Allan Kardec
Pai do Espiritismo Moderno
A série de estudos aqui apresentada tem como finalidade maior estabelecer a clara distinção entre Cristianismo e Espiritismo.
Como o termo Espiritismo Cristão tem sido muito usado, nada mais correto da parte dos cristãos definir os limites entre uma e outra crença, à vista da inerrante palavra de Deus.
Cabe aos cristãos esclarecer a opinião pública sobre as verdades bíblicas e as verdades que se encontram no Livro dos Espíritos e nos demais admitidos pelo Espiritismo.
“Deve reter firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar na sã doutrina como para convencer os contradizentes” – Tito 1.9.
Pastor Airton Evangelista da Costa
MATÉRIAS
O ESPIRITISMO E O ESPÍRITO SANTO …………………………….. 3
O ESPIRITISMO E OS ESPÍRITOS MALIGNOS……………………. 5
O ESPIRITISMO E A REENCARNAÇÃO………………………………13
O ESPIRITISMO E A FEITICEIRA DE ENDOR………………………15
O ESPIRITISMO E A REENCARNAÇÃO DE ELIAS……………….18
O ESPIRITISMO E A RESSURREIÇÃO DE JESUS……………….20
O ESPIRITISMO E A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO…………….23
O ESPIRITISMNO E O SOFRIMENTO DE JESUS…………………26
O DIABO E A REENCARNAÇÃO…………………………………………30
O ESPIRITISMO E A PALAVRA DE DEUS……………………………33
O ESPIRITISMO E O ESPÍRITO SANTO
Pr Airton Evangelista da Costa
Vejamos o que Allan Kardec disse sobre o Espírito Santo:
“Jesus promete outro Consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito… O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei: ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas… O Espiritismo vem trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra… Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança” (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, itens 3 e 4).
Em resumo, Kardec diz que o Espírito Santo prometido é o Espiritismo que, através de seus “espíritos”, estará sempre conosco, consolando-nos e levando-nos ao conhecimento da verdade.
O que diz a Bíblia
Allan Kardec foi infeliz na interpretação acima. O Consolador prometido não pode ser uma religião ou um conjunto de práticas que inclui a comunicação com os mortos. Não pode ser e não é uma instituição orientada por entidades espirituais desconhecidas. O Consolador não são os espíritos do além. Se fosse, o Senhor Jesus certamente diria: – “Enviarei os consoladores, aqueles que estarão sempre convosco, ensinando todas as coisas através de canalizadores que receberão o dom do Pai”. Mas Jesus disse:
“E rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14.16). A palavra “outro”, traduzida do grego “allon”, significa “outro da mesma espécie”; e “consolador”, do grego “parakletos”, tem o sentido de “alguém chamado para ficar ao lado de outro para o ajudar”. Se o Consolador é o Espiritismo, os cristãos do mundo inteiro ainda não receberam essa promessa. Para recebê-la seria necessário aderirem ao Espiritismo, receberem os “passes” mediúnicos e se aprofundarem na leitura do Livro dos Espíritos? Em nenhum momento Jesus orientou seus seguidores para que buscassem instrução e consolo junto aos mortos. Ao contrário, Ele ensinou o caminho das Escrituras:
“Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22.29). “Examinai as Escrituras, porque pensais ter nela a vida eterna. São estas mesmas Escrituras que testificam de mim; contudo não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.39).
Pelo menos, quanto a mim, o Espiritismo não está ao meu lado para me ajudar em nada. O Senhor Jesus afirmou que quando Ele fosse, o Consolador viria (João 16.7). Teria Jesus atrasado o cumprimento de sua promessa por dezenove séculos, considerando-se a época do surgimento do Espiritismo como o conhecemos hoje? Jesus enviaria um espírito-guia para cada pessoa?
Vejamos mais: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.26). O artigo definido “o” define (desculpe-me pelo óbvio). Logo, o Senhor Jesus, nessa passagem, diz que Espírito Santo e Consolador são a mesma Pessoa. O Senhor Jesus define, nomeia, estabelece, distingue, identifica. Nada nos leva a deduzir que o Consolador seja uma doutrina, um conjunto de doutrinas, uma religião, um ou vários e
O Consolador é o Espírito de Deus (Mt 3.16); o Espírito da Verdade (Jo 14.17); o Espírito da Profecia (Ap 19.10); Espírito de Vida (Rm 8.32); Espírito de Santidade (Rm 1.4); Espírito de Sabedoria, de Conselho, de Inteligência, de Poder (Is 11.2); Espírito do Senhor (Is 61.1); Espírito do Filho (Gl 4.6); Espírito Eterno (Hb 9.14); Espírito de Juízo (Is 4.4); Espírito de Graça (Zc 12.10). Seus atributos são os mesmos da Divindade: eternidade (Hb 9.14); onipresença (Sl 139.7-10); onipotência (Lc 1.35); onisciência (1 Co 2.10). Identificar o Consolador com o Espiritismo é desejar igualar a criatura ao Criador. Os “espíritos” do Espiritismo são criaturas de Deus e, embora sejam imortais, não são eternos. A eternidade é atributo exclusivo da Divindade. O Consolador prometido é uma Pessoa da Trindade. O Espírito do Senhor é o Espírito do Senhor, e o Espiritismo de Kardec é o Espiritismo de Kardec.
“Naqueles dias veio Jesus de Nazaré, na Galiléia, e foi batizado por João no Jordão. Logo que saiu da água viu os céus abertos, e o Espírito que, como pomba, descia sobre ele. Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mc 1.9-11). Aí temos Jesus (o Filho), o Espírito (o Espírito Santo) e a voz dos céus (o Pai). O Espiritismo por acaso teria descido sobre Jesus? O Cristianismo ensina que o Espírito Santo guia, reprova, pensa, fala, intercede, determina, capacita, vivifica, convence do pecado, nomeia e comissiona ministros, e habita com os santos. Logo, o Espírito Santo não é o Espiritismo, nem o Espiritismo é o nosso Consolador.
“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16). O Espiritismo não habita nos homens. Os crentes não são templos do Espiritismo. Os “espíritos” possuem os corpos daqueles que a eles se entregam e lhes obedecem. O Espírito da Verdade não incorpora em corpos. Os “espíritos de verdade” do Espiritismo, estes sim, possuem os corpos de suas montarias e comandam suas mentes.
Ademais, a Bíblia nos ensina que Jesus Cristo foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.35); foi ungido pelo Espírito Santo (At 10.38); guiado pelo Espírito Santo (Mt 4.1); foi cheio do Espírito Santo (Lc 4.1). Não se fala aqui em Bons Espíritos, Espíritos Puros ou Espiritismo. Allan Kardec falou de algo que ele desconhecia, porque o mundo não O conhece (Jo 14.17). Os espíritas não podem argüir a insuficiência da Bíblia para a elucidação do caso, dizendo que nela não acreditam, porque Allan Kardec usou-a para admitir que o Consolador prometido é o Espiritismo. E no seu livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Kardec comentou vários textos bíblicos. Logo, a Bíblia deve ser um livro levado muito a sério pelos kardecistas.
O Consolador na Igreja
Quem orienta e consola a Igreja de Cristo não são os mortos. Vejam as seguintes passagens: “Servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2). “Passando pela frigia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. Quando chegaram a Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu” (At 16.6-7). Quem orienta a Igreja de Cristo é o Espiritismo? É um conjunto de espíritos bons que falam através dos canalizadores?
Espiritismo Cristão
Pode-se admitir a existência de Espiritismo cristão? Podemos concordar com a afirmação de que Cristianismo e Espiritismo ensinam a mesma coisa? A resposta é não. Cristianismo e Espiritismo são incompatíveis. A mediunidade e a reencarnação não pertencem ao Cristianismo. O Cristianismo ensina a salvação em Cristo, o Juízo Final, a Ressurreição coletiva dos salvos na volta de Jesus; a existência do Diabo, dos anjos decaídos, e de um lugar de tormentos eternos. O Cristianismo ensina que o homem morre apenas uma vez (Hb 9.27) e que imediatamente após a morte ele segue para um lugar de paz, se morreu em Cristo, ou para um lugar de tormentos, se morreu sem Cristo. O Espiritismo ensina a reencarnação, ou seja, ilimitadas mortes e renascimentos.
As palavras de Jesus são a verdade. Nenhum espírita pode delas duvidar, porque Kardec disse que Jesus foi a “Segunda Revelação de Deus”, e que veio com a missão divina de ensinar uma elevada moral aos homens, a moral evangélico-cristã. O “outro Consolador”, de que falou Jesus, encaminha os crentes ao conhecimento das verdades bíblicas, e não às “verdades” espíritas. Vejamos o que mais Jesus disse do Consolador:
“Quando ele viver, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado” (Jo 16.8-11).
Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, não se deteve no exame do texto acima. Não me consta que o Espiritismo convença alguma pessoa do pecado e a leve ao arrependimento. A tentativa de comunicação com os mortos, praticada pelo Espiritismo, é transgressão da lei de Deus: “Quando vos disserem: Consultai os médiuns e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram entre dentes, respondei: “Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso, em favor dos vivos se consultarão os mortos?” (Is 8.19). O Cristianismo ensina que em Cristo recebemos perdão de nossos pecados e não precisaremos morrer várias vezes para atingir a perfeição.
Ao ladrão na cruz, que se mostrou arrependido, Jesus disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). Em contradição, a questão 999 do Livro dos Espíritos, que “contém especialmente a doutrina ou teoria do Espiritismo”, ensina: – “O arrependimento sincero durante a vida basta para apagar as faltas e para encontrar graça perante Deus?” Resposta: – “O arrependimento ajuda o Espírito a progredir, mas o passado deve ser expiado”. Questão 1002: “Que deve fazer aquele que, em artigo de morte, reconhece suas faltas mas não tem tempo de as reparar? Bastará o arrependimento?” Resposta: – “O arrependimento apressa a reabilitação, MAS NÃO ABSOLVE. Não tem à sua frente o futuro, que jamais se lhe fecha?”.
Diante disso, perguntamos: – O ladrão não foi absolvido por Jesus? Ele teria que sofrer milhares de reencarnações, não obstante estivesse morando com Jesus no paraíso? Então qual a diferença entre o ladrão que não se arrependeu e o que se arrependeu? Vê-se que o perdão do Espiritismo é diferente do perdão pregado por Jesus. Finalmente, o Espiritismo não convence o mundo do ato divino da redenção e da vitória do Cristo ressurreto, para derrota do príncipe deste mundo. No Espiritismo o futuro é incerto, “nunca se fecha”; é um caminhar rumo a uma perfeição que nunca chega. Realmente, não há absolvição para os espíritas, como bem disse Kardec.
O “batismo no Espírito Santo” também coloca freios à pretensão kardecista. Lembrem-se de que Allan Kardec disse que Jesus foi a segunda revelação de Deus. Leiam as palavras de Jesus: – “João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (At 1.5). Ora, os vários batismos da espécie que se seguiram, detalhadamente registrados em Atos dos Apóstolos, em nada se assemelham às práticas mediúnicas. Os dons espirituais dados pelo Consolador, muito antes do advento do Espiritismo, não guardam qualquer semelhança com as práticas de psicografia, adivinhação e evocação de entidades espirituais.
O ESPIRITISMO E OS ESPÍRITOS MALIGNO
“O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais…” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec, cap. XII, item 6). “Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Deus, que é soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres predispostos ao mal por sua natureza e condenados por toda a eternidade” (Livro dos Espíritos, Kardec, quesito 131).
Para o Espiritismo, Satanás, anjos maus, demônios são maus espíritos desencarnados, em fase de evolução. Analisemos o que Jesus nos revelou a esse respeito, Ele que foi, segundo Kardec, a “Segunda Revelação de Deus”.
A Palavra de Jesus
“E disse o diabo a Jesus: Tudo isto [os reinos do mundo] te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: “Vai-te, Satanás. Pois está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 4.8-10).
Coloco-me no centro da teoria espírita para dizer que Jesus na qualidade de “Espírito Puro” teria plenas condições de identificar ali, não um adversário em potencial, mas um pobre espírito humano de classe inferior, necessitado de reencarnação. Esse “espírito perverso”, ao qual Jesus se dirigiu com palavras de ordem, alcançaria a perfeição mediante muitas vidas corpóreas, Ora, por conhecer o drama de seu “irmão”, Jesus o chamaria pelo nome da sua última encarnação. Diria mais ou menos assim:
“Meu caro Joaquim, não faças mais isto, ouviu? Na qualidade de Bom Espírito eu te aconselho a reencarnar rapidamente e escolher uma prova bem difícil, a fim de expungir suas culpas. Eu também já passei pela prova da evolução. Agora vá em paz, medite sobre sua vida, e largue essa mania de desejar ser adorado. Vá em paz e dê notícias minhas aos seus”.
