fontes, porém, indicam que foi acusado de imoralidade (poligamia) e prática de capitalismo na Coréia do Norte marxista. Solto, mudou-se para a Coréia do Sul, onde prosseguiu com seus ensinos. Em 1954, fundou a Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial (a partir de 1997 o nome do grupo foi mudado para Associação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial), em Seul. Naquele mesmo ano, divorciou-se da primeira esposa; em 1955, foi preso novamente sob acusação de imoralidade e sonegação. As acusações, entretanto, não foram mantidas e foi solto três meses depois.
Nessa época, Moon escreveu o texto que se tornou o documento oficial da Igreja da Unificação. Em 1957, publicou o livro Princípio Divino. Na verdade, escrito por um seu seguidor, esta obra, compõe-se de material visionário.
O sucesso nos negócios e uma forte posição anticomunista fizeram com que Moon se tornar-se rico e famoso, principalmente no Ocidente. Em 1972, anunciou que a América Latina fora escolhida como a aproxima área de sua atividade missionária concentrada. Comprou uma propriedade no Estado de Nova York por 850 mil dólares. Gastou grandes somas de dinheiro, a fim de revitalizar negócios de risco e isso, obviamente, foi-lhe favorável.
Outro evento que rendeu publicidade a Moon e à Igreja da Unificação foi uma cerimônia de casamento realizada em 1982, no Madison Square Garden, quando mais de dois mil casais uniram-se numa celebridade coletiva. Os pares foram organizados por Moon apenas um mês antes da cerimônia.
Técnica de manipulação emocional – Moon alcança o maior sucesso evangelístico entre os jovens, os quais, ao abandonar o lar e os estudos, frequentemente sentem-se inseguros e solitários. São abordados por pessoas simpáticas e amáveis, que lhes oferecem a necessária segurança durante o momento da vulnerabilidade. O candidato recebe o convite para uma visita inicial a uma casa onde outros membros da seita concedem-lhe amor e compaixão. Depois disso, seguem-se um retiro de final de semana, no qual o candidato é cercado de atenção especial, palestras, cânticos e orações. O bombardeio dos ensinos da Unificação, juntamente com a manipulação emocional feita durante as muitas horas de treinamento, são armas eficientes na conquista do indivíduo, a fim de transformá-lo em um convertido totalmente comprometido [regra geral, as seitas procedem uma lavagem cerebral em seus adeptos e os transformam de fanáticos defensores do grupo, em alguns casos para trabalharem em tempo integral.
Empresas e grupos políticos – A Igreja da Unificação mantém uma grande rede de organizações nos Estados Unidos. Existem 55 centros de adoração espalhados por todo o país, que reúne um total de aproximadamente dez mil adeptos.
Ensinos – Moon afirma que o único objetivo da Igreja da Unificação é o de unir todo o povo de Deus. A Cruzada Internacional Um Mundo, ou CIUM, organiza em encontros por todo o planeta, num esforço para unificar as igrejas. Isso é feito por obreiros voluntários.
Moon divide a história em três dispensações teológicas: a do Antigo Testamento, a do Novo Testamento e a “Era Completa”. Esta última é o tempo quando a humanidade será totalmente redimida. O livro Princípio Divino proporciona informações reveladoras sobre este período.
A teologia fundamental da Igreja da Unificação centraliza-se na doutrina da redenção física. Como já foi mencionado, Moon ensina que Cristo concluiu apenas parte de sua missão e foi interrompido por sua trágica crucificação. Jesus fracassou, porque não se casou; portanto, não estabeleceu o “casamento perfeito”, destinado a substituir o casamento imperfeito entre o Primeiro Adão e Eva. Desde que essa obra foi deixada incompleta pelo Segundo Adão, Jesus Cristo, um terceiro Adão era necessário, para completar esta missão.
A referida seita reluta em declarar publicamente que Moon é Terceiro Adão. Existem membros, entretanto, que o fazem abertamente. A quarta esposa de Moon, Hak Já Kan, foi considerada “mãe perfeita”, depois que as três primeiras “Evas” fracassaram. A seguir, algumas das doutrinas da Igreja da Unificação.
Deus – “Existe um único Deus vivo, eterno e verdadeiro, uma pessoa acima do espaço e do tempo, que possui perfeito intelecto, emoção e vontade, cuja natureza mais profunda é coração e amor (…) a fonte da verdade, beleza e bondade (…)” Deus é composto de “positivo” e negativo”, ou “masculino e feminino”, respectivamente. Deus é conhecido através da revelação geral de si mesmo na Natureza, bem como da vida de Jesus Cristo.
Entretanto, a Igreja da Unificação ensina que Deus não é trino: Pai, Filho e Espírito Santo. “Muitos cristãos parecem adorar três deuses: Pai, Filho e Espírito Santo(…) Eles não são monoteístas na fé e na prática”.
