Os Termos do Concílio de Trento e da Dominus Iesus Foram Revogados?

Como vai Pastor Airton?

Hoje pude ler com mais calma este artigo, face a mais de 300 e-mails diários na minha caixa postal. Também pudera, participo de mais de 30 listas…… Voltando ao assunto no qual pude ler seus comentários, o Concílio Vaticano II deu reconhecimento jurídico as Igrejas Protestantes, chamando todos os Protestantes, Evangélicos, Pentecostais, Neo-Pentecostais, etc………de irmãos separados.

A Declaração Dominus Iesus foi feita mais em relação com o dialogo inter-religioso, ou seja, para as chamadas religiões não cristãs. Como é uma declaração para os Católicos, a fim de não caírem na Ideologia do Diálogo, a Dominus Iesus visa esclarecer o que o relativismo religioso do dialogo ecumênico visa a confundir. Relativismo este que a Igreja combate. Em especial, colocar a PRIMAZIA DA VERDADE acima do AMOR. No entanto, o que o relativismo moral e religioso queriam? Simplesmente o contrario: colocar a PRIMAZIA DO AMOR acima da VERDADE. Ora, isso é um Absurdo.

A julgar os seus comentários, posso dizer que eles foram belissimamente bem interpretados por vossa senhoria. Ademais, como somente a Igreja Católica possui os Sacramentos, e para nós, os Sacramentos são sinais eficazes da Graça Divina. Isso significa em outras palavras: Os Sacramentos são garantia de Salvação para os fiéis católicos. Os fiéis das Igrejas da Reforma não possuem Sacramentos; é como se dissesse que poderão se salvar, mas que não possuem os meios eficazes de Salvação.

A Declaração veio a esclarecer este fato ambíguo que muitos católicos interpretavam: “Estão em outras Igreja acatólicas, estão ou poderão ser salvos”. No entanto, o documento da Dominus Iesus veio para tirar este pensamento ambíguo dos católicos. Antes de mais nada, é um documento para os Católicos. Como quem diz: Eles estão no Caminho da Salvação, mas lhes falta os meios eficazes para tanto (em se falando das Igrejas da Reforma e não das religiões não cristãs). Sem os Sacramentos, a salvação torna-se deficitária. Enfim, este documento foi feito para os Católicos a fim de orienta-los contra a má interpretação de teólogos relativistas que muitos deram e ainda dão do Concílio Vaticano II.

Interessante este seu comentário do qual o sr. concluiu de maneira belíssima: O elemento-chave por trás dessa histórica declaração conjunta é a anteriormente inimaginável admissão, por parte dos líderes evangélicos, de que a participação ativa da Igreja católica faz de alguém um cristão. Se esse realmente é o caso, então a Reforma não passou de um erro trágico. Os milhões que foram martirizados (durante dez séculos antes da Reforma e até os dias de hoje) por rejeitar o catolicismo como um falso evangelho, terão morrido em vão.

Esse documento veio simplesmente colocar as claras para os Católicos, o que os relativistas interpretavam as escuras. Não é a tôa que muitos teólogos católicos relativistas foram contra este documento. E Ratzinger, agora como Papa, vai combater a Ditadura do Relativismo e colocar às claras a Doutrina Católica, para que o Católico tenha uma fé adulta, e deixe de ter uma fé infantil.

Pe. Eduardo.
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Prezado Padre Eduardo,

Eu estava me preparando para uma viagem de dez dias e não foi possível examinar mais detalhadamente o assunto. Com sua permissão, retorno. À vista das declarações oficiais da ICAR, como abaixo (com algumas observações minhas, em vermelho) continuo perguntando se foram revogados os termos do Concílio de Trento e da Dominus Iesus. Ao contrário do que você afirma, essas afirmações não são, me parecem, alusivas apenas às religiões não cristãs. Em razão da “infalibilidade” papal, considero impossível anular ainda que em parte qualquer das declarações firmadas nos documentos a seguir.
Na paz do Senhor
Pr Airton Costa

Concílio de Tento:
“Cân. 1. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não foram todos instituídos por Jesus Cristo Nosso Senhor, ou que são mais ou menos que sete, a saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio; ou que algum destes sete não é verdadeira e propriamente sacramento — seja excomungado”.

Observação: Eu me considero excomungado pela ICAR, pois não aceito a doutrina supra. Como tal, não posso fazer parte do ecumenismo cristão. Para entrar em “comunhão” com a ICAR o papa teria que me desexcomungar.

Cân. 10. Se alguém disser que todos os cristãos têm o poder de administrar a palavra de Deus e todos os sacramentos — seja excomungado.

Considero-me excomungado pela ICAR (o que, diga-se de passagem, para mim não tem o menor significado), pois acredito que pastores da Igreja Evangélica podem administrar a Palavra de Deus.

“Cân. 3. Se alguém disser que na Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas, não reside a verdadeira doutrina acerca do sacramento do Batismo — seja excomungado”.

Excomungado estou, portanto.