Essas hipotéticas palavras estariam de acordo com o Espiritismo. Vejam a questão 116 do Livro dos Espíritos: “Os Espíritos não ficam perpetuamente nas camadas inferiores; todos eles tornar-se-ão perfeitos; mudam de classe, embora devagar”. Questão 117: “Depende dos Espíritos apressar sua marcha para a perfeição. Chegam mais ou menos rapidamente, conforme seu desejo e sua submissão à vontade de Deus”. Os espíritos maus só voltarão a Terra se quiserem. Se não desejarem reencarnar, permanecerão por aí infernizando a vida das pessoas. Deus na sua infinita paciência e misericórdia ficaria de braços cruzados esperando a boa vontade deles.
Observem que o diabo daria a Jesus “os reinos deste mundo” (Mt 4.8-9). Algum espírito desencarnado, da “terceira ordem”, teria sob seu domínio o sistema mundial? É evidente que tal domínio se aplica realmente ao império do mal sobre o qual reina o diabo, o deus deste século (2 Co 4.4). O diabo não é dono da Terra, mas possui nela, temporariamente, o seu reino de trevas, engano e sedução. Esse reino foi reconhecido pelo próprio Jesus: “Se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?” (Mt 12.26).
“Vós pertenceis ao vosso pai, o diabo, e quereis executar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, pois não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44).
Como em outras passagens, Jesus identifica, nomeia, aponta, distingue, intitula, indica, mostra, esclarece, particulariza, define o diabo. E diz que ele foi “homicida desde o princípio”. Ora, segundo a tese kardecista da preexistência, as almas são criadas por Deus em estado simples e sem conhecimento, porém sem maldade. Vejam a questão 115 do Livro dos Espíritos: “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem ciência”. Logo, se o “diabo” a que Jesus se referiu fosse um desencarnado, ou uma alma em seu estado inicial, como poderia ser homicida e mentiroso desde o princípio? Se Jesus estivesse se referindo a um espírito perverso, não poderia fazer distinção entre um e outro, pois todos os espíritos impuros seriam considerados “pai da mentira”. Jesus identifica somente um, o diabo. Não cabe dizer que se trata da “personificação do mal”. Nas duas passagens já citadas há indicação clara de que se trata de uma só entidade, um espírito inteligente, astuto, enganador e vil. Também não cabe o argumento de que se trata de alegoria ou de parábola.
Jesus identifica o diabo como uma pessoa, capaz de desejar alguma coisa, influenciar e dominar criaturas humanas, de exercer o comando sobre os que lhe são submissos.
“Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).
Jesus particulariza, nomeia e identifica o diabo dentre os demais seres espirituais. Ao anunciar que o destino dos demônios é o inferno, não está se referindo a espíritos humanos, que também terão o mesmo destino se, na vida corpórea, não andaram nos caminhos do Senhor. Jesus afirma que o diabo e seus anjos já possuem um lugar previamente preparado. Ora, se houvesse uma segunda chance, se Jesus estivesse falando de espíritos em vias de progresso, como deseja o Espiritismo, a conversa seria mais ou menos assim: “Olha, meus filhos, porque vocês fizeram coisas erradas na terra retornarão a ela inúmeras vezes até ficarem perfeitos. Mas vocês têm liberdade de escolher se desejam ficar muito tempo errantes, ou se querem reencarnar o mais rápido possível. Mas, por favor, comportem-se melhor doravante, porque desse jeito não dá”.
As poucas palavras registradas em Mateus 25.41 colocam por terra quatro posições do Espiritismo: inexistência do inferno, do juízo final, de Satanás e seus anjos, e existência de chance de recuperação. Considerando que essa afirmação de Jesus se deu há dois mil anos, é possível que Satanás já esteja num bom grau de perfeição, pois “a marcha dos espíritos é progressiva e jamais retrógrada. Eles se elevam gradativamente na hierarquia e não descem do plano a que se alçaram” (Quesito 194, L.E.). É possível conciliar a palavra de Jesus e a dos “espíritos” que influenciaram a mente de Allan Kardec? Merece algum crédito a declaração de Kardec de que “O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa” e que “as instruções que promanam dos Espíritos não verdadeiramente as vozes do céu que vem esclarecer e convidá-los à prática do Evangelho”?
Ainda com referência a Mateus 25.41, como Jesus poderia chamar esses desencarnados de “malditos”, se concordasse que eles, no futuro, poderiam ser espíritos puros? Ora, “maldito” diz-se daquele que foi amaldiçoado. Entende-se, portanto, que Jesus estava falando de desencarnados sem nenhuma chance de salvação. Leiam o que o próprio Jesus falou: “Quem nele não crê já está condenado” (Jo 3.18). Como pôde Jesus preparar o inferno para o diabo, um espírito humano com possibilidade de progredir rumo à perfeição?
Certo espírita assim interpretou o versículo em análise: O “apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”, significa, simplesmente, o destino imposto compulsoriamente aos maus, de serem remetidos às reencarnações expiatórias em mundos inferiores ao nosso, até que a lição da humildade seja aprendida. O ‘fogo’ é eterno, isto é, de duração indefinida, ou seja, dura até que seja o pago ‘o último ceitil’, como nos ensina o mestre Aurélio, entre outras coisas, é um conceito de ‘pessoa má’, uma pessoa de ‘mau gênio’.
Segundo o mesmo mestre Aurélio, “eterno” significa “que não tem princípio nem fim”; que dura para sempre; constante; incessante”. Se o castigo é eterno, não terá fim. Nas palavras de Jesus não vemos nenhuma chance para os rebeldes, para o diabo e seus anjos. Conforme o Espiritismo, a reencarnação tem por objetivo o “melhoramento progressivo da Humanidade”, pois em “cada nova existência o Espírito dá um passo na via do progresso” (Quesito 167, do L.E.). Ou seja, todos os espíritos humanos estão sujeitos às reencarnações; todos passarão por esse “inferno”. Então, Jesus teria dito o óbvio? Jesus falou a respeito do Juízo Final, um tempo determinado em que os rebeldes receberão o devido castigo.
A verdade é que Jesus apresentou uma situação em que uns são chamados de “benditos de meu Pai”, a serem recebidos no céu (Mt 25.34), e outros chamados de “malditos”, a serem lançados no inferno (Mt 25.41). Nessa passagem, Jesus define duas classes de espíritos: de um lado, os espíritos humanos que na vida terrena tiveram oportunidade, a única, de se arrependerem, serem obedientes e tementes a Deus; do outro, os anjos decaídos liderados pelo diabo, o “maioral” dos demônios.
“Os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este {Jesus] não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios. Jesus disse: “Todo o reino dividido contra si mesmo acaba em ruína…; e, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois o seu reino? E se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsaram então vossos adeptos? Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o Reino de Deus”. (Mt 12.24-28).
Os fariseus acreditavam na existência de um “príncipe” ou “maioral” que exercesse autoridade sobre os demônios. O líder dos demônios, chamado Belzebu, ou Satanás, é quem poderia expulsar o espírito maligno que estava no endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22). Acreditaram na libertação daquele homem, mas rejeitaram o uso do poder divino. Jesus admitiu a existência desse “príncipe”, porém ensinou que espíritos malignos pertencentes ao mesmo reino das trevas não podem expulsar seus próprios parceiros.
Penetrando no túnel da teoria espírita, nada encontrei sobre a existência de um líder entre os espíritos perversos. Ora, se o Espiritismo diz que “os demônios são as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais”, como então poderia omitir informação tão importante? Os “instrutores espirituais” deveriam ter informado sobre esse “príncipe”. Por que ocultaram essa informação?
“Sai deste homem, espírito imundo” (Mc 5.8).
Encontrei no Livro dos Espíritos, quesito 113, a informação de que os “Puros Espíritos são mensageiros e ministros de Deus”, e “comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e lhes confiam missões”. Contrariando tal assertiva, Jesus, “Espírito Puro”, não se coloca como orientador desses demônios. Ao contrário, admitiu que eles possuem liderança própria e reino próprio, e até fez a separação irreconciliável entre o Reino de Deus e o reino de Satanás, o maioral.
Em nenhuma das libertações consignadas nos evangelhos vemos Jesus tratar os demônios com brandura ou confiar-lhes missões para ajudá-los a se despojarem de suas imperfeições. Ao contrário, Jesus disse que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos. A autoridade de Jesus sobre os espíritos malignos não decorre de uma relação fraternal, como de pai para filho, de irmão para irmão, de um líder para seus comandados. Jesus não veio para auxiliar os demônios nas suas fraquezas. Por exemplo, Jesus ordenou que Satanás saísse de sua presença (Mt 4.10).
Jesus contrariou a tese espírita em outro ponto. Veja o quesito 126 do Livro dos Espíritos. “Deus contempla os transviados com o mesmo olhar e os ama com o mesmo amor. Eles são chamados maus porque faliram”. Se correta essa palavra, Jesus deveria ter tratado os demônios com misericórdia, mas não o fez. Jesus chamou de “imundo” o espírito que estava naquele homem. Como admitir que Jesus estava lidando com espíritos humanos com possibilidade de progredir até chegar ao estado de pureza? Em outras situações semelhantes Jesus não manteve qualquer diálogo fraternal com os demônios (Mc1.25; 5.8; 9.25; Lc 13.16).
“Agora será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12.31).
Quem seria esse a ser derrotado na cruz? Uma alma rumo a novas encarnações, necessitada de bons conselhos dos “Espíritos Puros”? Não. O apóstolo esclarece: “Para isto o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3.8). Paulo confirma: “Tendo despojado os principados e as potestades, os expôs publicamente ao desprezo, e deles triunfou na cruz” (Cl 2.15; Hb 2.14).
Outras referências
“Sujeitai-vos, pois a Deus. Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).
A Bíblia ensina como proceder para evitar as influências satânicas. O caminho é submeter-se à vontade de Deus; crer que o nosso Salvador Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio em carne, morreu para remissão dos pecados e ressuscitou dos mortos (Jo 3.16; Rm 10.9). Considerando que Deus proíbe a comunicação com os mortos (Dt 18.10-12; 1 Cr 10.13-14;2 Cr 33.6; Is 8.19; Lc 16.19-31), qual será a destinação dos que praticam o Espiritismo?
Um dos argumentos usados pelo Espiritismo é o de que se Deus proibiu a comunicação com os mortos é porque existe tal comunicação, pois Ele não iria proibir algo impossível de acontecer. Citam o exemplo da advertência “não pise na grama”. À primeira vista parece um sólido argumento. Todavia, convém lembrar que Deus conhece as ciladas do diabo. Ele sabe o perigo que corremos em consultar feiticeiros, adivinhos, médiuns ou necromantes. Deus sabe que esse é um caminho maldito, que nos levará à perdição. Na verdade, Ele está advertindo que não são os mortos que se apresentam para nos comunicar alguma coisa. São os demônios que se manifestam. Se essa comunicação com o além fosse uma prática saudável; se trouxesse qualquer benefício aos homens; se os desencarnados fossem de fato mensageiros de Deus, como deseja o Espiritismo, Deus recomendaria essa prática, sem nenhuma restrição.
“Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo… assim sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados… (2 Pe 2.4,9).
Mais uma vez a Bíblia faz distinção entre demônios e espíritos desencarnados. Acima, vimos a autorizada palavra de Jesus. Agora, a de Pedro. A questão 128 do Livro dos Espíritos declara que anjos são os “puros Espíritos”, não formam uma categoria especial de seres criados por Deus, e que percorreram todos os graus rumo à perfeição. Jesus teria sido, portanto, um anjo que passou por esse sistema evolutivo. Essa teoria está em desacordo com o que ensina o Cristianismo. Diz também o Livro dos Espíritos (quesito 131) que “não há demônios no sentido ligado a este vocábulo; os partidários do demônio apoiam-se nas palavras do Cristo. Não seremos nós que contestaremos a autoridade do seu ensino… Mas estamos seguros do sentido por ele emprestado ao vocábulo demônio? Não se sabe que a forma alegórica é um cunho distintivo de sua linguagem e que nem tudo quanto encerra o Evangelho deve ser tomado ao pé da letra?” Não merece crédito tal tese. Iríamos buscar apoio na palavra de quem? Não há como admitir que Jesus falou alegoricamente ao referir-se a Satanás. Jesus definiu, apontou, qualificou, distinguiu Satanás dos espíritos humanos.
