A PERGUNTA a esse respeito é recorrente. O interesse de todos nós em sabermos como será a vida no mundo espiritual, no céu ou no inferno, é natural e compreensível. Reconheceremos familiares e amigos? Ficaremos tristes em razão dos múltiplos problemas da Terra?
A nova dimensão espiritual a ser experimentada e vivida pelos homens somente será conhecida na sua plenitude quando estivermos lá. É louvável o interesse do homem em conhecer detalhes sobre sua última morada. A verdade é que não temos respostas para todas as perguntas. Revelou-nos o Apóstolo Paulo que “agora, vemos por espelho em enigmas; mas, então, veremos face a face, conhecerei como também sou conhecido” (1 Co 13.12). Os espelhos da Antiguidade eram de bronze. Não havia precisão na imagem refletida. Tomo emprestado o pensamento do apóstolo para dizer o mesmo com relação ao mundo espiritual. Precisamos nos contentar com a revelação bíblica.
A Bíblia nos diz que tristeza, angústia, dor, desespero e coisas semelhantes não farão parte da vida dos que estão no céu: “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4. Ver Ap 7.17; Is 25.8).
Concernente à consciência, a Bíblia nos fala que “almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus” clamavam diante de do Trono (Ap 6.9). Essas almas estavam conscientes, porém não angustiadas.
O ladrão da cruz, que foi perdoado, iria inconsciente para se encontrar com Jesus no céu? Moisés e Elias, como a seguir explicitado, conversaram entre si e com Jesus de forma inconsciente? Não.
Estaremos inconscientes diante do Tribunal de Cristo, para recebermos galardões, recompensa ou repreensões (Rm 14.10; 2 Co 5.10; ver 1 Co 3.15)? Não. Se os convocados não estiverem conscientes, esse julgamento não será eficaz. Vejamos mais sobre o tema na resposta dada a um consulente:
Consulente: Iremos reconhecer familiares e amigos?
Resposta: Sim. Entendo que espírito é consciência viva. Na transfiguração, Pedro, Tiago e João reconheceram a Moisés e Elias [Pedro sugeriu a construção de três tendas: uma para Jesus, e as outras para Elias e Moisés]; e, naturalmente, estes reconheceram um ao outro, reciprocamente, pois eles falaram com Jesus (Mt 17.1-6). Moisés e Elias, provavelmente, ouviram a sugestão de Pedro. Na parábola do rico e Lázaro, o rico reconhecia a Lázaro e a Abraão. Através das parábolas Jesus ensinava realidades espirituais.
Consulente: Exemplo: Tenho um filho que faz trinta anos que não o vejo, como esta sua aparência eu não sei, mas como vou conhecer ele no céu…
Resposta: Somos infinitamente pequenos para conhecer os mistérios de Deus na sua plenitude. Só podemos ir até onde a Bíblia permite que avancemos. “As coisas encobertas são para o SENHOR, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre, para cumprirmos as palavras desta lei” (Dt 29.29).
Consulente: Isaias 65.17 diz que das coisas passadas nem mais se recordarão, mas vejo Pastores dizem que nós vamos nos conhecer lá no céu.
Resposta: A Bíblia ensina que ao separar-se do corpo a alma sobrevive e permanece num estado consciente de conhecimento. Portanto, quando a Bíblia fala em silêncio, esquecimento, descanso está se referindo à situação do corpo na sepultura, uma vez que a Palavra não pode contradizer-se. Os textos citados podem ser esclarecidos unicamente através do exame de Eclesiastes 9.5: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma; a sua memória ficou entregue ao esquecimento”.
O próprio Salomão explica onde se dá essa falta de memória dos mortos. Vejam: “Tudo o que te vier à mão fazer, faze-o conforme as tuas forças, pois na sepultura, para onde vás, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (v.10). Então, a palavra se refere ao corpo morto, inconsciente, que não mais terá qualquer atividade “debaixo do sol” (Ec 9.6), na terra, mas com certeza saberá o que estiver ocorrendo no céu (cf. Lc 16.19-31; 2 Co 5.8; Ap 6.9).
21.09.2012
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