“A comunhão de todas as Igrejas particulares com a Igreja de Roma: condição necessária para a unidade. A Igreja Católica, tanto na sua praxis como nos textos oficiais, sustenta que a comunhão das Igrejas particulares com a Igreja de Roma, e dos seus Bispos com o Bispo de Roma, é um requisito essencial – no desígnio de Deus – para a comunhão plena e visível. De facto, é necessário que a plena comunhão, de que a Eucaristia é a suprema manifestação sacramental, tenha a sua expressão visível num ministério em que todos os Bispos se reconheçam unidos em Cristo, e todos os fiéis encontrem a confirmação da própria fé. A primeira parte dos Actos dos Apóstolos apresenta Pedro como aquele que fala em nome do grupo apostólico e serve a unidade da comunidade – e isto no respeito da autoridade de Tiago, chefe da Igreja de Jerusalém. Esta função de Pedro deve permanecer na Igreja para que, sob o seu único Chefe que é Cristo Jesus, ela seja no mundo, visivelmente, a comunhão de todos os seus discípulos” (Encíclica Sobre o Empenho Ecumênico. 1994).

O termo “comunhão” soa muito forte quando se trata de ecumenismo. O tratamento respeitoso deve existir entre católicos e protestantes. “Comunhão”, segundo o Dicionário Aurélio, significa “compartilhar das mesmas idéias, valores, sentimentos”. Então, seria o caso de a ICAR compartilhar com as doutrinas da Igreja Protestante. O que considero impossível. A recíproca é verdadeira.
Essas palavras são traduzidas da seguinte forma: É possível a aproximação ecumênica, desde que reconhecida a supremacia da Igreja Católica, gerida pelo Vigário de Cristo, o Papa, como sucessor de Pedro, a quem compete advertir e avaliar as opiniões contrárias.

Da Encíclica Moratlium Ânimos, de 10.01.1928, do papa Pio XI, vejam algumas diretrizes do tópico “a única maneira de unir todos os cristãos”:
“Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos por quanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo [grifo nosso], dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela”.

“Portanto, dado que o Corpo Místico de Cristo, isto é, a Igreja, é um só (1 Cor. 12,12), compacto e conexo (Ef. 4,15), à semelhança do seu corpo físico, seria inépcia e estultícia afirmar alguém que ele pode constar de membros desunidos e separados: quem pois não estiver unido com ele, não é membro seu, nem está unido à cabeça, Cristo (Cfr. Ef. 5,30; 1,22). A Obediência ao Romano Pontífice – Mas, ninguém está nesta única Igreja de Cristo e ninguém nela permanece a não ser que, obedecendo, reconheça e acate o poder de Pedro e de seus sucessores legítimos” [grifo nosso].

“Pois se, como repetem freqüentemente, desejam unir-se Conosco e com os nossos, por que não se apressam em entrar na Igreja, “Mãe e Mestra de todos os fiéis de Cristo” (Conc. Later 4, c.5)”?

“Aproximem-se, portanto, os filhos dissidentes da Sé Apostólica, estabelecida nesta cidade que os Príncipes dos Apóstolos Pedro e Paulo consagraram com o seu sangue; daquela Sede, dizemos, que é “raiz e matriz da Igreja Católica” (S. Cypr., ep. 48 ad Cornelium, 3), não com o objetivo e a esperança de que “a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade” (1 Tim 3,15) renuncie à integridade da fé e tolere os próprios erros deles, mas, pelo contrário, para que se entreguem a seu magistério e regime” [grifo nosso].

Essas palavras excluem a possibilidade da comunhão ecumênica.

Vejamos alguns tópicos da declaração assinada pelo Pastor Walter Altmann, Presidente do Conselho Latino-Americano de Igrejas – CLAI, entidade criada em 1978, e que representa 155 igrejas e organismos ecumênicos em todo o continente latino-americano:

“Com grande surpresa e, mesmo, consternação, o CLAI (Conselho Latino-Americano de Igrejas) tomou conhecimento da «Declaração “Dominus Iesus” sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja», firmada pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, Cardeal Joseph Ratzinger. O CLAI lamenta detectar nela um obstáculo a mais ao ecumenismo, provindo do interior da Igreja Católica Romana, de alto nível e referendada pelo Papa João Paulo II…
“Ao contrário, toma o ensejo para afirmar um exclusivismo católico-romano que em nada pode contribuir para fazer avançar a causa ecumênica, abalando, ao invés, a credibilidade do testemunho de Cristo que nos é comum”.
“Aliás, não é nem tanto na classificação das igrejas protestantes como “não-igrejas” em sentido verdadeiro que reside a maior causa para o desapontamento suscitado pela Declaração, mas sim em suas preocupantes omissões”.