“Estava na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual exclamou: Ah! que temos contigo, Jesus de Nazaré? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. Repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele. Então o espírito imundo, convulsionando, e clamando em voz alta, saiu dele” (Mc 1.23-26).
A forma inamistosa com que Jesus sempre se dirigiu aos demônios conflita com a posição kardecista. Na qualidade de “Espírito Puro”, Jesus, se concordasse com o ensino dos “espíritos”, deveria ajudar os demônios a se aperfeiçoarem; deveria saber que “todos os espíritos tornar-se-ão perfeitos”; deveria saber que “Deus contempla os transviados com o mesmo olhar e os ama com o mesmo amor” (Quesitos 113,116,126,127 do L.E.). Perdoem-me pela ênfase nesse ponto e pela repetição. Todavia, a ”Segunda Revelação de Deus” fez exatamente o contrário: mandou que se calassem, chamou-os de imundo, ordenou que entrassem numa manada de porcos, disse que o inferno os aguardava. E ainda, sem nenhuma consideração, disse que o líder Satanás era mentiroso e pai da mentira. O pior é que os demônios foram considerados imundos, isto é, sujos, porcos, impuros, indecentes, obscenos, imorais.
Merecem uma reflexão as palavras do espírito imundo. Ele reconheceu Jesus como uma Pessoa especial, com autoridade e poder; chamou-O de “o Santo de Deus”, e admitiu que haverá um tempo em que receberá um duro castigo. O demônio sabia que o “inferno já estava preparado para ele”. Por isso sua pergunta: “Vieste destruir-nos?” . Usando a forma plural, admite que o castigo alcançará os demais demônios, isto é, “Satanás e seus anjos”. O Espiritismo não concorda com o demônio.
Há falsários no mundo dos Espíritos
O médium pode confiar no espírito que, através dele, escreve cartas, menciona fatos do passado ou ensina alguma “verdade”? Quem responde é Allan Kardec, o pai do Espiritismo. Vejam:
“Um meio às vezes usado com sucesso para assegurar a identidade, quando o Espírito se torna suspeito, é o fazê-lo afirmar em nome de Deus todo poderoso que é ele mesmo. Acontece muitas vezes que o usurpador recua diante do sacrilégio. Mas há os que não são assim escrupulosos e juram por tudo o que se quiser. Deve-se concluir disso que a recusa de um Espírito em afirmar a sua identidade em nome de Deus é sempre uma prova de que usa de impostura, mas que a afirmação nos dá apenas uma presunção e não uma prova da identidade” (Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 259).
Kardec afirma, em outras palavras, ser impossível a identificação de qualquer espírito, ainda que alguns concordem em usar o nome de Deus. Afirma ainda o Espiritismo:
“Pode-se também colocar entre as provas de identidade a semelhança de caligrafia e de assinatura. Mas além de não ser dado a todos os médiuns obter esse resultado, ele nem sempre representa uma garantia suficiente. Há falsários no mundo dos Espíritos, como no nosso. Certamente se dirá que se um Espírito pode imitar uma assinatura, pode também imitar a linguagem. É verdade. Temos visto os que tomam afrontosamente o nome do Cristo e para melhor enganar imitam o estilo evangélico, excedendo-se nas expressões mais conhecidas: Em verdade, em verdade vos digo” (item 260/261).
Em seguida, Kardec ensina que os Espíritos devem ser julgados pela linguagem e por suas ações, e que a questão da identificação é secundária.
Como ter certeza de que determinada mensagem não provém de um espírito maligno, se esse mundo é de falsários, em que até os que juram em nome de Deus não merecem confiança? Que religião é essa em que os instrutores além de serem invisíveis são trapaceiros e mentirosos? O Espiritismo é um terreno minado, cheio de armadilhas, de surpresas desagradáveis. O melhor mesmo é seguir o conselho do salmista: “Entrega a tua vida ao Senhor, confia nele, e tudo Ele fará” (Salmos 37.5). Vejam mais o que o Espiritismo afirma:
Os “Espíritos Impuros são inclinados ao mal, objeto de suas preocupações; dão pérfidos conselhos, insuflam discórdia e a desconfiança e tomam todas as máscaras a fim de enganar melhor…arrastam as pessoas à perdição…animam criaturas inclinadas a todos os vícios gerados pelas paixões vis e degradantes, tais como a sensualidade, a crueldade, a traição, a hipocrisia, a cupidez e a avareza sórdida; fazem o mal por prazer… são flagelos para a Humanidade” (Livro dos Espíritos, quesito 102).
O pai do Espiritismo chegou muito próximo da verdade. Descobriu a falsidade e o engano, mas se deixou levar pelos seus próprios informantes espirituais. Jesus foi direto ao assunto ao dizer que não há verdade no diabo, “pois é mentiroso e pai da mentira”. Nem todos os médiuns ficam a meio caminho da verdade. Foi o que aconteceu com Victor H. Ernest. Leiam seu relato:
“Quando o megafone retornou para minha terceira e última pergunta, reexaminei o que o espírito havia dito. ´Ó espírito, crês que Jesus é o Filho de Deus e que Ele é o Salvador do mundo? Crês que Jesus morreu na Cruz e derramou o seu sangue para a remissão do pecado?´ O médium, em profundo transe, foi arremessado de sua cadeira. Foi cair bem no meio da sala de estar e gemia como se estivesse sentindo profunda dor. Os sons turbulentos sugeriam espíritos num carnaval de confusão. Nunca mais fui a outra sessão. Eu havia provado os espíritos e achado que não eram de Deus. O que eu havia pensado ser um grande poder de Deus havia explodido como uma bolha de sabão. A partir dessa ocasião, comecei a buscar a Palavra de Deus para encontrar a verdade” (Eu Falei com Espíritos, p. 24 e 25, Victor H. Ernest, citado por Davi Nunes dos Santos, em O Espiritismo e a Bíblia, S. Paulo, 1978).
O espírito acima foi provado, tal como ensina a Bíblia: “Amados, não creais em todo espírito [pessoa impelida ou inspirada por algum espírito], mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus. E todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus, mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo” (1 João 4.1-3). O “espírito do anticristo” compara-se a Satanás, pois “se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto, de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. A vinda desse iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios de mentira” (2 Ts 2.4,9).
A expulsão dos demônios
Extraímos dos quesitos 475 a 480 do Livro dos Espíritos a seguinte orientação sobre a libertação de uma pessoa endemoninhada:
“Havendo vontade firme, a própria criatura poderá livrar-se dos maus Espíritos; um homem de bem conseguirá ajudar a vítima, desde que invoque os bons Espíritos; as fórmulas de exorcismo [libertação] não possuem influência alguma sobre os maus Espíritos; “quando esses Espíritos veem que alguém toma a coisa a sério, riem-se e se obstinam [teimam em permanecer]. O quesito 478 assim diz: “O melhor meio de libertar criaturas obsidiadas [possuídas por um espírito mau] é cansar-lhes a paciência, não ligar importância às suas sugestões e mostrar-lhes que perdem tempo. Então, ao verem que nada têm a fazer, afastam-se”.
A benevolência com que o Espiritismo trata os demônios fortalece a minha convicção de que os instrutores espirituais são os próprios. Em casa de enforcado ninguém fala em forca. Cansar a paciência dos demônios? Não ligar importância? Para os kardecistas Jesus é o máximo em perfeição e veio com a missão divina de ensinar. Como ocorreu em várias ocasiões, Jesus não procedeu dessa maneira, não esperou a boa vontade dos “maus espíritos”. Em nenhum momento Jesus tentou cansar a paciência dos espíritos malignos. Contrariando o ensino kardecista, Jesus, além de dar exemplo, nos ensinou como tratar os demônios e como expulsá-los (Mc 16.17). Os demônios são expulsos, e somente assim são expulsos, em nome de Jesus, porque “debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12); porque Ele está “acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef 1.21); porque “Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.9-11).
A origem de Satanás e seus anjos
Como foi dito no início, o Espiritismo ensina que demônios são almas dos homens perversos. Em Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, está escrito que a serpente convenceu Eva a desobedecer a Deus (Gn 3.1-6); Deus se dirige a uma entidade espiritual, que no futuro será vencida (v.15); a Bíblia diz que a serpente é Satanás, pois “foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana a todo o mundo” (Ap 12.9); Jesus identificou o diabo como mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44). Devemos então procurar entender quem era esse espírito enganador que conversou com Eva. Um espírito humano, desencarnado? Não, Adão e Eva foram os primeiros. Nenhum espírito havia deixado seus corpos, porque a morte só veio depois da desobediência (Gn 3.19). Era uma “alma simples e ignorante”, perversa e rebelde, que aguardava o momento de encarnar? Não. As almas, segundo o Espiritismo, foram criadas sem maldade, porém simples e sem ciência. Então, quem se apresentou a Eva não era uma alma desse tipo; o que Moisés escreveu foi apenas uma alegoria? Não. A desobediência de Eva é confirmada em outros livros da Bíblia (Rm 5.12-21; 2 Co 11.3; 1 Tm 2.13-14; Ap 12.9). Ademais, Moisés, segundo o Espiritismo, foi a primeira revelação da divindade, e veio com a missão de revelar Deus aos hebreus e pagãos (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap I, itens 6 e 9). Então, quem era o espírito imundo que enganou Eva? Satanás é seu nome.
Um dos argumentos apresentados pelo Espiritismo trata da impossibilidade de Deus, justo e bom, ter criado “seres predispostos ao mal por sua natureza”. Esse raciocínio é uma faca de dois gumes para o kardecismo. Seguindo essa mesma tese, perguntamos como surgiram os espíritos maus, perversos, falsários, mistificadores, mentirosos e enganadores, cuja existência é reconhecida pelo próprio Allan Kardec? O Espiritismo explica que foram criados sem maldade, mas com livre arbítrio. A tese é muito parecida com a doutrina da origem do pecado ensinada pelo Cristianismo. A diferença está, dentre outras, na identificação desses espíritos maus. Para o Espiritismo, são desencarnados, isto é, espíritos que encarnaram várias vezes, não passaram pela prova a que se submeteram, faliram na missão, optaram pelo mal.
Com vimos acima, esses espíritos maus foram chamados de demônios, liderados por um “maioral”. A diferença entre espíritos humanos, Satanás e seus anjos foi estabelecida pelo próprio Jesus (Mt 25.41). Em nenhum momento Jesus acenou com a possibilidade de novas encarnações para os demônios, para serem aperfeiçoados.
A Bíblia diz que Lúcifer era um anjo perfeito, querubim da guarda, inteligente, mas não imutável. Em sua autodeterminação e capacidade de escolher, rebelou-se contra Deus e transformou-se em Satanás. Os anjos que o acompanharam nessa rebelião se transformaram em demônios, espíritos imundos, espíritos maus ou anjos decaídos. Vejamos as passagens bíblicas que falam da situação privilegiada de Lúcifer no céu, e como ficou depois da queda.
“Tu és o aferidor de medidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus…eras querubim ungido para proteger…perfeito em seus caminhos desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti…corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor…por terra te lancei…” (Ez 28.12-17).
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva…Tu dizias em teu coração: subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei…subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo abismo” (Is 14.12-15).
As situações e qualidades acima não podem ser atribuídas a um ser humano. Em apoio a essa interpretação, vejamos outras passagens:
“Houve peleja no céu. Miguel e seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e seus anjos foram lançados com ele”. (Ap 12.7-9).
Vejam que as passagens bíblicas, embora escritas em épocas e por pessoas diferentes, se harmonizam. “Levado serás para o inferno”, de Isaías, se harmoniza com a declaração de Jesus de que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25.41). Em Lucas 10.18, Jesus, por sua eternidade, declara que viu “Satanás caindo do céu como relâmpago”. Esta declaração coaduna-se com a expulsão do grande dragão, como relatado em Apocalipse. A afirmação de que “Deus não poupou os anjos que pecaram”, em 2 Pedro 2.4, confirmada em Judas 6, fortalece ainda mais a nossa convicção de que a verdade está com o Cristianismo.
O ESPIRITISMO E A REENCARNAÇÃO
“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação” (Hb 9.27-28).
