Papa diz que a sua igreja tem o monopólio da verdade

Resumo da declaração assinada pelo cardeal americano William Levada, e aprovada por Bento XVI, em 29 de junho:

1 – Quem não é católico não está na verdadeira igreja
2 – Cristo estabeleceu na terra apenas uma igreja, a católica.
3 – A igreja dos protestantes não pode ser chamada de igreja, pois não tem sucessão apostólica.
4 – “As igrejas e comunidades separadas não são desprovidas nem de valor nem de importância no mistério de salvação. O Espírito de Cristo não deixou de usá-las como instrumentos de salvação, cujos valores derivam dessa plenitude de graça e de verdade que foi confiada à Igreja Católica”.

A declaração do chefe da Igreja Católica não causa nenhum abalo no meio protestante. Sua fala é dirigida ao seu rebanho. Outros documentos já foram elaborados na mesma linha de raciocínio. A declaração papal apenas ratifica posições anteriores. E não poderia ser de outro modo. O Código de Direito Canônico, cânon 333, parágrafo 3, declara: “Não há apelação ou recurso contra uma sentença ou decreto do pontífice romano”. Em outras palavras, as declarações anteriores não podem ser revogadas, a menos que se revogue, primeiro, o dogma da infalibilidade.

A presente declaração, como as anteriores, não altera o curso da sangria na igreja católica, pelo menos a partir da situação brasileira. O kit Vaticano-Brasil incluiu a visita do Papa, com cobertura recorde na mídia; a eleição de um santo brasileiro para atender a demanda local, e agora o documento oficial de repulsa às comunidades que rejeitam a orientação vinda de Roma.

Apesar desses expedientes, que surgem em momentos de tensão, a ascensão da igreja protestante continua. A ICAR teve uma ótima oportunidade de fazer mudanças por ocasião da Contra-Reforma, mas não o fez. Empenhou-se mais ainda na adoração de pessoas falecidas, na continuação de doutrinas não apoiadas pela Bíblia Sagrada, por exemplo, o purgatório, infalibilidade do papa, santos mediadores, adoração de imagens, o papa como vigário de Cristo, presença real de Jesus na eucaristia, dogmas marianos. Isto é, afastou-se progressivamente da verdade bíblica. Colhe na fase atual os frutos de sua semeadura.

Convocado pelo papa Paulo III, o Concílio de Trento (1545-1563) condenou com anátemas todas as teses reformistas dos protestantes acerca da Fé Católica e dos Sacramentos. Vejamos alguns dos cânones.

“Cân. 1. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não foram todos instituídos por Jesus Cristo Nosso Senhor, ou que são mais ou menos que sete, a saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio; ou que algum destes sete não é verdadeira e propriamente sacramento — seja excomungado”.

“Cân. 4. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não são necessários para a salvação, mas supérfluos; e que sem eles ou sem o desejo deles, só pela fé os homens alcançam de Deus a graça de justificação — ainda que nem todos [os sacramentos], seja excomungado”.

“Cân. 3. Se alguém disser que na Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas, não reside a verdadeira doutrina acerca do sacramento do Batismo — seja excomungado”.

Portanto, os protestantes foram excomungados há cinco séculos. Excomungar é pena eclesiástica que significa “amaldiçoar”, “esconjurar”, “condenar”, “reprovar”.

Em 1º de novembro de 1215, iniciou-se o IV Concílio de Latrão convocado pelo papa Inocêncio III através da Bula Vineam Domini Sabaoth, de 10 de abril de 1213. Nele, os hereges são apresentados como os que devem ser combatidos por suas “doutrinas insensatas, fruto de uma cegueira provocada pelo pai da mentira. Suas heresias estão dirigidas contra a fé santa, católica e ortodoxa, sendo um perigo para a unidade da fé da cristandade”. Diz mais:

“Condenamos a todos os hereges sob qualquer denominação com que se apresentem; embora seus rostos sejam diferentes, estes se encontram atados por uma cola, pois a vaidade os une”.

“Assim como o diabo e os demônios, criados por Deus naturalmente bons, pela vaidade foram expulsos do paraíso, também por causa da vaidade os hereges devem ser expulsos do convívio social. Os condenados por heresia devem ser entregues às autoridades seculares para serem castigados. No caso de clérigos, deverão ser desligados de suas Ordens. Quanto aos bens, serão confiscados”.

Da Encíclica Moratlium Ânimos, de 10.01.1928, do papa Pio XI, vejam algumas diretrizes do tópico “a única maneira de unir todos os cristãos”;

“Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos porquanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo [grifo nosso], dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela”.

“Pois se, como repetem freqüentemente, desejam unir-se Conosco e com os nossos, por que não se apressam em entrar na Igreja, “Mãe e Mestra de todos os fiéis de Cristo?” (Conc. Later 4, c.5)”?

“Aproximem-se, portanto, os filhos dissidentes da Sé Apostólica, estabelecida nesta cidade que os Príncipes dos Apóstolos Pedro e Paulo consagraram com o seu sangue; daquela Sede, dizemos, que é “raiz e matriz da Igreja Católica” (S. Cypr., ep. 48 ad Cornelium, 3), não com o objetivo e a esperança de que “a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade” (1 Tim 3,15) renuncie à integridade da fé e tolere os próprios erros deles, mas, pelo contrário, para que se entreguem a seu magistério e regime” [grifo nosso].

O “infalível” papa Pio XI não usou de meias palavras para expressar o pensamento do Vaticano com relação aos não católicos. Em resumo, disse que só fazem PARTE do Corpo de Cristo os que reconhecem e acatam o poder do Papa, como legítimo sucessor de Pedro. Disse mais, de forma inequívoca, que a união dos cristãos só será possível com o retorno dos irmãos separados ao catolicismo.

Dominus Iesus

Vejamos fragmentos da Dominus Iesus, declaração esta assinada por Joseph Ratzinger (o atual Papa) e Papa João Paulo I, em 06.08.2000:

“Os fiéis são obrigados a professar que existe uma continuidade histórica — radicada na sucessão apostólica — entre a Igreja fundada por Cristo e a Igreja Católica: Esta é a única Igreja de Cristo”.

“Se é verdade que os adeptos das outras religiões podem receber a graça divina, também é verdade que objectivamente se encontram numa situação gravemente deficitária, se comparada com a daqueles que na Igreja têm a plenitude dos meios de salvação”.

“Os Padres do Concílio Vaticano II, debruçando-se sobre o tema da verdadeira religião, afirmaram: « Acreditamos que esta única verdadeira religião se verifica na Igreja Católica e Apostólica…”.

Bento XVI jamais poderia afirmar alguma coisa contrária ao que ele próprio escreveu na Dominus Iesus. O discurso não mudou, como também não mudou a posição dos protestantes de se agarrarem à Bíblia Sagrada como única regra de fé e prática. Embora sejamos filhos de Deus pela fé no Senhor Jesus (Jo 1.12), o Vaticano afirma que a nossa situação é “gravemente deficitária”. Por que não dizem claramente que todos os protestantes serão lançados no inferno? A ICAR detém os meios de salvação? O nosso meio de salvação é o Senhor Jesus Cristo. A salvação nos alcança porque cremos no Senhor Jesus Cristo, como único e suficiente Senhor e Salvador:

“Mas todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no Seu nome” (Jo 1.12).

“Quem nEle crê, não é condenado” (Jo 3.18).

“Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.1). “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus O ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm 10.9). “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13).

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé” (Ef 2.8).

Onde está na Palavra de Deus a necessidade de aderirmos à Igreja Católica e aceitarmos o papado para sermos salvos?

13.07.2007

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