Fonte: http://www.geocities.com/torredevigia/
medicos.htm#Alumínio
A descrença da Sociedade Torre de Vigia na correlação entre bactérias e vírus e as enfermidades humanas levou-a a especular sobre suas ‘reais’ causas. A culpa acabou por ser atribuída aos utensílios de cozinha, fabricados em alumínio. Dizia-se que este material – não as bactérias – contaminava os alimentos e causava toda sorte de doenças. Pouco a pouco esta tese adquiriu caráter fundamentalista, retratando-se o alumínio como metal ‘satânico’ e assassino de milhões.
Tudo começou em 1926, quando o dentista prático e membro da igreja presbiteriana, Charles Betts (nascido em Ohio – EUA) publicou uma matéria condenando o alumínio. Tempos depois, ele foi desmascarado como charlatão. Desta época até o final dos anos 60, a Sociedade Torre de Vigia endossaria plenamente a tese de Betts, devotando nada menos que 130 artigos à campanha de combate ao alumínio. A edição de 12 de Setembro de 1934, pág. 771 (em inglês) de A Idade de Ouro dizia ser ela a primeira revista a dar “ampla publicidade a esta matéria” – a maravilhosa descoberta do Dr. Betts, a quem equivocadamente a revista conferia o título de médico, pois não há qualquer registro dele em uma universidade. Examinemos agora alguns artigos típicos desta época:
“Quantos pais e mães cairão doentes; quantos bebês assassinados até que as autoridades tomem uma providência quanto a isso e evitem este massacre desnecessário?”
– Artigo de A Idade de Ouro de 1929 (em inglês, de autoria de C. Woodworth)
“Evite o uso de utensílios de alumínio…. pois eles são perigosos à sua saúde, envenenando sua corrente sanguínea…”
– A Idade de Ouro de 12/11/1929, pág. 107 (em inglês)
“Se você quer morrer, continue ingerindo alimentos cozidos com alumínio.”
– Artigo de A Idade de Ouro de 1928 (em inglês, de autoria de C. Woodworth)
“Como resultado da publicação de uma verdade salutar sobre o assunto, há cada vez menos pessoas adquirindo utensílios de cozinha de alumínio. Também há uma acentuada queda no índice de mortes por câncer. Muito alumínio usado: muitos casos de câncer. Menos alumínio usado: menos casos de câncer.”
– A Idade de Ouro de 28/5/1930, pág. 651 (em inglês)
“Alumínio orgânico também é um veneno”
– Artigo de A Idade de Ouro de 7/8/1929 (em inglês)
Esta última declaração revela ignorância técnica do assunto, já que a substância em questão – fosfato de alumínio – não é composto orgânico. A revista apenas copiou o erro de Charles Betts. Assim, A Idade de Ouro prosseguiu em sua cruzada contra o alumínio, atribuindo-lhe toda sorte de moléstia e intoxicação, apesar da completa ausência de base científica para isso. No final da década de 20, o Dr. Morris Fishbien – presidente da American Medical Association [Associação Americana de Medicina] e editor das duas publicações periódicas dessa associação, o Journal of the American Medical Association (JAMA) e Hygeia – publicou um artigo, no qual mencionava o resultado de todos os testes sobre o alumínio, realizados por conceituados institutos norte-americanos e ingleses. Em nenhum dos experimentos pôde-se demonstrar qualquer associação entre o uso de utensílios de cozinha em alumínio e qualquer enfermidade, muito menos o câncer. Outros cientistas também publicaram matérias expondo a futilidade de insistir com esta campanha. A resposta dos editores de A Idade de Ouro não tardaria a vir, e da pior maneira – a edição de 26 de Setembro de 1934, pág. 807 (em inglês) endossou o seguinte comentário:
O Jornal da American Medical Association é a folha mais vil que passa pelo correio dos Estados Unidos…. Nada que seja novo e útil em terapêutica escapa à sua condenação cega. Os seus ataques são geralmente ad hominem. As suas colunas editoriais são devotadas em larga medida ao assassinato das pessoas…. O seu editor [Morris Fishbien] é o tipo de Judeu que crucificou Jesus Cristo.
Assim, edição após edição, ataques pessoais e a instituições médicas assumiram o lugar dos argumentos cientificamente embasados. A revista A Idade de Ouro e sua sucessora – Consolação – passaram insinuar que todos os profissionais médicos defensores do alumínio estavam comprometidos com os grandes comerciantes do ramo. Era, pois, inevitável que estas publicações passassem a não ser levadas a sério pelos cientistas e institutos médicos de prestígio. Como resultado, a Sociedade Torre de Vigia acabou por receber um lugar de destaque entre os maiores nomes do charlatanismo médico na história – listados no clássico texto de Warner (1930).
Paralelamente, a Sociedade Torre de Vigia, passou a publicar cartoons extremamente hostis à Associação Americana de Medicina (AMA), como este, na edição de A Idade de Ouro de 8 de Setembro de 1937, pág. 771.
É certamente lamentável que os editores de A Idade de Ouro, no afã de manter sua doutrina, recorressem a insultos. Todavia, ante a falta de evidência, a Sociedade Torre de Vigia, gradualmente encerrou sua cruzada contra o alumínio e seus defensores, chegando até a chamá-lo, em uma edição de A Sentinela de 1969, de “um dos mais versáteis metais conhecidos do homem, pelo qual deveria ser grato ao Grande Criador, o qual o encravou primeiro na crosta da terra”. Estranhamente, nenhuma menção é feita do radicalismo com o qual, por décadas, a organização defendia uma postura totalmente oposta ao que agora afirmava.
Certamente ninguém veio a morrer por evitar utensílios de alumínio, atendendo aos apelos da Sociedade Torre de Vigia. Por outro lado, não se pode deixar de extrair deste caso uma demonstração do quanto a falta de modéstia e de cautela em emitir opiniões pode conduzir toda uma organização a um poço de inconsistências e falácias. A lição é clara: todos devemos ter prudência em questões fora de nossa área de conhecimento, especialmente em assuntos que envolvem a saúde humana. Os editores da revista A Idade de Ouro (atualmente Despertai!) não foram exceção. Caso tivessem tido a humildade necessária a todo leigo, episódios patéticos como este poderiam ter sido evitados.
Comentários do pastor Airton Evangelista da Costa:
Os seguidores dos “conselhos” da Sociedade Torre de Vigia já sofreram muito com as proibições, que tempos depois são suspensas sem maiores detalhes. Quantos morreram por causa da estúpida proibição das vacinas durante trinta anos? Quantos já morreram em decorrência da imbecil proibição de transfusão de sangue? Quantas “testemunhas” neste momento sofrem com medo de serem excluídas do “canal” de Jeová? Quantos largaram emprego e família para esperar o fim do mundo nos anos de 1914, 1918, 1920, 1925 e 1975? Quantos sofrem pela ruptura familiar?
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