O Cristianismo muitas vezes foi acusado de adorar mais de um Deus, pelo Islamismo, judaísmo, testemunhas de Jeová e muitas outras seitas. A Igreja Primitiva, acusada disso pelos arianos, respondeu de forma definitiva no Credo Atanasiano:
“E a fé católica [universal] é esta: adoramos um único Deus em três pessoas e três pessoas em um único Deus, não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância. Pois existe uma pessoa do Pai, outra do Filho e outra do Espírito Santo. A Divindade, porém, do Pai, do Filho e do Espírito Santo é única: a mesma glória, a majestade eterna (…) Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Mesmo assim, não são três deuses, mas apenas um Deus”.
Na ideologia de Moon, Deus é uma “energia perpétua e autogeradora”, a primeira causa não causada de tudo o que existe e o caráter interior de todo o que se estabelece. Deus tem características masculinas e femininas, em completa harmonia umas comas outras e com o Universo. Afinal, os seres humanos, bem como todas as criaturas vivas dentro da criação, existem em uma coexistência bipolar e um relacionamento mútuo compartilhado.
Jesus Cristo – Desde que Deus existe na forma de um ser humano, dizer que Jesus é Deus, conforme é ensinado pelo Cristianismo, não é errado, segundo o ensino da Igreja da Unificação. Sua deidade, contudo, é inferior à de Deus, sendo Jesus chamado no Princípio Divino de “um segundo Deus”, mas não o próprio Deus [Deus teria criado outro Deus? Alguns aspectos da doutrina de Moon é parecida com a das testemunhas de Jeová. Estas dizem que Jesus é um deus – João 1.1 – Tradução do Novo Mundo]. Jesus, porém, é diferente de todos os outros seres humanos, pois estava isento do pecado original. Foi levantado espiritualmente na ressurreição, mas seu corpo permaneceu na sepultura. A nação escolhida o rejeitou e ele foi para a cruz sem ter construído o Reino de Deus na Terra. Ensina Moon, que mesmo assim, Jesus foi vitorioso sobre Satanás, através da sua crucificação e ressurreição, e assim tornou possível a salvação espiritual para os que renascem por intermédio dele e do Espírito Santo.
Jesus, em outras palavras, realizou a redenção espiritual para o mundo, mas a redenção física foi interrompida por sua crucificação precipitada. Além disso, Ele não se casou durante seu ministério terreno; portanto, falhou em tentar consertar os erros do Primeiro Adão e de Eva. Somente o Terceiro Adão, junto com a Nova Era, realizará a redenção física. [O ref. Roon seria esse terceiro Adão; e a sua atual esposa será a nova Eva. Onde está escrito isso? E quando esse casal morrer, qual será o novo casal a assumir o papel? Será um Quarto Adão e Quarta Eva?]
Esta redenção física tem um papel decisivo no conceito da Igreja da Unificação da Encarnação. Young Oon Kim expressa esta idéia da seguinte maneira:
“Por que Deus quis encarnar? Ele desejava participar plenamente da vida humana, sentir todas as nossas experiências. Procurou descobrir por si próprio o que significava viver num nível físico. Assim, poderíamos dizer que Deus criou o homem para ser o seu corpo”. [O deus de Moon é incapaz de conhecer as dificuldades de suas criaturas; é um deus limitado; não é onisciente, onipotente e onipresente; precisou encarnar para conhecer os homens].
O conceito de que Jesus não ressuscitou corporalmente, ou seja, que seu corpo permaneceu no sepulcro, enquanto seu espírito subiu ao Céu, foi ensinado no 2º e 3º séculos de existência da Igreja, pelos gnósticos dualista, O
Concílio de Calcedônia, em 451 d.C., reafirmou que as duas naturezas de Cristo são unidas “sem confusão, sem mudança, sem divisão e sem separação”. A Encarnação expressa esta união pessoal das naturezas de Cristo. Jesus ressuscitou em corpo e espírito, para redimir a raça humana tanto física como espiritualmente.
O Cristianismo nunca disse que Jesus fracassou em sua missão. Seus sofrimentos, morte e ressurreição foram atos supremos de Deus (Mc 8-10). Os primeiros sermões registrados em Atos também defendem a absoluta necessidade do sofrimento de Cristo (At 3.18; 4.10ss).
O principal contraste entre o Cristianismo e a Igreja da Unificação é de natureza cristológica. O conceito do |Terceiro Adão não é encontrado em algum lugar da Bíblia nem nos escritos das confissões eclesiais. Entretanto, devido às conclusões de Moon, não é difícil perceber a origem de tal doutrina. Uma vez que é feita uma separação entre carne e espírito, este ensino flui de forma lógica de uma mente criativa e fértil.
