A existência de Satanás

Comentário: Pastor Walter Borges

A Existência de Satanás, e sua personalidade.

1. Sua existência. Para a ciência, a existência de Satanás é questão aberta; ela não tem elementos para provar que ele existe nem que não existe. A Bíb1ia porém é claríssima em re1ação ao assunto. Segundo o seu testemunho, há um ser real e pessoal que se chama “o Diabo” e “Satanás”. Consu1tar Jó 1:6-12; Zac.3:1,2; Mat.4:1-l1; 13:19,39; Luc.10:18; At.5:3; IPed.5:8.

2. Sua personalidade.

A Bíb1ia enfatiza a personalidade de Satanás. Diz que ele é não somente a fonte do mal, mas a própria personificação do mal. As provas de sua personalidade são abundantes, as quais apresentaremos resumidamente em seguida.

a. O uso de pronomes pessoais referentes a Satanás, Jó1:8; 2:1,2; Za.3-2.

b. Em e1e possuir os elementos de uma personalidade, como sejam inteligência, II Cor.2:11; Ef.6:11; memória, Mat.4:6 (citando passagem do V.T); conhecimento, Apoc.12:12; vontade, Isa.14:12,l3; 1 Tim.2:26; emoções Luc.22:31; 1 Tim.3:6, etc.

c. Era lhe serem atribuídas ações que só à pessoas tais como falar, Jó1:9,10; Mat.4:11; tentar, Mat.14:3; 1 Cor.7:5; 1 Tess.3:5; acusar,

Apoc.12:10; Jó 1:9-11; Fazer milagres Ex.7:11; II Tess.2:9, e poder receber possível castigo. O que é abstrato não pode ser castigado.

3. O Estado Original de Satanás.

Pelo ensino de várias passagens, torna-se claro que Satanás não foi sempre a criatura decaída, depravada, como aparece no jardim do Édem. Com base nas Escrituras, estudemos.

1. A Origem de Satanás. Levando era conta o caráter santo e justo de Deus, temos de concluir que E1e não criou um ser que fosse essencialmente e originalmente mau, como Satanás no

2. Seu estado atua1, Deut.32:4; Mat.7:17,18. Portanto é incríve1 pensar que Deus tenha criado o diabo, embora saibamos que E1e criou o ente mais tarde se tornu o Diabo, Col. l:16; Jo.1:1-3; Ef.3:9; Ezeq.28:13,l5.

Um dos poucos passos bíblicos que derramam luz no que respeita à ori­gem e ao pecado de Satanás é Ez:28:11-19. O outro é Isa.14:12-20.

Os comentadores são quase unânimes em afirmar que o personagem exaltado e celestial de Satanás, Ezequiel designa-o por um título celeste. b) Ezequiel vê a carreira de satanás no sentido prospectivo, isto é, do princípio para o fim; Isaías, pelo contrário, vê a sua carreira no sentido inverso, retrospectivo, do fim para o começo. c) Como temos notado, a pes­soa que estava por trás do “Rei do Tiro”, em Ezeq.28:11-19, era aque1e que ora chamamos Satanás. O mesmo só pode afirmar com respeito a pessoa que se acha por trás do Rei da Babilônia, em Isaias 14. Tiro era símbo1o de comércio, como Babilônia, o era de Re1igião Mudana. Tiro representa o lado materia1 da atividade satânica; Babilônia, o lado espiritual.

1. Da mesma forma que Cristo, por causa das características sobrenaturais que lhe são atribuídas, é distinto de Davi nos Salmos Messiânicos, assim também o indivíduo que se descreve nesses trechos é distinto dos reis de Tiro e de Babilônia de então.

2. As perfeições originais de Satanás. Ez:28:12-17.

Satanás tinha: plenitude de sabedoria, v.12; perfeição em formosura, vs.12,17; natureza santa, v.14; conduta perfeita, v.15, antes da sua queda.

3. A posição original de Satanás.

A. Satanás foi a mais alta de todas

as inteligências criadas por Deus. A posição e suas prerrogativas parece que estavam de acordo com o lugar que lhe foi dado no universo, e de conformidade com as suas capacidades.

E1e era um “querubim ungido” Deus o estabeleceu nesse ofício, v.14. Satanás ocupou tal posição, não porque merecesse, mas simplesmente por vontade de seu Criador e Soberano.

No Velho Testamento, só os profetas, reis e sacerdotes eram ungidos. Satanás também era ungido, e exercia todas essas funções. Profeta – Ez.28:13; cf.Ex.28:17-20 sacerdote – Ez.28:18; rei – Isa.14:13; Ez.28:17.

B.O domínio original de Satanás. Vejam-se os vs.13,14. Satanás foi criado para ser o guarda e protetor do trono do A1tíssimo. E1e estava “no monte santo de Deus”. Montanha simboliza poder, governo eterno, trono de Deus. Vide Sal.48:1; 68:15; Isa.2:2. Satanás tambm dirigia a adoração do anjos á Deus, v.13. Estava no Édem, mas não o Édem de Gen.3. Provavelmente temos aqui referencias à criação primitiva, que tem semelhança com a nova Jerusalém.. Tudo indica que Satanás tinha posição de muita autoridade.