No seu livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, o pseudônimo de Hyppolyte Léon Denizart Rivail, não fez qualquer comentário à passagem acima. Mas o seu livro não trata apenas dos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João? Não. Ele comentou os livros de Atos, a Carta aos Romanos, Primeira aos Coríntios, Êxodo e Deuteronômio.
Referido versículo tem sido usado amiúde pelos cristãos evangélicos para refutar a crença da reencarnação. Fica fortalecida a suspeita de que Kardec pinçou ao seu bel-prazer os versículos a serem comentados, isto é, os que ofereceriam maior facilidade de serem interpretados sob a ótica do espiritismo. Em razão dessa lacuna, compete aos kardecistas que se autodenominam cristãos esclarecerem de forma pormenorizada e objetiva onde, e de que forma o versículo sob análise não contradiz a reencarnação.
“Aos homens está ordenado morrerem uma só vez”
É evidente que a morte anunciada não abrange a parte imaterial do homem (o espírito), que é imortal. O argumento de que o versículo se refere ao corpo, que morre só uma vez, não convence. A morte corporal foi instituída por Deus já no Jardim do Éden, após a queda do primeiro casal: “Comerás o teu pão, até que tornes à terra…porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3.19). Desnecessário seria afirmar, 70 anos depois de Cristo, que o corpo desce à sepultura. Isto é o óbvio.
Hebreus 9.27 tem significado muito mais elevado. Se a referência fosse apenas ao corpo, seria uma repetição de Gênesis 3.19. Ademais, o corpo poderia morrer mais de uma vez? A Palavra afirma que a parte imaterial do homem se aparta do corpo apenas uma vez; que o homem (corpo e espírito) experimenta a morte uma única vez; que a separação corpo-espírito, isto é, a morte, dá-se somente uma vez. Ora, tal ensino está diametralmente oposto ao do espiritismo. Neste, o homem morre várias vezes, o corpo se aparta do espírito várias vezes numa esdrúxula situação em que um mesmo espírito possui vários corpos, que, nessa visão antibíblica, servem apenas de trampolim para o aperfeiçoamento dos espíritos.
O cristianismo ensina que somos templo do Espírito Santo e que a redenção em Cristo abrange o corpo. Vejamos o que Deus fala: “Não sabeis que o nosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus?” (1 Co 6.19); “Aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo Jesus vivificará também os vossos corpos mortais, pelo Espírito que em vós habita” (Rm 8.11); “Nós aguardamos a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23); “O corpo é para o Senhor; ora, Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará pelo seu poder”: (1 Co 6.13-14). Portanto, para o cristianismo o corpo não é uma parte desprezível como deseja o espiritismo. Assim como Cristo venceu a morte, pela ressurreição, nós venceremos (1 Co 15.52-54).
“Vindo, depois disso, o juízo”
O corpo sepultado não será julgado, isoladamente. Deus não julga o pó; julga o homem. Daí o enunciado referir-se ao homem. E quando falamos em HOMEM falamos em corpo e espírito. Logo, para ser julgado, o homem se recompõe, o espírito volta ao corpo, exatamente como aconteceu com Jesus. Dá-se o nome de RESSURREIÇÃO a essa recomposição. Vejam: “Os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4.16). “Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele” (1 Jo 3.2b).
O Juízo se estabelece logo após a morte. O espírito segue para o repouso em Cristo ou para o tormento sem Cristo (Lc 16.19-31), como consequência do caminho escolhido, em vida, pelo homem (Mt 7.13-14; Jo 3.18). O corpo aguardará o dia da ressurreição. Os crentes em Jesus ressuscitarão em glória (1 Ts 4.16); os ímpios ressuscitarão muito tempo depois para serem (corpo e espírito) lançados no inferno (Ap 20.5,15; 21.8). Em síntese: “Vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz [a do Senhor] e sairão. Os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, e os que praticaram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28-29).
Segundo os “espíritos” de Kardec, Juízo é algo inexistente ou indefinido. Vejam a questão 331 e 332 do Livro dos Espíritos: Pergunta: “Todos os Espíritos se preocupam com sua reencarnação? Resposta: Alguns há que não se preocupam absolutamente, pois nem mesmo a compreendem. Isto depende de sua natureza mais ou menos adiantada. Para alguns a incerteza do futuro constitui uma punição”. Pergunta: “Pode o Espírito abreviar ou retardar o momento de reencarnar-se? Resposta: Pode abreviá-lo, chamando-o por seus votos; também pode retardá-lo recuando ante a prova, pois entre os Espíritos há os covardes e indiferentes. Não o faz, entretanto, impunemente: sofre com isso, assim como alguém que recusa o remédio salutar que poderá curá-lo”.
É o tipo da situação em que ninguém manda em ninguém. Se a prova é difícil, o desencarnado recua. Está claro que se a prova é boa, ele aceita imediatamente. Hitler gostaria muito de voltar a ser comandante de uma poderosa nação, com um grande exército, com um arsenal atômico à sua disposição. Mas ser agricultor no sertão do Ceará, nem pensar. E onde estaria Deus? Deus ficaria de braços cruzados aguardando a boa vontade dos espíritos?
“Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez…”
Note-se a similaridade de nossa morte única com a de Cristo, que, encarnado, viveu como homem, e morreu uma vez somente. Para o espiritismo, Jesus é um Bom Espírito que alcançou elevado grau de perfeição, tendo reencarnado para ensinar aos homens uma elevada moral. Em nenhum momento, todavia, Jesus falou de suas vidas passadas. Ele, o Filho, a Segunda Pessoa da Trindade, teve apenas uma vida corpórea, e essa vida Ele ofereceu por nós (Jo 3.16).
“Aparecerá segunda vez”
Não encontrei no Livro dos Espíritos ou no Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, qualquer referência à volta de Jesus, como dito em 1 Tessalonicenses 4.16-17, Mateus 24.30-31, Atos 1.11, 2 Tessalonicenses 1.7, 1 Coríntios 15.23,52, Apocalipse 22.20. Mais trabalho para os espíritas “cristãos”. Como afirma o kardecismo, Jesus foi a Segunda Revelação de Deus, e o espiritismo, a Terceira e última (E.S.E., cap. I, item 6). Pergunta-se: o que viria fazer na Terra uma Revelação já substituída, que já cumpriu sua missão? Jesus não retornaria? A Palavra é mentirosa? Somente os versículos analisados por Kardec no seu livro são verdadeiros? O que é verdade, o que é mentira na Bíblia? Kardec responde: “No cristianismo encontram-se todas as verdades. São de origem humana os erros que nele se enraizaram” (E.S.E, cap. VI, item 5). Realmente são de origem humana as heresias e extravagâncias teológicas e tudo que é contrário à sã doutrina.
O ESPIRITISMO E A
FEITICEIRA DE EN-DOR
A visita que fez o rei Saul a uma feiticeira, conforme registro em 1 Samuel 28.1-25, tem sido usada pelos espíritas para legitimar a crença da comunicação entre vivos e mortos. Examinemos.
- Deus não responde a Saul
Bem antes de Saul tentar falar com Samuel via feiticeira, a graça de Deus fora tirada de sua vida. Por sua desobediência no caso dos despojos dos amalequitas, o Senhor o repreendeu duramente: “Porque a rebelião é como pecado de feitiçaria… Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei” (1 Sm 15.10-31). Veja 1 Sm 28.16.
Por sua rebeldia, Saul ficou entregue à influência demoníaca (1 Sm 16.14). A partir daí, perdeu o controle, foi tomado por ódio, inveja e ciúmes. Enfurecido, tentou matar Davi por mais de uma vez (1 Sm 18.9-12,17; 19.1). Ele próprio declarou-se angustiado: “Deus se tem desviado de mim e não me responde mais…” (1 Sm 28.15).
Quanto a Deus não responder a pecadores, a Bíblia diz: “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça ” (Is 59.1-2). Deus só aceita orações dos genuinamente arrependidos e humildes (Lc 18.14), e dos que pedem segundo a sua vontade (1 Jo 5.14). O egoísmo, a cobiça, o ciúme e a desobediência endureceram o coração de Saul de forma irreversível. Ele sentiu o desamparo de Deus. As condições para que Deus ouvisse a Saul seriam que ele orasse, buscasse verdadeiramente a Sua face, e se arrependesse com sinceridade de seus maus caminhos (2 Cr 7.14).
Porém, como um abismo chama outro abismo (Sl 42.7), Saul, num último e desesperado gesto de desobediência, resolveu apelar para uma médium espírita na tentativa de falar com o profeta Samuel, já morto. Ora, tal expediente é condenado por Deus na Sua palavra: “Não haja no teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou a filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem FEITICEIRO, nem encantador, nem NECROMANTE, nem mágico, nem QUEM CONSULTE OS MORTOS. O Senhor abomina todo aquele que faz essas coisas…” (Dt 18.10-12). Nessa proibição não foi usada a palavra “espiritismo”, surgida milhares de anos depois, com o advento do kardecismo. Todavia, a idéia está subjacente. Ouçam: “Quando vos disserem: Consultai os médiuns e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram entre dentes, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso a favor dos vivos se consultarão os mortos” (Is 8.19). O envolvimento com médiuns ou necromantes leva à condenação (Is 8.20-22; Lv 19.31; 20.6). Outras referências: Ex 22.18; Jr 27.9; 29.8; Atos 16.16.
Saul, desejando uma resposta de Deus, procurou uma feiticeira, uma necromante, uma mulher que incorporasse algum espírito, uma mulher com “dons” mediúnicos: “Buscai-me uma necromante, para que eu vá a ela e a consulte” (1 Sm 28.7-a). Deus estaria sendo incoerente se atendesse aos caprichos de Saul. Aqui surge a primeira evidência da impossibilidade de haver Samuel se apresentado na sessão espírita sob análise. Para lembrar: “Em favor dos vivos consultar-se-ão os mortos?” (Is 8.19). Logo, Deus não iria legitimar uma prática por Ele próprio condenada.
Além disso, uma das causas da morte de Saul foi haver consultado a feiticeira de En-Dor (cidade da tribo de Manassés), conforme 1 Crônicas 10.13-14. Não há como imaginar uma sessão espírita sendo enriquecida e abençoada com a presença de um mensageiro de Deus. Se permitida tal prática, não precisaríamos mais buscar ao Senhor. Em situações difíceis, cairíamos aos pés de um médium, e diligentemente se apresentariam os santos do Senhor. Então, a Bíblia iria para o lixo e passaríamos a observar outro Evangelho.
- Uma sessão espírita de mentira
Em primeiro lugar, Saul demonstrou ser um hipócrita: mandara eliminar todas as feiticeiras e agora vai a uma feiticeira (1 Sm 28.3,9). Segundo, ele “se disfarçou e vestiu outras vestes, desejando negar sua identidade (v.8); usou falsamente o nome do Senhor, jurando por Ele (v.10). Terceiro, a feiticeira primeiramente disse que viu a Samuel (v. 12), depois disse que viu “deuses que sobem da terra” (v.13); depois, já não eram deuses nem Samuel, mas “um ancião envolto numa capa”(v.14). Quarto, diante dos personagens apresentados, Saul admitiu (“entendeu”) que Samuel estava ali à vista da feiticeira vidente (v.14).
Note-se que a primeira fala de “Samuel” é de insatisfação: “Por que me inquietaste (ou me interrogas) fazendo subir? (v.15). Dois pontos devem ser analisados nessas palavras. Primeiro, se Deus permitira a vinda de Samuel, como Seu mensageiro, o profeta deveria cumprir com alegria a missão recebida, e não se mostraria insatisfeito. O espiritismo afirma que os desencarnados são mensageiros de Deus. Segundo, o entendimento é que quem comandou a “subida” de “Samuel” não foi Deus, mas o pecador Saul. O “ancião envolto numa capa” declarou que Saul o fez subir (v.15). O santo de Deus, o profeta Samuel, estaria à disposição de uma feiticeira e de um rei pecador, a quem Deus não mais respondia. Devemos nos lembrar que a Bíblia sempre fala que o inferno está em baixo, e o céu, em cima. Mas esse “Samuel” subiu, veio de baixo!
Outra pergunta de “Samuel” merece ser comentada: “Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te tem desamparado e se tem feito teu inimigo?” (1 Sm 28.16). Ora, se Deus havia se ausentado de Saul; se este já estava sob condenação; se os ouvidos de Deus estavam tapados ao clamor de Saul (v.6,15,16), como sairia da glória o santo Samuel para prontamente atender a um chamado desse rei, via feiticeira? Se Deus se fizera inimigo de Saul, por que razão Samuel viria atender ao chamado? Que autoridade teriam um rei e uma feiticeira (ou, por extensão, que autoridade têm os médiuns) para convocarem os santos do Senhor?
