Delegado:
Você foi apanhado em flagrante delito. Testemunhas disseram que você furtou uma galinha do seu vizinho.
Ladrão:
Não foi bem assim. O vizinho fez doação de uma galinha para minha campanha.
Delegado:
Que campanha? Por acaso você é um político?
Ladrão:
Tenho angariado recursos para fazer doação de uma galinha a cada pessoa pobre. Com a galinha vem os ovos, e toda a família se beneficia.
Delegado:
É uma boa ação. Você me mostrou os registros contábeis de sua campanha e não localizei neles a doação dessa galinha, essa que você tentou esconder na cueca.
Ladrão:
Senhor delegado, trata-se de um recurso não contabilizado, que será prontamente corrigido.
Delegado:
Conversa fiada! Está provado também que você faz parte de uma quadrilha de ladrões de galinhas. E mais do que isso, você responde por crime de peculato. Você tinha uma empresa de fachada – “Galinha Gorda & Cia. Ltda” – e através dela desviou toda a verba que recebeu do governo, para incentivo à produção de ovos. Teje preso, a bem da moralidade. Esse negócio de recurso não contabilizado e outras abobrinhas não funcionam aqui.
Ladrão: Senhor delegado, como posso ser preso se a ação penal não transitou em julgado?
Delegado:
Aqui não existe isso. Eu sou a lei e você irá agora mesmo para o xilindró.
Ladrão: Apelo para o bom sendo do senhor. Meus advogados apresentarão “embargos de infringência”, com vistas a modificar o resultado dessa condenação arbitrária.
Delegado: Cala a tua boca antes que eu perca a cabeça. Não diminuirei o castigo coisa nenhuma. Na minha delegacia não há esse negócio de embargos declaratórios, protelatórios, de infringência.
Moral: Dois pesos, duas medidas. Os ladrões de colarinho branco conseguem se sair muito bem de suas roubalheiras. Mas os sem colarinho… Somente o Justo Juiz Julga com Justiça.