O prato se apresenta delicioso. A comida é agradável e atende ao mais exigente paladar. O luxo das indumentárias multicoloridas e os altissonantes instrumentos dão um toque especial à festa. Os foliões se rejubilam e quase que ficam enlouquecidos, em êxtase alucinante. Convocados pelo rei, os súditos pulam, gritam e cantam até o raiar do dia.
“Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares” (Mt 4.9).
O rei oferece do melhor aos ouvidos e aos olhos, ao desvario das paixões, mas solta os leões na arena. Para a maioria, o convite é irrecusável. O sexo, à farta, é a iguaria mais procurada.
O produto da orgia é dantesco. Centenas de corpos mutilados; centenas de vidas ceifadas no trânsito louco; muitos, em coma alcoólico; famílias destruídas; imoralidade; nudez; jovens que se iniciam no consumo de drogas; homens e mulheres em ruína financeira. Sem murmurações, os submissos vassalos pagam o preço exigido. Na próxima temporada, querem mais, muito mais.
“O inferno e a perdição nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem” (Pv 27.20).
Um pequeno grupo se distingue da multidão por não participar da festa. Alguns até se recolhem em retiros espirituais, longe do clangor das trombetas. Fedem em suas narinas os humores e rumores da Babilônia festiva. São os que atendem ao chamado de outro rei, o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Deus sempre teve e terá essa reserva.
“Também eu fiz ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que se não dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou” (1 Rs 19.18).
Exemplar a decisão do jovem Daniel. Nabucodonosor mudou o seu nome e o seu vestuário, mas não pôde mudar o seu caráter e a sua fé. Rapaz inteligente, bem-apessoado, “instruído em toda a sabedoria”, com certeza era cobiçado por mulheres palacianas e plebeias. A mesa era farta; o vinho, convidativo.
“E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia” (Dn 1.8).
Felizes os que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus. E é que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.10-11).