- A profecia não cumprida
Diz a Bíblia: “Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou? Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou” (Dt 18.21-22). Disse “Samuel” a Saul: “E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo” (1 Sm 28.19). Enquanto o pseudo Samuel estava discorrendo sobre fatos passados, acertou; mas no momento em que falou sobre acontecimentos futuros, foi um desastre. Ele disse: “AMANHÃ estareis comigo”. Ora, os dicionários dizem que amanhã significa “o dia seguinte àquele em que estamos”. Todavia, Saul não morreu no dia seguinte. Vejamos: Um dia se passou, segundo relato em 1 Sm 29.10-11, (levantou-se no dia seguinte de madrugada); três dias se passaram, conforme 1 Sm 30.1 (chegaram ao terceiro dia a Ziclague); um dia se passou em 1 Sm 30.17 (desde o crepúsculo até a tarde do dia seguinte). Saul morreu cinco dias, no mínimo, após a profecia de “Samuel”.
Disse mais “Samuel” a Saul: “Tu e teus filhos estareis comigo” (v.19). Os filhos de Saul eram, no mínimo, oito: Jônatas, Isvi, Malquisua, Merabe, Mical (1 Sm 14.49; 1 Cr 8.33), Armoni, Mefibosete (2 Sm 21.8), Abinadabe (1 Cr 8.33) Is-Bosete, cujo primeiro nome foi Esbaal (2 Sm 2.8). Todavia, apenas três morreram na batalha: Jônatas, Abinadabe e Malquisua (1 Sm 31.2,6; 1 Cr 10.2). Is-Bosete, por exemplo, passados cinco anos da morte de seu pai, reinou sobre Israel durante dois anos, (2 Sm 2.10; 4.7). Outra declaração contraditória: “Estareis comigo”. Por tudo que vimos, Saul não foi para o mesmo lugar onde se encontrava Samuel, que estava no Paraíso, na paz do Senhor (Lc 16.22). Outra inverdade proferida pelo falso Samuel foi que Saul cairia nas mãos dos filisteus (1 Sm 28.19). Saul suicidou-se (1 Sm 31.4-5).
- Outras considerações
Se de fato Samuel apareceu naquela sessão como mensageiro do Senhor, suas profecias teriam sido cumpridas, na íntegra, quanto ao destino de Saul, ao dia da sua morte e ao número de filhos que morreriam na batalha. O próprio Samuel declara em 1 Sm 15.29: “E também aquele que é a Força de Israel não mente…”.
Após censurar com rigor a rebelião de Saul, o profeta disse não voltaria a ele: “Não tornarei contigo” (1 Sm 15.26). De fato, “nunca mais viu Samuel a Saul até ao dia da sua morte…” (v. 35). Logo, não haveria razão para Samuel, após a morte, retornar a Saul. Se retornasse, estaria contrariando sua própria palavra, e, como tal, ficaria desqualificado para agir como mensageiro de Deus.
Se Deus não falava com Saul pelos meios usuais – “ministério dos profetas e sonhos” (1 Sm 28.15) – não falaria através de um meio abominável. O surgimento do profeta naquela sessão espírita estaria legitimando uma nova prática de consulta aos santos do Senhor.
“Por que me interrogas (ou me inquietas) fazendo-me subir?” (1 Sm 28. 15). “Por que, pois, a mim me perguntas?” (1 Sm 28.16). Entende-se que Samuel não viera a serviço do Senhor. Se o profeta estivesse ali em missão divina, jamais afirmaria que Saul “o fez subir”; falaria em nome do Senhor dos Exércitos, como sempre fez. Se Samuel se apresentasse como mensageiro de Deus, Saul estaria diante do interlocutor apropriado, capaz e legítimo. Mas “Samuel” retrucou: “Por que me interrogas?”. Que influência, que força, que poder teriam um homem em pecado e uma médium espírita para trazer do Paraíso um profeta do quilate de Samuel que ouvia a voz de Deus?
Finalmente, se a prática de consultar os mortos tivesse sido validada por Deus, enviando o santo Samuel, não teria sentido a condenação de Saul, como está em 1 Crônicas 10.13: “Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade ao Senhor, e até consultou uma adivinhadora…”.
Portanto, não foi Samuel quem participou daquela sessão espírita. Um demônio ali se manifestou, personificando o profeta. Essa interpretação é reforçada pelos seguintes fatos adicionais: (a) Saul desejou consultar uma mulher que tivesse “o espírito de feiticeira” (1 Sm 28.7), que literalmente significa “uma mulher possuída de Ob”. Essa palavra, “Ob”, “significa um receptáculo feito de peles, e passou a ser aplicado a um homem ou mulher possuídos pelo espírito de necromancia” (O Novo Comentário da Bíblia). Os espíritos familiares àquela mulher não eram os santos do Senhor, mas espíritos da mentira e do engano. (b) O espírito do engano, no intuito de enganar a Saul, aos criados e à feiticeira, apareceu com o semblante de Samuel e certamente imitou a sua voz. Por isso, ela se mostrou assustada: “Quando a mulher viu a Samuel, gritou em alta voz e disse a Saul: Por que me enganaste?” (1 Sm 28.12). (c) A afirmação “estareis comigo”, de “Samuel”, reforça o entendimento de que o diabo estava certo quanto ao destino de Saul. (d) A interrogação “por que me fizeste subir” denota que esse “Samuel” estava em baixo, em regiões inferiores, para onde também iria o rei.
Em Lucas 16.19-31, Abraão negou o pedido do rico para que mandasse o santo Lázaro a Terra. E teria Lázaro a nobre missão de falar de salvação aos irmãos do rico. Nem assim foi possível. Abraão declarou que eles deveriam dar ouvidos a “Moisés e profetas”, meios usuais de consulta (v.29). O rico também se viu impedido de sair do seu lugar. Logo, espíritos humanos, bons ou maus, estão impossibilitados de se apresentarem em sessões espíritas, sejam elas dirigidas por médiuns, feiticeiras, necromantes ou adivinhos.
O ESPIRITISMO E A
“REENCARNAÇÃO” DE ELIAS
O Espiritismo tem usado alguns textos bíblicos sobre João Batista e Elias, para justificar a tese da reencarnação.
Os textos
“Eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor” (Ml 4.5).
“E, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que havia de vir” (Mt 11.14).
“Os discípulos O interrogavam: Por que dizem, pois, os escribas que é mister que Elias venha primeiro? Jesus lhe respondeu: Certamente Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim, farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara a respeito de João Batista”. (Mt 17.10-13).
“Pois [João Batista] será grande diante do Senhor…será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe; e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. Irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos…” (Lc 1.15-17).
Exame
Primeiro – De maneira alguma se lê em Lucas 1.15-17 que João Batista seria uma reencarnação de Elias. Não se encontra nessa passagem qualquer respaldo à falsa tese reencarnacionista, que nunca pôde ser provada, exceto pelas falas dos próprios “espíritos”. Nem direta, nem indiretamente, o anjo Gabriel declara que Elias reencarnaria em João, mas que este teria virtudes idênticas às daquele: “No espírito e na virtude de Elias”; desenvolveria um ministério muito semelhante ao de Elias em termos de garra, ousadia, consagração, unção e sofrimento. Comparemos: semelhança no início de seus ministérios (1 Rs 17.1 – Mt 3.1); Elias repreendeu a Acabe (1 Rs 18.17-18); João, a Herodes (Mt 14.3-4); Elias foi perseguido por Jezabel (1 Rs 19.2-3); João Batista, por Herodias (Mt 14.6-8); os dois viviam de forma austera e discreta.
Segundo – Quando Jesus falou “Elias já veio” (Mt 17.12) e “ele é o Elias que havia de vir” (Mt 11.14), estava em suma dizendo que Elias não ressuscitara como todos esperavam, mas que João Batista desempenhara o papel de precursor do Messias com a mesma coragem, virtude e espírito de Elias. Com estas palavras, Jesus confirmava Lucas 1.17. Situação parecida vamos encontrar em 1 Reis 2.15: “O espírito de Elias repousa sobre Eliseu”. Esta declaração foi proferida pouco tempo depois de Elias ter sido arrebatado ao céu num redemoinho (v.11). Pode-se interpretar de forma literal essa passagem? Não. Não se tratava de reencarnação porque Eliseu já possuía o seu “desencarnado” nele encarnado, se fosse o caso. Os dois viveram numa mesma época. Um não podia ser encarnação do outro; não se trata de possessão mediúnica, ou seja, Eliseu não havia incorporado o espírito de Elias, por óbvias e irrefutáveis razões. É importante observar que os discípulos interpretaram muito bem as afirmações de Jesus, pois “entenderam que lhes falara a respeito de João Batista” (Mt 17.13). Ou seja: entenderam corretamente que Elias não veio; que quem estava ali não era Elias, mas o próprio João Batista.
Terceiro – Ainda em nossos dias usamos esse estilo de expressão: “Nunca mais surgirá um Rui Barbosa”. “O Ronaldinho é um verdadeiro Pelé”; “Quando surgirá um Mané Garrincha?”. São termos comparativos. [Se acreditais na vinda de um Elias], “e, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que havia de vir” (Mt 11.14). Por suas mensagens vibrantes e seu corajoso desempenho diante de situações difíceis, Elias tornou-se símbolo dos profetas. Moisés, por exemplo, era símbolo da Lei (Lc 16.31). As profecias sobre a vinda de Elias não se contradizem. Muito pelo contrário. Vejam: Malaquias 4.5: “Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor; e converterei o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição”. Lucas 1.15-17: “Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto”. João Batista seria semelhante em muitos aspectos ao destemido profeta Elias. Logo, as profecias da vinda de Elias se cumpriram em João Batista. Portanto, Elias veio representado, não encarnado, na pessoa de João, o Batista (Mt 11.14 e 17.10-13).
Quarto – O francês Hippolyte Leon Denizart Rivail soube ser ele a reencarnação dum poeta celta chamado Allan Kardec. Ora, se a crença da reencarnação fosse assim tão difundida e aceita; se Jesus fosse um médium; se vivessem os apóstolos nesse clima de experiências espirituais, João Batista, como aconteceu com Kardec, seria o primeiro a saber que ele não era ele mesmo. Mas vejam:
“Perguntaram-lhe [a João Batista]: Então quem és? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Não”. E como insistissem para saber quem ele era, respondeu com as palavras do profeta Isaías: “Eu sou a voz do que clama no deserto. Endireitai o caminho do Senhor. Perguntaram-lhe. Então por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? João respondeu: Eu batizo com água, mas no meio de vós está alguém que não conheceis. Este é aquele que vem após mim, do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias” (Jo 1.21-27).
João responde aos que procuram apoio bíblico para a tese da reencarnação: EU NÃO SOU ELIAS. João era bastante sincero e firme em suas declarações. Se ele realmente tivesse dúvidas ou não soubesse, certamente responderia: Eu não sei se sou Elias. Ora, um profeta que anuncia a vinda de um Salvador até então desconhecido (“alguém que não conheceis”); que teve a humildade de sair de cena no momento em que Jesus iniciou seu ministério (Jo 3.30); que conhecia a missão que lhe fora confiada, a de preparar os corações para receber as Boas Novas (Is 40.3); um profeta cheio do Espírito Santo (Lc 1.15); que recebeu público reconhecimento de Jesus (Mt 11.11), um profeta assim só poderia responder com absoluta convicção. Devemos crer nas suas palavras, ou seja, que ele não era nem nunca foi Elias.
Quinto – Por ocasião da transfiguração de Jesus, quando apareceram Moisés e Elias (Mt 17.3) João Batista já havia morrido, pois fora decapitado por ordem de Herodes (Mt 14.10). Ora, João era quem deveria aparecer ali, e não Elias, segundo a tese reencarnacionista. Na questão 150 do Livro dos Espíritos lê-se que a alma “tem um fluído que lhe é próprio, colhido na atmosfera de seu planeta, e que representa a aparência de sua última reencarnação”. Então, a última aparência daquela alma, que em determinado momento recebeu um corpo humano e se chamou Elias, seria a de João Batista. O que significa dizer que, sob o ponto de vista da própria teoria espírita, João Batista nunca foi Elias reencarnado.