Espírito Santo – O Espírito Santo é a contraparte feminina do Pai. Para que haja uma família com filhos, é necessário a existência de um “verdadeiro Pai” e uma “verdadeira mãe”, e qual é o Espírito Santo que veio como a segunda Eva. Ela é a mãe dos filhos caídos que nascem de novo. Devido ao fato de o Espírito Santo ser essencialmente feminino, não podemos nos tornar a noiva de Cristo, a menos que recebamos o Espírito Santo.
Portanto, o Espírito Santo não é uma pessoa, no sentido de ser uma personalidade distinta dentro da Trindade. Ele é descrito como uma energia que se deriva de Deus e invade a alma. Outros grupos definem o Espírito Santo de forma similar. Por exemplo, as Testemunhas de Jeová entendem que o Espírito Santo é a “força ativa” do Criador. Como Deus, o Espírito Santo não tem forma corpórea e flui de Deus com raios de luz da sua fonte.
Moon ensina que o se humano é um “Deus encarnado”. Ao contrário desta teologia, o Cristianismo ensina que a pessoa não é Deus como, na qualidade de ser humano, não é perfeita e nem capaz de alcançar a perfeição nesta vida, seja como casada ou solteira. De acordo dom o texto de Hebreus 2.6-8, a humanidade foi criada “menor do que os anjos”. Primeiro, após a criação, a existência da raça humana é atribuída somente a Deus.
Pecado – Adão e Eva apaixonaram-se de forma ilícita e proibida. Portanto, seus descendentes foram produto da fornicação e cobiça.
Por pertencer ao primeiro Adão, a humanidade nasce falha. Agora Lúcifer assumiu o controle da terra, uma posição ocupada anteriormente pelo verdadeiro Pai da humanidade, o Deus Pai. Portanto, as pessoas opõem-se ao Criador e servem ao usurpador Lúcifer. Deus luta para reconquistar seu mundo e seus filhos.
O Cristianismo ensina claramente que o pecado original está diretamente ligado à desobediência. O primeiro casal recebeu liberdade e escolheu fazer o que Deus proibira. O desejo sexual descontrolado foi a conseqüência da desobediência.
Inferno – “Porque Deus não é o centro do pensamento humano, o inferno encontra-se em nosso planeta. Ele se transformará no reino do céu sobre a terra”.
A Bíblia faz alusão ao inferno como um lugar de tormento eterno depois da vida, para o diabo e seus anjos (Ap 20.13-15). O credo apostólico afirma que Jesus desceu ao Hades.
Salvação – Consiste em duas partes: espiritual e física. Jesus realizou a primeira, mas a cruz o impediu de concluir a segunda. Se a vida de Cristo prosseguisse, ele teria consumado a salvação completa. Este não foi o caso; portanto, a uma tarefa para o Terceiro Adão. O centro da soteriologia de Moon é o conceito do Terceiro Adão, como já foi mencionado. O Cristianismo não reconhece tal princípio.
Bíblia – De acordo com a Igreja da Unificação, as Escrituras do Antigo e Novo Testamento são o registro da revelação progressiva para a humanidade. A Bíblia não é a verdade em si, mas um livro que ensina a verdade e seu propósito é nos levar a Cristo, o qual é a verdade viva(…) a verdade é única, eterna e imutável, de forma que qualquer nova mensagem de Deus estará em conformidade com a Bíblia e somente a iluminará mais profundamente. Nestes últimos dias, Deus falará de forma diferente, para que a humanidade realize o que ainda não foi feito.
A última declaração é particularmente antagônica á posição católica sobre a revelação bíblica. Não é necessário que Deus traga uma informação “nova” ou mais relevante para hoje. Ele falou de forma definitiva através da Igreja, do “cânon sagrado da fé” e pelas Escrituras Sagradas.
Escatologia – A segunda vinda ocorrerá como foi a primeira. “Um homem e uma mulher perfeitos tornar-se-ão os verdadeiros pais espirituais da humanidade”. Os que os aceitarem e obedecerem, de acordo com o exemplo deles, serão herdeiros do reino de Deus. O dia já está próximo.
“E virá novamente em glória, para julgar os vivos e os mortos (…)” (Credo Niceno, apêndice I.). Esta é a esperança da Igreja. Jesus voltará como Governante, Juiz e Príncipe da Paz.
Em nenhum lugar da Cristandade há qualquer referência a Cristo acompanhado por uma “mulher perfeita”, para se tornar, junto com ela, “pai espiritual”.
Conclusão – O ver. Moon ainda realiza casamentos coletivos. As publicações da Igreja da Unificação são abundantes, onde as principais são: Princípio Divino (1957), Unification News e New York City Tribune. Recentemente, houve um boato de que o controvertido líder do culto investira quase 1 bilhão de dólares no jornal Washington Times, para transformá-lo num “instrumento para salvar a América e o mundo”.
Fonte: Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, de George A. Mather & Larry A. Nichols.
Transcrição: Pr. Airton Evangelista da Costa, autor das observações entre colchetes [].
28.09.2010.
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