C. A Queda de Satanás.

1. A causa da queda.

a. O orgulho, Ez.28:17. Em vez de ficar conformado com a posição que tinha e de achar a alegria e o gozo da sua vida na contemplação das excelências divinas, preocupou-se com a sua própria beleza, I Tm3:6; Prov.16:18.

b. Ambição condenáve1. Isa.14:12,14. Quando Satanás disse que iria ser seme1hante ao Altíssimo, tornou-se culpado de traição e iniciou uma rebelião contra o governo de Deus. E1e quis conquistar para si a mais alta e sublime posição celeste: direitos reais tanto no céu como na terra, reconhecimento do seu messianado, a glória que só pertence a Deus e a semelhança do Altíssimo.

Notemos que Satanás não disse que não farei a minha vontade de Deus, mas: “tenho um plano melhor, executarei o meu plano, farei a minha vontade”.

2. O resultado da queda.

a. O querubim ungido tornou-se o primeiro pecador, 1 Jo.3:8.

b. Satanás tornou-se o autor, o cabeça, a fonte e o disseminador do pecado, João 8:44.

c. Satanás deixou de permanecer na verdade e, consequentemente, o pecado tornou-se a sua natureza inerente, seu ambiente o gôzo, 1 Jo.3:8; João 8:44.

d. Sua sabedoria corrompeu-se Ezeq.28:17.

e. Está sob condenação, 1 Tím.3:6. Satanás

será expulso dos céus, Ez. 28:16,17; sua destruição está determinada, Isa.14:12-17; Ez.28:16; Apo.20:1-3, 7-10.

D. A presente habitação de Satanás.

Segundo o ensino das Sagradas Escrituras, Satanás não esta limitado a nenhum lugar.

1. O Diabo tem acesso aos céus, Jo.1:6,7; 2:1,2; Luc.10:18; Apo.12:7-10.

2. E1e habita nas regiões celestiais, Ef.6:11,12.

3. E1e opera aqui na terra, Jo.1:7; 1 Ped.3:8.

E. A presente posição de Satanás.

Deus “suporta com longanimidade os vasos de ira preparados para a per­dição”, Ro.9:22.

Exs.: o mundo ante diluviano, Israel, Satanás. Deus não 1ançou Satanás imediatamente no lago de fogo; está-1he permitindo um perí­odo de liberdade. A elevada posição de Satanás, verifica-se pelo seguinte:

1. Sua posição é de exa1tação e honra, Judas v.6.

2. Sua posição é de autoridade e senhorio, Ef.2:2; Mat.12:26,29 Jo.12:31; 14:30; 16:1; II Cor.4:3,4; II Tess.2:3,4; Rom.6:16; At.26:18; Heb.2:14.

F. O caráter de Satanás.

O caráter de Satanás se nos revela de duas maneiras:

1. Pelo significado de seus nomes e títulos, que são:

a. Satanás. por cinquenta e duas vezes, a pessoa angelical que estamos estudando se chama Satanás. O nome quer dizer “aquele que odeia”, inimigo, adversário, Zac.3:1; I Ped..5:8; Num.22:22; Luc.10:18. E1e odeia a Deus como ao Seu povo; é o inimigo de Deus e o adversário dos homens. Nesse título, vemos o traço marcante de todo o seu trabalho.

b. Diabo. Aparece este nome trinta e cinco vezes para designar a pessoa de Satanás, e quer dizer acusador, caluniador. Êle acusa aos santos dian­te de Deus, Jó 1:9, e diante dos homens ca1unia o caráter de Deus,Gen.3:1-7; Apoc.12:7-

10; Mat.4:1; 13:39; João 8:44.

Diabo é a tradução portuguesa da palavra hebraica “sair”, que vem a si­gnificar bode cabeludo. Bode, na Bíblia, tipica tudo que seja infame, corrupto. Ainda significa espoliador, aquele que mancha, desarranja, contami­na tudo o que toca.

c. Príncipe das potestades do ar, Ef.2:2; 6:12.

Esse título fala do lugar que é a sua atual habitação e esfera de operações.

d. Príncipe deste mundo. João 14:30; Ez.28:11-l9; João 16:11. Esse título, Satanás possui legitimamente. Na tentação, Cristo reconheceu a au­toridade dele. Não nos
esqueçamos, porém, de que Cristo, por sua morte, arrancou da mão de Satanás o cetro da autoridade. Ao fim da presente época Satanás perderá também o seu principado.

e. Deus deste sécu1o. Veja-se IICor.2:4; Rom.6:16; IITess.2:3,4. E1e é chamado deus deste sécu1o, por ser inspirador e diretor de toda religião espúria, fa1sa.

f. Abadon ou Apo1ion, Apoc. 9:11. É o destruidor.

g. Outras palavras que o designam: Belzebu – Mat.12:25; príncipe dos demônios; o maligno, Mat.13:19 descreve-lhe o caráter; dragão – Apoc.12:9 (que salienta o seu poder nocivo; belial – II Cor.6:15, que fa1a de sua vileza; serpente – Apoc.l2:9 (aque1e que brilha e que é cheio de dolo. Aqui, ele é visto na sua capacidade mais perigosa; tentador – Mat.4:3.