Sexto – A teoria da reencarnação fundamenta-se no ciclo “morrer-renascer-morrer”, ou seja, sucessivas mortes e sucessivos renascimentos. No monumento sobre o túmulo de Allan Kardec, no cemitério de Pére Lachaise, em Paris, está escrito: “Nascer, morrer, renascer ainda é progredir sempre: esta é a lei”. Leia-se: “A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, 90a Edição, 1985, p.88). Para um espírito retornar à vida corpórea é preciso que tenha desencarnado, isto é, que o corpo haja descido ao pó, exceção somente admitida no caso da primeira encarnação, no estado em que a alma é “simples e ignorante”, tudo de acordo a teoria espírita. Como Elias não morreu, mas foi por inteiro trasladado ao céu (2 Rs 2.11), não há como imaginar que tenha reencarnado em João Batista. Seria uma tremenda incongruência.
Cumpriu-se com Elias o que está escrito em Hebreus 9.27: “E, como aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo…”. Quando a Bíblia fala em “homem” está se referindo à parte física, o corpo, mais a parte imaterial, o espírito. Na morte, o espírito separa-se do corpo e fica aguardando o julgamento divino. O profeta Elias não precisou passar pela morte. Foi direto para o céu.
Finalmente, entendo que Jesus deu a exata dimensão e interpretação da profecia de Malaquias 4.5. Confirmando a profecia do anjo – “[João Batista virá] no espírito e virtude de Elias” -, Jesus declarou que João Batista representava o Elias que haveria de vir: “É este o Elias que havia de vir” (Mt 11.14). Isto é, a profecia a respeito da vinda de Elias foi cumprida na pessoa de João Batista.
O ESPIRITISMO E A
RESSURREIÇÃO DE JESUS
Espiritismo kardecista e Espiritismo Cristão são a mesma coisa. Difícil mesmo é encontrarmos, nesse sincretismo proposto, algo que possa conciliar Cristianismo e Espiritismo.
Surpreende qualquer um o fato de não haver Allan Kardec feito qualquer menção à ressurreição de Jesus, no seu livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Ora, a ressurreição de Jesus é doutrina fundamental do Cristianismo. Se Ele não tivesse ressurgido dos mortos, então não seria o Messias prometido, e suas palavras não teriam nenhum sentido. Também no Livro dos Espíritos os “espíritos” nada dizem a respeito desse assunto importantíssimo para a comunidade cristã.
Ao contrário, o codificador da doutrina espírita manifesta sua incredulidade quanto à possibilidade de um corpo morto voltar à vida, quando declara que:
…”a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos” (E.S.E. cap. IV, item 4). Com essas palavras o Espiritismo descarta a possibilidade da ressurreição de Jesus.
O Espiritismo Cristão ou Kardecista deveria aceitar como verdadeiras, por óbvias razões, todas as palavras de Jesus. Quem afirmou isso foi o próprio Kardec ao dizer que Jesus foi a Segunda Revelação de Deus; que Jesus foi um Espírito Puro, que veio à terra com a missão divina de ensinar aos homens. Tais virtudes e títulos colocam Jesus numa condição de insuspeito em tudo aquilo que nos revelou. Então, vejamos o que Jesus e os evangelistas disseram sobre o assunto:
“Mas, depois de eu ressuscitar, irei adiante de vós para a Galiléia” (Palavras de Jesus, Mt 26.32).
“Desde então, começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia” (Palavras do evangelista, Mt 16.21).
“E o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem, e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará” (Palavras de Jesus, Mt 20.19).
“Derribai este templo, e em três dias o levantarei” (Jesus, Jo 2.19). “Quando, pois, ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isso” (Evangelista, Jo 2.22).
“Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dos mortos” (Evangelista, Mt 28.6-7).
Além desses registros, dentre outros, que comprovam a predição e o cumprimento da ressurreição de Jesus, outras passagens mostram que Ele falou sobre uma futura ressurreição: “Os que fizeram o bem sairão [dos sepulcros] para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28-29; 6.39-40, 44,54). A Ressurreição coletiva ensinada por Jesus é detalhada por Paulo em 1 Tessalonicenses 4.16: “Os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”(v.1Co 15.23); e em Apocalipse 20.4-5, 12-13, que corroboram o ensino da ressurreição coletiva, no Juízo. Tais afirmações são sintetizadas em Hebreus 9.27: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”.
No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI-5, Kardec registrou a palavra de um “espírito”, que diz ser Jesus, nos seguintes termos:
“Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal… Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! Pois que A MORTE É A RESSURREIÇÃO, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro… Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: <Irmãos! Nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade> (O Espírito de Verdade – Paris, 1860)”.
Esse “Jesus” do Espiritismo trouxe uma palavra um tanto diferente do Jesus bíblico. Vejamos:
- Jesus disse que viria com todos os santos anjos para julgar. Os condenados seriam enviados para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25.31,32,41). O “Jesus” de Kardec disse que “meu Pai não quer aniquilar a raça humana”. É claro. Deus não deseja a condenação de ninguém, mas fará justiça segundo a Sua palavra.
- Jesus nos ensinou na história do rico e Lázaro que os mortos não podem ajudar os vivos (Lc 19.19-31). O “Jesus” de Kardec exorta mortos e vivos a uma mútua ajuda.
- O “Jesus” de Kardec conclama a todos para não mais ouvirem a voz dos profetas e dos apóstolos, e sim a voz dos mortos. O Jesus bíblico, pela história de rico e Lázaro, ensina que devemos ouvir Moisés e os profetas, ou seja, a Palavra (Lc 16.29). Já ressurreto, recomendou que o Seu evangelho fosse pregado em todo o mundo (Mt 24.14).
- O “Jesus” de Kardec declara que a morte é a ressurreição, tentando com isso afirmar que “com a morte do corpo, o Espírito liberta-se para o plano espiritual”, o que significaria uma ressurreição. Jesus bíblico afirmou que a verdadeira ressurreição dar-se-á num momento futuro, e não logo após a morte: “Pois vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua [a de Jesus] voz e sairão” (Jo 5.28). Aqui Jesus fala de ressurreição corporal, idêntica à dEle. Ressurreição não é, como entende os espíritas, a libertação do espírito. Assim fosse, cada um teria sua ressurreição individual. Jesus afirmou que haverá um dia determinado para a ressurreição (Jo 5.25; 6.44,54; 1 Ts 4.16-17).
- O “Jesus” de Kardec falou de dois mandamentos: (a) Os espíritas deverão amar uns aos outros; e (b) todos devem adquirir conhecimento. O Jesus bíblico citou mandamentos diferentes: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento; amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.37-40).
- O “Jesus” de Kardec disse que o caminho que conduz ao reino de Deus é “reto e largo”. O Jesus da Bíblia disse que “estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida” (Mt 7.14). É evidente que o caminho indicado pelo Espiritismo é largo, folgado, sem dificuldades: sem pecado, sem inferno, sem juízo final, sem necessidade de perdão, todos atingirão a plenitude, o clímax, a perfeição, mediante sucessivas reencarnações.
Os kardecistas, no afã de buscarem na Bíblia passagens que legitimem a crença reencarnacionista, citam Primeira aos Coríntios 15.50: “E agora digo isto, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus…”. Com isso, tentam convencer de que não pode haver ressurreição corporal. Acontece que fecham a Bíblia muito cedo e não lêem o versículo seguinte em que Paulo diz que “todos seremos transformados”. E tudo isso é um mistério como bem diz o autor da epístola. Mas a Bíblia permite-nos avançar um pouco.
A ressurreição é do corpo. Espírito não ressuscita porque tem vida eterna. Ressurgir significa tornar a surgir. Não se pode empregar este termo com relação aos espíritos humanos, que não morrem. Retornando ao mistério, os mortos em Cristo ressuscitarão, porém num corpo transformado; um corpo glorioso, poderoso, espiritual, adequado às regiões celestiais. O corpo será o mesmo que desceu à terra, porém revestido de incorruptibilidade, de imortalidade. Daí haver Paulo dito: “os mortos ressuscitarão incorruptíveis” (1 Co 15.52). São os mortos que ressuscitarão, e não os espíritos. A ressurreição dos crentes será a grande vitória sobre a morte. Assim como Cristo venceu a morte, nós, com Ele, venceremos (1 Co 15.54; Hb 22.14).
Quando a Bíblia fala em ressurreição dos mortos está se referindo à ressurreição corporal destes. Vejam: “Assim também será a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor” (1 Co 15.42-43). Mais uma vez temos aqui a evidência da transformação “dos corpos”.
Com relação ao aparecimento corporal de Jesus pós-ressurreição, o Espiritismo atribui o evento à ectoplasmia, ou seja, a capacidade que tem o espírito de materializar-se; e citam como prova Mateus 27.52-53. Nada mais fantasioso do que esse argumento. A passagem apresentada como prova é um prenúncio da ressurreição coletiva dos crentes, quando da vinda de Jesus. Lê-se, ali, que os mortos saíram dos sepulcros logo após a ressurreição de Jesus. Se considerada a hipótese de materializações ou de perispíritos, não haveria necessidade de os corpos reviverem, porque as materializações se processariam independentes do corpo morto.
Outra dificuldade do Espiritismo Cristão ou Kardecista é quanto ao desaparecimento do corpo de Jesus. Onde está Seu corpo? O sepulcro onde O puseram estava fortemente guardado, segundo a Escritura do Novo Testamento (Mt 27.64-66). A ninguém interessava roubar o corpo de Jesus; nem aos seus discípulos, fracos, perseguidos e desanimados; nem aos seus inimigos, temerosos de que o corpo desaparecesse (Mt 27.64).
Entenda-se que a redenção em Jesus não se limita ao espírito recriado. Deus deseja que seu plano de redenção alcance todo o homem, assim compreendido corpo, alma, espírito. Vejam: “E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo Espírito que em nós habita” (Rm 8.11); …”e também nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23).A trasladação de Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5) e Elias (2 Rs 2.11) confirma a possibilidade da ressurreição corporal.
O mais sensato, porque verdadeiro, é admitirmos que Jesus ressuscitou corporalmente, apareceu a centenas de pessoas, e virá em glória, segunda vez, para arrebatar a sua Igreja. Nesta ocasião, haverá uma ressurreição coletiva dos santos, segundo a Escritura (1 Ts 4.16-17). No final dos tempos, após o Seu reinado de mil anos, os ímpios também ressuscitarão, coletivamente, para receberem a condenação eterna (Ap 20.5).
O ESPIRITISMO E A
RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
A ressurreição de Lázaro tem sido um “nó” difícil de ser desatado ou algo difícil de ser deglutido pelos espíritas, como o foi para Allan Kardec.
Para o kardecismo, Jesus foi:
(a) Um espírito muitíssimo evoluído que atingiu o mais elevado grau de perfeição.
(b) “Um iniciador da mais pura, da mais sublime moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos…”
(c) Um homem que veio ensinar a JUSTIÇA de Deus.
(d) Um homem que veio ensinar TODAS AS VERDADES, porque “no Cristianismo se encontram todas as verdades”.
(e) Jesus foi “A Segunda Revelação de Deus”; a Primeira, Moisés; a Terceira e última, o Espiritismo (O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Introdução e cap.I)
Diante de tantas qualidades morais e espirituais atribuídas pelo Espiritismo a Jesus, não há como admitir que Ele tenha proferido alguma palavra mentirosa. Se mentiu em alguma coisa; se não levou a sério o Seu ensino; se ensinou alguma coisa errada, então nunca foi um “Bom Espírito”, um Espírito puro. Se não confiarmos na “Segunda Revelação de Deus”, como confiaríamos na “Terceira Revelação”, o Espiritismo? Se o Jesus de Kardec mentiu ou falhou, como acreditarmos seja o Espiritismo o Consolador prometido?
Daí porque todos os espíritas deveriam observar com muito cuidado as palavras de Jesus, tudo o que Ele disse, todas as verdades contidas no Seu Evangelho. Daí porque, também, devemos nós evangélicos, em nossa conversa com os espíritas, fazê-los lembrar dessas premissas, do entusiasmo com que Kardec falou de Jesus e da imperiosa necessidade de levar em consideração tudo o que Ele falou.
Lázaro está morto
Feitas essas considerações, passemos ao caso de Lázaro. Vejamos o relato bíblico, segundo João 11.1-44.
