Tesoureiro de Jesus Envolvido em Corrupção

A corrupção envolvendo tesoureiros de campanha vem de épocas remotas. O convívio diário com as moedas parece criar vínculos e desejos pervertidos.
Há dois mil anos, um tesoureiro, que tem seu nome registrado na história dos grandes traidores, cedeu à tentação de multiplicar seus bens por meios desonestos. Ele administrava com total liberdade as doações recebidas dos simpatizantes do movimento. Regra geral, os chefes de tesouraria são pessoas de inteira confiança. Judas Iscariotes não fugia à regra. Era o “responsável pela bolsa de dinheiro”; fazia todos os pagamentos; controlava receitas e despesas.
Embora Jesus soubesse desde o início que seu tesoureiro era um adversário (Jo 6.70), optou por continuar com ele até o fim. O mais importante para o Mestre era cumprir sua missão até o Calvário. O relacionamento com Judas continuou o mesmo, não porque Jesus tivesse algum receio de que, uma vez expulso, seu tesoureiro desonesto se transformasse em delator ferido. Jesus não tinha “rabo preso”. Sabia que o mal por si se destrói e que o traidor sofreria amargo castigo.
Os maquiavélicos preferem as sombras da noite; aparecem pouco na mídia e trabalham na surdina. Iscariotes se sentia confortável em sua função de depositário infiel, pois “quem ama o dinheiro nunca se fartará de dinheiro” (Ec 5.10). Nunca foi de manifestar de forma explícita sua fé, sua adesão incondicional à causa do Mestre. Não posso afirmar que tenha sido um sorumbático iracundo. Mas posso afirmar que era avarento (Mt 26.14-15), hipócrita (Jo 12.5-6) e ladrão (Jo 12.6).
Na única vez em que falou sobre algo significativo, o tesoureiro do colégio apostólico demonstrou ser um mercenário. Quando Maria ungiu os pés de Jesus com “uma libra de nardo puro, um perfume muito caro”, mais ou menos a terça parte de um litro, o tesoureiro protestou: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e não se deu aos pobres?” (Jo 12.3-5). Seus motivos não foram filantrópicos, “mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (Jo 12.6).
Judas procurava um meio de aumentar mais e mais sua riqueza. Um abismo chama outro abismo e os olhos dos maus nunca se fartam (Sl 42.7; Pv 27.20). Que tal trinta moedas de prata de uma só vez para aumentar o patrimônio? Melhor do que o pinga-pinga de um “mensalão”! O dinheiro seria suficiente para comprar um campo em área nobre de Jerusalém. Investir em imóveis ainda é uma razoável saída para lavagem de dinheiro.
A maracutaia teve origem quando o tesoureiro “foi ter com os príncipes dos sacerdotes”. Convém que se estabeleçam relações amistosas com os régios palacianos. Judas, como um bom mercenário, conhecia o caminho das pedras. Desde que o ilícito produza bons resultado$, a elite palaciana aceita qualquer negócio. O tesoureiro foi à pessoa certa, na hora certa. Isto é, falou em dinheiro com quem tem dinheiro. Acertaram o preço da corrupção: trinta moedas de prata. Judas deve ter pensado; “Esse dinheiro caiu do céu”.
Recebido o dinheiro da traição e do suborno, cabia-lhe cumprir o pacto. Muitas vezes a traição vem da parte daqueles que nos rodeiam e nos abraçam; que se desmancham em sorrisos e palavras de sincera lealdade. É possível que os governantes concordem comigo. Mas com Jesus foi muito diferente, porque o Mestre sabia de tudo. Não estava ao redor dele uma blindagem para que não tivesse conhecimento do que estava por acontecer.
Jesus recebeu o beijo da traição e entregou-se pacificamente aos seus algozes. O tesoureiro seguiu o caminho que já estava determinado: “Em verdade o Filho do homem vai, como acerca dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído” (Mt 26.24).
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04.07.2005

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