Somos conselheiros ou Terapeutas?
Autor(a): PROF. JOSIAS DOS SANTOS BATISTA JUNIOR
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Mestre em Teologia, com área de concentração em Teologia Sistemática, pela FTBSP (Faculdade Teológica Batista de São Paulo) e Bacharel em Teologia pela FAESP (Faculdade Evangélica de São Paulo). E-mail: [email protected]
RELATÓRIO DE LEITURA SOBRE: PSICOTERAPIA X ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO, do artigo passado na aula de Aconselhamento Pastoral da FTBSP (Faculdade Teológica Batista de São Paulo)
INTRODUÇÃO
No dia-a-dia de um conselheiro, ele acaba atendendo variados tipos de pessoas e consequentemente de problemas. Estas variações o levam a atuar de formas diferentes, pois afinal, são pessoas diferentes e problemas diferentes, exigindo maneiras diferenciadas de trabalhar com os aconselhandos. Muitas vezes isto leva o conselheiro a chamar todo e qualquer trabalho seu de “aconselhamento”, porém, a realidade é que não é!
Há várias diferenças entre “Psicoterapia” e “Aconselhamento Psicológico”. Na verdade, essas diferenças são difíceis de ser detectadas com precisão, pois a linha que separa os dois é muito fina e é preciso muita atenção para que se possa vê-la. Contudo, partindo do artigo “Psicoterapia X Aconselhamento Psicológico”, procuraremos mostrar algumas definições sobre ambos, chegando a uma leve diferenciação, apesar de suas grandes semelhanças.
I. A DEFINIÇÃO DE ACONSELHAMENTO
O aconselhamento, normalmente, é um processo orientado pelo aprendizado, realizado em um ambiente social simples de um para um, ou seja, o conselheiro e o aconselhando. Este conselheiro, que deve ser uma pessoa competente, isto é, com habilidade e conhecimentos psicológicos relevantes, dará assistências ao cliente através de métodos apropriados à necessidade deste.
O objetivo do conselheiro é que seu cliente se torne um membro mais feliz e produtivo na sociedade. Para que tal seja alcançado, o aconselhamento parte de um relacionamento face a face, com o alvo de ajudar o cliente a “aprender” ou “adquirir” novas habilidades que o capacitem a enfrentar e ajustar-se às situações da vida. É como se fosse um trabalho de “ajustes”, e não de “reforma” ou “reconstrução”.
O foco central no aconselhamento é ajudar a pessoa a alcançar seu “potencial” ou “desenvolvimento máximo” e funcionar plena como pessoa. Assim, no aconselhamento, partimos de uma personalidade já estruturada, mas que apenas necessita de alguns “melhoramentos”.
O aconselhamento visa, com isto, ajudar indivíduos a superar obstáculos ao seu crescimento pessoal e a alcançar o máximo desenvolvimento de seus recursos pessoais.
II. A DEFINIÇÃO DE PSICOTERAPIA
A psicoterapia já é o processo pelo qual um terapeuta assiste/ajuda a “reorganizar” a personalidade de uma pessoa. É como se fosse um trabalho de “reconstrução” ou “reforma” psicológica do aconselhando.
Também é objetivo da psicoterapia ajudar o cliente a assimilar “insigthts” no seu comportamento diário. Este alvo permite ao aconselhando relembrar momentos traumáticos e reeducar-se diante dos fatos ocorridos, para não ficar improdutivo quando situações semelhantes ocorrerem.
A psicoterapia visa tornar a pessoa em uma realizadora, alguém que gosta de si mesmo e dos outros como pessoas e não como coisas, e que transformaram sua auto destrutiva manipulação em potencial de auto realização. Para isto, o psicoterapeuta faz uso da conscientização, levando a pessoa a perceber que só ela poderá ajudar-se.
III. DIFERENÇAS E SIMILARIDADES
Nem todos os terapeutas entendem que haja diferenças entre aconselhamento e psicoterapia. Mas, partindo do que foi exposto, poderíamos dizer que existem diferenças sutis sim. Leona Tyler, por exemplo, afirmou que “para se remover problemas psíquicos e mentais ou livrar de limitações não é trabalho do conselheiro, mas do terapeuta que visa essencialmente a mudança ao invés de realização”.
1) Diferenças
Uma das maiores distinções entre aconselhamento e psicoterapia é o “foco”. No aconselhamento, o conselheiro vai focar o “aqui e agora” – situações da realidade. Na psicoterapia o terapeuta vida o “inconsciente” e o “passado”. Ele procura uma conexão do passado com problemas não resolvidos que agora se apresentam no mundo real.
O aconselhamento enfatiza o “normal”. Pode-se classificar de “normais” os que não possuem problemas “neuróticos” mas que se formaram vítimas de pressões do “ambiente externo”. A ênfase da psicoterapia no entanto é nos “neuróticos” ou outros problemas emocionais sérios. O aconselhamento pode ser descrito como “solucionador” de problemas contemporâneos, sendo que a psicoterapia é mais “analisadora” de problemas históricos.
O prazo de tratamento também difere entre aconselhamento e psicoterapia. O aconselhamento é sempre mais curto que a terapia. Como a psicoterapia é mais uma “reeducação” compreensiva do cliente, a intensidade e o tempo da terapia dependem de como o cliente lida com todas as novas informações. Um aconselhamento, por exemplo, é feito em uns poucos encontros com o aconselhando, enquanto a terapia pode durar de 2 a 5 anos (sabe-se de casos que demoraram até mais).
Uma sessão de aconselhamento geralmente ocorre em local “não-médico”, como um escritório. Já a psicoterapia é um termo usado para tratamento em ambiente “médico”, como uma clínica ou hospital.
O aconselhamento desenvolve um relacionamento pessoal com o cliente, mas ele não permite nem estimula fortes sentimentos de “transferência” como faz o psicoterapeuta. Os conselheiros também encaram a resistência como algo oposto ou que vai contra a solução do problema, e tenta reduzi-la ao máximo. O psicoterapeuta, no entanto, acha a resistência muito importante. Se o terapeuta consegue compreender a resistência do seu cliente, ele poderá saber ajudar o cliente a mudar sua personalidade.
2) Similaridades
Em primeiro lugar, os dois são similares porque cada cliente traz consigo as vantagens, habilidades, possibilidades e a força que precisará para a terapia..
Em segundo lugar, são similares porque ambos usam uma abordagem eclética. Não usam um único método mas fazem uso de diferentes técnicas.
O aconselhamento e a psicoterapia chegam a ser idênticos nos aspectos “essenciais”. A “natureza do relacionamento”, que é considerado básico, essencial, tanto no aconselhamento como na psicoterapia é idêntica! A natureza de ambos é o sentimento de “ajuda psicológica”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Parece que a maior diferença entre aconselhamento e psicoterapia é o “tempo” focado em cada abordagem dessas. Enquanto o aconselhamento basicamente lida com situações de “realidade”, a psicoterapia foca o “passado” inconsciente da pessoa.
O aconselhamento ajuda o indivíduo no “desenvolvimento” de competência para lidar com as situações da vida, enquanto a psicoterapia é a “organização” total da personalidade do indivíduo. Então, o conselheiro lida com problemas de “ajustamento” enquanto o psicoterapeuta lida com “problemas não resolvidos” do passado da família de origem.
Enfim, no fim do artigo, chegou-se à conclusão que há diferenças entre os dois!