“Então Jesus disse claramente: Lázaro está morto… “Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido enterrado…Disse Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá. Disse Jesus: Teu irmão ressurgirá. Respondeu Maria; Eu sei que ressurgirá na ressurreição, no último dia. Disse Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida: Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. Disse ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”.
Perguntou Jesus [referindo-se ao cadáver de Lázaro : “Onde o puseste? Tirai a pedra. Disse Marta, irmão do morto: Senhor, já cheira mal, pois é o quarto dia. Então Jesus lhe disse: Não te disse que se creres verás a glória de Deus?” Após uma breve oração, Jesus clamou em alta voz: “Lázaro, vem para fora. O morto saiu, tendo as mãos e os pés enfaixados, e o rosto envolto num lenço…”
Jesus soube primeiramente que Lázaro estava enfermo (Jo 11.3), mas passados alguns dias Jesus revelou aos discípulos que ele havia morrido. Jesus foi o primeiro a saber da morte de Lázaro, confirmada depois por Marta, Maria, e pelos judeus ali presentes (Jo 11. 21, 32, 37).
Quando os espíritas afirmam que Lázaro não morreu, mas que sofrera um ataque de epilepsia, e, por ignorância da época, fora enfaixado e colocado vivo no sepulcro, se não se trata de má fé, trata-se de uma afirmação inconseqüente.
Ao sustentar que Lázaro não morreu, e nesse caso Jesus teria ressuscitado um vivo, os espíritas que assim procedem colocam-se em posição de confronto com o “mestre” Kardec, que declarou: “A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro”. Antes de declarar-se convencido da ressurreição de Lázaro, Kardec, contradizendo-se, declarou que “a Ciência demonstra ser materialmente impossível [a ressurreição] sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. IV).
Dificuldades
Reconheço a situação: se por um lado não desejam um confronto com o seu mestre Kardec, que de forma indireta revelou que Jesus não pode mentir; por outro, não podem admitir a ressurreição de Lázaro pelos seguintes motivos: (a) admiti-la implicaria em aceitar, também, a ressurreição corporal de Jesus, (b) em acatar as demais ressurreições bíblicas, (c) e em admitir a possibilidade de uma ressurreição coletiva na Segunda vinda de Jesus, conforme 1 Tessalonicenses 4.16-17.
Não há dúvidas de que as evidências das ressurreições bíblicas e a promessa de uma ressurreição coletiva na volta de Jesus, colocam em xeque-mate a crença reencarnacionista, coluna vertebral do kardecismo. Na reencarnação o espírito volta em outros corpos; na ressurreição, o espírito retorna ao corpo original.
A ressurreição de Lázaro é o que há de mais claro na Bíblia, e tem uma história: Lázaro ficou enfermo; faleceu; foi colocado no jazigo, onde passou quatro dias; sua irmã Marta disse que o corpo estava em estado de decomposição, pois “já cheirava mal”. Além disso, temos o atestado de óbito do insuspeito Jesus, que declarou com todas as letras: LÁZARO ESTÁ MORTO (Jo 11.14). A Bíblia diz que essa afirmação de Jesus foi de forma clara.
O inconsistente argumento segundo o qual Lázaro sofrera de um ataque epilético não encontra acolhida numa mente sã. Se válido tal raciocínio, deveríamos considerar que os judeus não faziam a menor diferença entre um corpo vivo e um corpo morto. Teríamos de negar as seguintes ressurreições e admitir que essas pessoas estavam vivas, e que, nos casos a seguir, Jesus, Elias, Eliseu, Pedro e Paulo ressuscitaram quem não havia morrido:
- O filho da viúva de Serepta, ressuscitado pelo profeta Elias (1 Rs 17.19-22)
- O filho da sunamita, ressuscitado pelo profeta Eliseu (2 Rs 4.32-35)
- O defunto na cova de Eliseu (2 Rs 13.21)
- A filha de Jairo (Mc 5.21-23, 35-41)
- O filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17)
- A discípula chamada Tabita, ressuscitada por Pedro (At 9.36-43)
- Uma ressurreição coletiva logo após a morte de Jesus (Mt 27.52)
- A ressurreição do jovem Êutico, pelo apóstolo Paulo (At 20.9).
O Ladrão na Cruz
Outra dificuldade surge pelo fato de buscarem na Bíblia apoio ao ensino da reencarnação, e, com isso, serem obrigados a reconhecerem as verdades contidas nas sagradas Escrituras, porquanto elas não podem ser metade verdade, metade mentira. Uma passagem bíblica que diverge frontalmente da teoria da reencarnação é a declaração de Jesus na cruz, quando Ele disse ao ladrão que se arrependeu: “EM VERDADE TE DIGO QUE HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO” (Lc 23.43).
Segundo os kardecistas esse ladrão teria que sofrer inúmeras reencarnações, viver muitas vidas até se considerar puro o bastante para viver ao lado dos Bons Espíritos. Mas o que aconteceu não foi assim. O “Espírito Puro”, Jesus, declarou ao ladrão que o levaria consigo para o céu. Uma das mais hilariantes objeções que conheci de um espírita foi a que Jesus teria dito ao ladrão: “Em verdade de digo hoje: Estarás comigo no paraíso”. Ora, Jesus poderia ter dito “Amanhã te digo: estarás comigo paraíso” ou “Ontem te digo: estarás comigo no paraíso”?
Inconseqüente é o argumento de que os dois (Jesus e ladrão) não poderiam subir juntos naquele dia porque a ressurreição de Jesus deu-se três dias depois. Contra isso, o próprio Jesus responde: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). O Seu corpo baixou à sepultura, mas o Seu espírito foi para o céu.
Admitamos que Jesus tenha declarado que o ladrão iria purificar-se depois de muitas reencarnações, e por isso usou o verbo no futuro, ou seja, “estarás comigo”. Ora, pensando assim, Jesus teria dito o óbvio, porque “mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições” (Ibidem, cap. V-10). Seria portanto completamente dispensável a declaração de Jesus, como seria dispensável o pedido do ladrão: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino” (Lc 23.42). Segundo os “espíritos”, iremos para o céu nem que seja na marra.
Se Jesus estivesse de acordo com o que ensinam os espíritos de Kardec, certamente diria aos dois ladrões: “Vocês não fiquem preocupados; não há necessidade de pedir-me qualquer coisa; vocês voltarão inúmeras vezes à vida corpórea para se livrarem de suas imperfeições, mas no final alcançarão a tão almejada pureza. Também passei por essas provas. Por isso, não precisam demonstrar arrependimento pelo que vocês fizeram. Morram tranqüilos”.
Não seria muito mais fácil e correto entendermos que através do arrependimento recebemos o perdão, e perdoados alcançaremos a Vida Eterna? Não seria mais razoável seguirmos a recomendação da “Segunda Revelação de Deus”, daquele que alcançou o “mais elevado grau na hierarquia dos Espíritos”, segundo Kardec, e levarmos em conta as Suas palavras sobre arrependimento e perdão? Vejam o que Ele disse:
“Arrependei-vos, pois está próximo o reino dos céus” (Mt 4.17).
“Antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lc 13.3).
“Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados – disse ao paralítico – levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa” (Mt 9.6).
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
O ESPIRITISMO E O
SOFRIMENTO DE JESUS
O Espiritismo ensina que a encarnação é necessária aos Espíritos como imposição de Deus
“para fazê-los chegar à perfeição”. Mas para isso, “devem eles passar por todas as vicissitudes da existência corpórea”. “Os sofrimentos da vida são, por vezes, conseqüência da imperfeição do Espírito: quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos”. (Questões 132 e 133 do Livro dos Espíritos, de Allan Kardec).
Esse caminhar por vidas corpóreas seria necessário porque “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem ciência. A cada um deu uma missão, com o fim de esclarecê-los e fazê-los chegar, progressivamente, à perfeição pelo conhecimento da verdade e para aproximá-los de si. Os Espíritos adquirem esses conhecimentos passando por provas que Deus lhes impõe” (Livro dos Espíritos, questão 115).
Os Puros Espíritos fazem parte da classe mais elevada, da primeira classe, e atingiram essa posição porque “percorreram todos os degraus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria, e, tendo atingido a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, NÃO TÊM MAIS QUE PASSAR POR PROVAS OU EXPIAÇÕES. Não mais sujeitos a reencarnação em corpos perecíveis, vivem a vida eterna, que realizam no seio de Deus” (Livro dos Espíritos, questão 113 – o realce é meu).
Kardec disse que a autoridade de Jesus originou-se da “natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina”, e que a “lei do Novo Testamento teve sua personificação em Cristo”, na qualidade de segunda revelação de Deus (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I-4,6). Jesus “foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos… foi o iniciador “de uma perfeita moral” (Ibidem, cap I-9).
Conforme a visão kardecista, foi dura a caminhada de Jesus até chegar ao seu ponto máximo de perfeição. Até ser considerado um Espírito Puro, teria passado por inúmeras vidas corpóreas. Foi, quem sabe, escravo de um senhor rude e cruel; trabalhador braçal na construção de castelos reais; uma mulher desamparada ou uma viúva pobre em algum lugar da África. Vencidas essas provas indispensáveis ao seu aperfeiçoamento – e já na condição de Espírito Puro – achou graça diante de Deus, que o escolheu para uma missão divina da mais elevada importância. Então, Jesus não teria vindo para mais uma prova, eis que não havia nele imperfeições a serem removidas, como bem disseram os desencarnados: “A autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua MISSÃO DIVINA” (Ibidem, cap. I-4, Kardec, realce meu). A pureza de Jesus seria de tal forma que Deus o escolhera dentre muitos outros Espíritos Puros, eis que estaria Ele no ponto mais elevado da hierarquia espiritual, tudo segundo a visão kardecista.
Ora, depois de tanto sofrimento, ou melhor, depois de sofrer tantas encarnações para aperfeiçoar-se, nada mais justo da parte de Deus do que premiar esse Espírito, que em determinada etapa chamou-se Jesus, com a sublime missão de dar início à “mais pura e mais sublime moral, da moral evangélico-cristã” (Ibidem, cap. I-9).
Refutação
Todavia, há alguns tropeços no percurso desse raciocínio. Primeiro tropeço é quanto à missão de Jesus, que não veio só para ensinar uma elevada moral. Vejam o que Ele diz no começo do Seu ministério: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração; a pregar liberdade aos cativos; e restauração da vista aos cegos; pôr em liberdade os oprimidos; e anunciar o ano aceitável do Senhor… hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos” (Lucas 4.18,19,21; Isaías 61.1).
O segundo tropeço é quanto às Boas Novas trazidas pelo Senhor Jesus que não se resumiram a questões de ordem moral, como foi soprado pelos desencarnados. O Senhor Jesus operou milagres sem conta; ressuscitou mortos, curou leprosos, cegos, surdos e paralíticos; perdoou pecados; expulsou demônios; acalmou tempestade; andou sobre o mar; multiplicou pães e peixes para alimentar milhares de pessoas. Nenhum desses milagres pôde ou pode ser explicado pelo cientificismo do kardecismo. “E, onde quer que entrava, ou em cidade, ou em aldeias, ou no campo, apresentavam os enfermos nas praças e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste, e todos os que lhe tocavam saravam” (Marcos 6.56). “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem” (João 21.25).
O Ensino de Jesus
Outra pedra de tropeço são os ensinos de Jesus sobre os assuntos a seguir, para os quais o kardecismo tem ouvidos moucos ou apresenta interpretações equivocadas:
Primeiro, ao dizer “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida, e ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14.6), o Senhor Jesus coloca por terra a intenção do Espiritismo de ser a “Terceira Revelação de Deus, não tendo a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu” (E.S.E.,cap. I-6). O Cristianismo rejeita os ensinos dos “Espíritos” e reconhece que “toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16-17).
Segundo, Jesus ensinou que há dois tipos de homens: os salvos (Mateus 25.31-34) e os perdidos (Mateus 7.13-14; 25.46). Este ensino nocauteia a afirmação kardecista de que “todos os Espíritos tornar-se-ão perfeitos” (Quesito 116 do Livro dos Espíritos).