Artigo publicado em “O Estado de S.Paulo, 28.09.2000, com o título “Um retrocesso no ecumenismo religioso”, assinado pelo embaixador Antonio Amaral De Sampaio, diplomata aposentado. Alguns trechos:

“A declaração formulada recentemente pela Congregação da Doutrina da Fé, denominada Dominus Iesus, consagra surpreendente retrocesso na política da Igreja Católica com referência ao ecumenismo religioso, a qual havia registrado avanços durante o pontificado de João Paulo II. Situação esta que agora incorre no risco de ser comprometida, caso seja mesmo alçado a posição oficial do Vaticano o resultado das elucubrações orientadas e dirigidas pelo cardeal Joseph Ratzinger, o principal guardião da doutrina católica. O referido prelado é o tradicionalista prefeito da antiga Sagrada Congregação do Santo-Ofício, que, se hoje ostenta outra denominação, mais consentânea com a atualidade, ainda não logrou libertar-se do espírito do passado, que gerenciou a Inquisição, perseguiu heréticos e fez perecer na fogueira milhares de inocentes vítimas de superstições, da ignorância e maldade humanas, ou, mais simplesmente, apenas fiéis de outras confissões, algumas tão respeitáveis quanto aquela que tem sua sede política, administrativa e doutrinária em Roma. Significa ela um verdadeiro salto para trás, ensaiado – o que para alguns se afigura inquietante – no mesmo contexto temporal que trouxe a canonização de Pio IX (Giovanni Maria Mastai-Ferretti). Esse papa do século 19, hoje mais conhecido como o autor intelectual do Syllabus, foi também o formulador do dogma da infalibilidade pontifícia.
A essência do dictum do cardeal Ratzinger estabelece que os indivíduos apenas podem alcançar a salvação dos pecados por meio das graças espirituais da Igreja Católica; que as demais confissões religiosas – incluindo os diversos ramos do protestantismo – padecem de equívocos que colocam seus fiéis em situação de deficiência na busca da salvação.
Não se compreende que tal se aplique no caso de outras denominações cristãs de consagrada respeitabilidade, assim como do judaísmo e do Islã.
O pontificado de João Paulo II aproxima-se de seu termo e o papa, avassalado pela doença de Parkinson e outros achaques próprios de sua avançada idade, agravados pelo atentado que sofreu, parece que deixou progressivamente de exercer, sobre a hierarquia eclesiástica e o clero em geral, os poderes de comando e controle que constituem uma de suas prerrogativas”.

A Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal, em repúdio às declarações da Dominus Iesus, inicia sua carta de 13.09.2000 à Igreja Católica, do seguinte modo:
“Vimos manifestar-lhe a nossa desilusão e tristeza ao ver que, passados trinta e cinco anos da realização do Concílio Vaticano II, as mais altas figuras da Igreja Católica Romana (ICR) ainda são capazes de produzir um documento como a “Dominus Iesus” que, no mínimo, se reveste de uma grande insensibilidade ecumênica. A Declaração nada traz de novo. Tudo o que ela contem já foi dito há muitos anos e em muitos outros documentos. Neste sentido somos tentados a dizer, como muitos, “Roma nunca muda”! Mas será que a participação activa, e irreversível, da ICR no diálogo ecumênico durante as últimas décadas é compatível com a inflexibilidade e o exclusivismo manifestados na “Dominus Iesus”? Quando pensávamos que a “teoria do retorno” já havia desaparecido do vocabulário ecumênico, constatamos que ela continua a orientar as relações da ICR Mais uma nota fora do tom está na palavra ameaçadora do bispo Sinésio Bohn, conforme notícia publicada no início dos anos 90:
“Espantado com o forte crescimento das “seitas” evangélicas no Brasil, os líderes da Igreja Católica Romana têm ameaçado desencadear uma “guerra santa” contra os protestantes, a não ser que eles parem de tirar o povo do domínio católico…Na 31a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil…o bispo Sinésio Bohn disse que os evangélicos são uma séria ameaça à influência do Vaticano neste país. `Declaramos uma guerra santa, não duvidem´, anunciou ele. `A Igreja Católica – disse o bispo – dispõe de uma poderosa estrutura e quando nos mexermos esmagaremos qualquer um que se colocar em nossa frente…´ Conforme Bohn – diz a nota – tal guerra santa pode ser evitada, desde que 13 grandes denominações protestantes assinem um acordo…[o qual] requereria que os protestantes cessassem com todos os esforços evangelísticos no Brasil. Ele disse ainda que, em troca, os católicos concordariam em parar com todo tipo de perseguição aos protestantes” (Revista Charisma, maio de 1994, citação de Dave Hunt, A Mulher Montada na Besta (A Woman Rides the Beast) vol 1, 2001, p. 10, tradução de Mary Schultze e Jarbas Aragão).

Então, o retrocesso ao ecumenismo é reconhecido por diversos setores. Se formos analisar as declarações da CNBB à época da Dominus Iejus verificaremos que essa entidade também reconheceu aquela carta como abusiva ao projeto ecumênico.
No amor de Cristo
Pr Airton Costa
[email protected]
www.palavradaverdade.com
07.05.05
(Mais detalhes em “O Ecumenismo e o Sangue dos Mártires”).

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