O RECADO que vem das ruas nos diz que o povo não está alienado por causa do futebol. Em plena efervescência do esporte das multidões, milhões vão às ruas por causas mais relevantes.
Com energia represada, a espera do momento ideal, o vulcão ficou em silêncio por duas décadas.
De repente, entra em erupção. Os governantes não imaginavam ouvir mais uma vez “de um povo heroico o brado forte retumbante”. Julgavam-no “deitado eternamente em berço esplêndido”, plácido, acomodado, satisfeito, submisso.
Começou com uma fumacinha saindo pela cratera, em forma de uma vaia de milhares de vozes. Depois veio a avalanche.
Enquanto os governantes, atônitos, se recolhiam em silêncio sepulcral, dando tempo para que a onda passasse, o magma incandescente se espalhou rápido e lambeu as escadarias de seus palácios. O “gigante pela própria natureza” acordou. Os donos do poder, sonolentos e pachorrentos, abriram a janela a tempo de ouvirem o grito de guerra: “Verás que um filho teu não foge à luta”.
Pão, circo e futebol não satisfazem. O povo quer mais, muito mais.
“O rei com juízo sustém a terra, mas o amigo de subornos a transforma” (Pv 29.4).
24.06.2013