2. Pelo ensino direto da Bíblia

a) A Bíblia o descreve como sendo astucioso e sutil. Notem-se II Cor. 2:11; Ef. 6:11, 12; 4:14; II Tess. 2:9, 10; Apoc. 13:11-14; Mat. 24:24.

b) A Bíblia dá-o como sendo por natureza perverso e maligno. Vejam-se as seguinte passagens: I Jo. 9:19; Mat. 5:37; I Jo. 3:8; Jo. 8:44; II Cor 4:4; Lucas 8:12

G. O trabalho de Satanás.

É lei de interpretação bíblica que a primeira menção que a Palavra de Deus faça de uma coisa determina em grande escala a significação dessa mesma coisa, através das Escrituras. Vê-se uma ilustração desse fato, no que diz respeito a Satanás. A primeira vez que ele surge ante nossos olhos no Sagrado Volume logo revela o seu verdadeiro caráter, a esfera em que ele atua e os métodos que ele emprega. Sua autileza transparece no ele usar uma serpente para aproximar-se de nossos primeiros pais; sua covardia em assaltar a mulher antes que ao homem; sua natureza má, em ele mentir à mulher e buscar-lhe a ruina; seu caráter de tentador, em capturar a sua vítima por meio de uma isca atrativa (Sereis como Deus); sua esfera de operações em incitar Eva a cometer, não um pecado moral mas um pecado espiritual – a transgressão de um mandamento de Deus; seu verdadeiro objeto de ataque – a Palavra de Deus: “É assim que Deus disse”?.

Os métodos de posição de Satanás seguem dois planos.

1) A obra de antecipação e oposição.

2) A obra de imitação e perversão.

Satanás origina pecado, Gen. 2:1-6; causa aflição, At. 10:38, morte, Heb. 2:14; João 8:44; atrai para o pecado, I Crôn. 21:1; Mat. 4:1-10; fascina os homens, I Tim. 2:17; João 13:27; cega as mentes, II Cor. 4:4; destroi a verdade nos corações dos homens, Mar. 4:15; Luc. 8:12; Mat. 13:19; acusa os crentes, Apoc. 12:9; opõe-se àqueles que estão no serviço de Cristo, II Cor. 12:7; Zac. 3:1; Dan. 12:13; ciranda os crentes , Luc. 22:31.

H. O destino futuro de Satanás.

As Escrituras mostram que Satanás alimenta esperanças de vitória, mas também demonstram que a sua derrota é indiscutível, enquanto traça o seu declínio. Satanás foi afastado de sua posição de querubim ungido, Ezeq. 28: 16 está sob maldição perpétua, Gen. 3:14-15;

é um inimigo conquistado, João 12:31; 16:8-11; João 3:8; Col. 2:15; será lançado no segundo céu abaixo, Apoc. 12: 7-12; será amarrado e lançado no abismo, onde passará mil anos, Apoc. 20:1-3; depois será solto por um pouco tempo, sendo após, jogado definitivamente no lago de fogo, Apoc. 20:3, 7-10, donde não mais sairá.

I. Qual deve ser nossa atitude para com Satanás.

Exige-se do crente que ele encare um inimigo que governa o mundo, e que, com todo o seu reino e poder, procura destruir e manchar aquela vida que é divina em sua origem. A revelação que temos da presente posição de Satanás

é seu poder deve desarmar o crente de qualquer confiança própria, com respeito as suas habilidades para uma contenda bem sucedida com tal inimigo.

As Escrituras apresentam certos requisitos e condições que são essenciais à ressente vitória do crente sobre Satanás, sumarizados como seguem:

1. O crente deve lançar mão do seu direito de Redenção.

Esses direitos o crente tem em Cristo Jesus, que morreu para destruir as obras do diabo e tornar nulo e vão o seu poder, Ef. 6:16; Heb. 2:14; Col. 2:15; Apoc. 12:11; I João 3:8

(na Versão Brasileira).

5. O crente deve apropriar-se de completo equipamento.

Nós devemos vestir-nos de toda a armadura de Deus, para que possamos estar firmes contra as astutas ciladas de Satanás, Ef. 6:11-18, V.B.

O crente deve manter estrito auto-controle.

6. O crente deve exercitar-se na vigilância.

O fato da existência, atividade e poder de Satanás deve fazer-nos prudentes e vigilantes, I Ped. 5:8 (V.B.) cf. II Cor. 2:11.

O crente deve fazer resistência.

Resistindo ao diabo, no poder de Deus, teremos vitórias certa, Tia. 4:7; I Jo. 2:14.
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“Que Deus nos conceda que possamos concordar plenamente nessas coisas que são necessárias para Sua glória e para a salvação da igreja; e que, nas outras coisas, se não puder haver harmonia de opiniões, que haja ao menos harmonia de sentimentos, e que possamos guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz”.

James Arminius

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