Terceiro, Jesus ensinou que o perdão de Deus é necessário à salvação do homem (Mateus 6.12; Lucas 23.34). Os “mensageiros do Céu”, todavia, ensinam que basta ao Espírito aceitar as provas de múltiplas encarnações, porque somente “submetendo-se à prova de uma nova existência” a alma pode depurar-se (Livro dos Espíritos, questão 166). E as vozes do além arrematam: “Em cada nova existência o Espírito dá um passo na via do progresso. E quando se houver despojado de todas as impurezas, não mais necessitará das provas da vida corpórea” (L.E.,questão 168). E dizem ainda que somente depois da última encarnação é que o Espírito se torna feliz e puro (L.E.,questão 170). Com essas afirmações, Kardec anulou a natureza do perdão de Cristo, e desprezou, também, a eficácia do Seu sacrifício. Segundo esse raciocínio, o ladrão da cruz, perdoado por Jesus, teria ido para o paraíso levando impureza e infelicidade (Lucas 23.43).
Quarto, Jesus ensinou que retornará não mais para trazer Boas Novas, mas para JULGAR. Como resultado desse julgamento muitos irão para o “fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25.31,32,41,46). Estas declarações são um xeque-mate em algumas teses kardecistas. Ele afirma que voltará. O que virá aqui fazer a “Segunda Revelação” já devidamente substituída pela “Terceira”? Segundo, Ele diz que virá para julgar, e que esse julgamento dar-se-á em determinado momento, esclarecendo que haverá um Juízo Final. Ora, tal ensino não faz parte da literatura kardecista, onde se lê que “todos os Espíritos tendem à perfeição e Deus lhes fornece os meios pelas provas da vida corpórea, mas na sua justiça reserva-lhes, em novas existências, a tarefa de realizar aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova” (L.E., quesito 171). Se admitida a tese defendida pelos “espíritos”, o Senhor Jesus adiaria o Juízo para uma data indefinida, e ficaria aguardando o momento em que todos alcançassem a perfeição – o que os espíritas chamam de “uma nova chance”. Se fosse assim, não haveria necessidade de Juízo Final, porque com Jesus ou sem Jesus todos caminhariam para um mundo ditoso. O Senhor Jesus também falou em “fogo eterno”, ou seja, em castigo eterno num lugar previamente preparado. Ora, o kardecismo, como se sabe, não admite a existência de castigos eternos, pois a justiça da reencarnação estaria no fato de que todos terão oportunidades iguais de limpar suas imperfeições. Seguindo o raciocínio kardecista, quando o Senhor Jesus retornar para julgamento muitos espíritos estarão no meio do caminho rumo à perfeição, fazendo parte da classe dos “levianos”, “perturbadores” e “impuros” (L.E. quesitos 102-106). Como ficarão estes? Seriam salvos assim mesmo? Não mais precisariam reencarnar para serem puros? Seria uma exceção à regra da reencarnação? Ou admitem que o Senhor Jesus mentiu ao dizer que retornaria (João 14.3)? Pode mentir Aquele que veio “ensinar aos homens uma elevada moral”, como afirmou Kardec? Além do mais o Senhor Jesus falou que o “fogo eterno está preparado para o diabo e seus anjos”. Seriam estes os Espíritos imperfeitos, impuros e levianos que ainda não se aperfeiçoaram, conforme declarou Kardec? O Senhor Jesus arremata: “Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no unigênito Filho de Deus” (João 3.18). Disse mais: “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno” (Mateus 23.33). Como se vê, a Palavra fala em CONDENAÇÃO, sinônimo de castigo eterno, inferno e Juízo Final. Os “Espíritos” de Kardec não querem nem ouvir falar nisso. Será porque em casa de enforcado ninguém fala em corda? Vejam o que dizem: “Os Espíritos não ficam perpetuamente nas camadas inferiores; todos eles tornar-se-ão perfeitos. Mudam de classe embora devagar” (L.E., questão 116). Pelo visto o Senhor Jesus, quando vier, vai ter que ficar esperando muito tempo. Quem está mentindo: Jesus ou os “desencarnados”?
O Perdão dos Pecados
O Senhor Jesus declarou que tem poder sobre o pecado. “Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados”. E pensaram os escribas: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” Então disse Jesus: “Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados [disse ao paralítico]: A ti te digo, levanta-te toma o teu leito, e vai para tua casa” (Marcos 2.5-12). Ficou claro que o Senhor Jesus pode perdoar e, desculpem-me pelo óbvio, quem recebe o Seu perdão fica realmente perdoado. Mas em qual etapa da tese reencarnacionista entraria a necessidade de perdão? Para que serviria o perdão se a perfeição será alcançada de qualquer modo via novas encarnações, mediante as provas de novas vidas aqui na terra? Com seus pecados perdoados ou não aquele paralítico não iria ser aperfeiçoado? A expressão “Espiritismo Cristão” não estaria portanto mal colocada?
O Sofrimento de Jesus
Outra dificuldade de conciliar Cristianismo e Espiritismo diz respeito ao sofrimento de Jesus. Como vimos, a “natureza excepcional do seu Espírito” e a sua divina missão de ensinar uma elevada moral à humanidade, como definiu Kardec, garantir-lhe-iam, pelo menos, uma vida terrena livre de qualquer sofrimento. Não foi o que aconteceu. Ainda criança, Herodes tentou matá-lo (Mateus 2.13); viveu uma vida sem descanso e sem bens materiais (Mateus 8.20); seus irmãos não criam nEle (João 7.5); foi duramente criticado e perseguido pelos fariseus, que desejavam tirar Sua vida (João 11.53); foi traído por um de seus apóstolos (Mateus 26.16); angustiou-se no Getsêmani, “e o seu suor tornou-se grandes gotas de sangue que corriam até ao chão” (Lucas 22.44); sem justa causa, foi preso e condenado à morte (Lucas 22.54; 23.25); não recebeu o apoio de seus discípulos quando foi preso (Mateus 26.56, 70, 72, 74); foi escarnecido, humilhado, açoitado, cuspido, e recebeu na cabeça uma coroa de espinhos (Mateus 27.26-30); finalmente, foi crucificado. Seu sofrimento na cruz é indescritível (Mateus 27.32-56).
Levando em conta a crença espírita, Jesus teria passado por todos os estágios da escala espiritual até chegar à plena perfeição. Inicialmente “alma simples e sem ciência”, Ele teria experimentado muitas lutas e vicissitudes em muitas vidas corpóreas, havendo subido de degrau em degrau na hierarquia espiritual. Já no topo da escada, recebe não mais uma prova, mas uma MISSÃO. Tal dissertação da vida espiritual de Jesus está acorde com a afirmação de um espírita cristão. Quando lhe perguntei se, no entender do kardecismo, Jesus teria sido um homem como outro qualquer, que mediante muitas vidas corpóreas atingiu o mais alto grau de perfeição, ele me respondeu afirmativamente.
Os “espíritos” disseram a Kardec que “para chegar a essa perfeição devem eles passar por todas as vicissitudes da existência corpórea”; que “todos são criados simples e ignorantes…”; que “os sofrimentos da vida são, por vezes, conseqüência da imperfeição do Espírito” porque “QUANTO MENOS IMPERFEIÇÕES, TANTO MENOS TORMENTOS” (realce meu – L.E.,quesitos 132 e 133). Disseram também que os Espíritos Puros, da primeira classe, já “percorreram todos os degraus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo atingido a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, NÃO TÊM MAIS QUE PASSAR POR PROVAS OU EXPIAÇÕES” (realce é meu – L.E., quesito 113).
Se correta essa tese, Jesus não mais precisaria passar por provas. Aliás, um certo “Espírito”, a quem Jesus chamou de Satanás, tentou interromper Seus sofrimentos e até ofereceu-Lhe riquezas (Mateus 4.8-11).
Algumas indagações são necessárias: (a) O carma de Jesus não estaria completamente limpo, o que exigiu mais sofrimento? Tal hipótese não se harmoniza com a “natureza excepcional de seu Espírito”, nem com a missão divina a Ele confiada (E.S.E., cap I-4). (b) Jesus era realmente um “Espírito Puro”, mas por sua livre vontade aceitou e buscou o sofrimento para purificar-se mais ainda? Tal hipótese colide com a declaração kardecista de que os puros estão no último degrau da escala e não mais necessitam de provas.
A Verdade
A verdade é que Jesus não sofreu e não morreu crucificado para “expungir” suas próprias imperfeições. Perfeito como era, não precisou de sacrifícios para limpar Seu carma ou para elevar-se na escala espiritual. “Verdadeiramente, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades” (Isaías 53.4-5). Ele veio para “salvar o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1.21). Ele é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29), “para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Ele “morreu por nossos pecados”; não morreu na cruz para seu próprio progresso (1 Coríntios 15.3). Ele “se deu a si mesmo por nossos pecados…” (Gálatas 1.4). “Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós… o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano…levando ele mesmo seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro…” (1 Pedro 2.21-24).
A encarnação do Verbo, seu sofrimento e morte, fizeram parte do plano divino para a salvação dos homens. Esse plano começou a ser revelado a partir da queda de Adão, conforme predito em Gênesis 3.15, onde a “semente da mulher” ferirá a cabeça da serpente. Na revelação progressiva, o Messias se apresenta como homem de dores, servo sofredor, traspassado por nossas transgressões, até chegar à Pessoa de Jesus, o Filho, que se entregou à morte expiatória da cruz, “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Jesus não precisava, nem precisa, de infindas reencarnações para atingir plena perfeição, visto que “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus, e se fez carne, e habitou entre nós” (João 1.1,14). Quanto à glorificação de Cristo, escreveu o apóstolo Paulo em sua carta aos Filipenses:
“…pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz. Pelo que Deus também o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2.6-11).
Estabelecido está mais um conflito entre o Cristianismo e o Espiritismo Cristão. E não citei a ressurreição corporal do Senhor Jesus, cujo corpo físico, se encontrado, seria um troféu nas mãos dos incrédulos que negam a Sua divindade. São dificuldades que colocaram em seu caminho ao tentar estabelecer uma estreita vinculação entre cristãos e espíritas.
O DIABO E A REENCARNAÇÃO
Não são poucos os que acreditam que a alma humana pode salvar-se a si mesma mediante sucessivas reencarnações. Allan Kardec assim define: “A reencarnação é a volta da alma à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ela e que nada tem de comum com o antigo.” O sanguinário Hitler, responsável pela morte de seis milhões de judeus, adoraria conseguir uma nova oportunidade. Ele poderia reencarnar, praticar as mesmas atrocidades, matar mais uns trinta milhões de seres humanos, e, ainda assim, teria oportunidade de atingir “mundos ditosos”, de ser um espírito adiantado, um bom espírito, um espírito puro, um santo. Só precisaria ter um pouco de paciência. Os kardecistas se defendem: “Deus seria injusto se não desse mais uma oportunidade aos seus filhos.”
A crença no retorno da alma à vida corpórea para expiação purificadora vem de remotas eras. Pela fala dos historiadores, essa doutrina teria nascido na Índia. O budismo ensina ser possível libertar-se do interminável ciclo vida e morte mediante a conquista de um alto grau de conhecimento, o Nirvana – estado de plena paz. A doutrina filosófica e religiosa da Metempsicose, encampada por Platão, admite a possibilidade de a alma humana animar, em sucessivas incorporações, um vegetal, um animal ou outro corpo humano. O Espiritismo, embora admita que o espírito humano, na sua evolução, tenha passado por animais, não advoga a tese de que essa transmigração absurda ainda esteja ocorrendo.
A palavra do Espiritismo
“O homem é, assim, constantemente, o árbitro de sua própria sorte; pertence-lhe abreviar ou prolongar indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o bem. Assim, o Espírito culpado e infeliz pode sempre salvar-se a si mesmo: a lei de Deus estabelece a condição em que se lhe torna possível fazê-lo.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. XXVII, item 21).
Aqui, o Espiritismo tenta aproximar-se do Cristianismo quando fala em livre arbítrio e necessidade de se fazer o bem. Só que no Cristianismo isso ocorre no âmbito de uma única existência, e não de múltiplas vidas corpóreas como quer o kardecismo.
“Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?” Eis a resposta na questão 132 do Livro dos Espíritos, de Kardec: “Deus a impõe com o fito de fazê-los chegar à perfeição”. É uma perfeição imposta por Deus, mas os desencarnados podem recusá-la e com isso prolongarem seus sofrimentos por tempo indeterminado. É para ninguém entender mesmo.
A doutrina da reencarnação está em desacordo com os princípios da justiça de Deus. O Espiritismo desejaria que um inocente pagasse pela culpa de outro, sem conhecer a razão da penalidade. Esse processo não é transparente: você sofre, mas não sabe porque está sofrendo; você é réu, mas desconhece as causas da sua condenação. Certamente um espírita não ajudaria um irmão em sofrimento, porque este sofrimento é irreversível e conducente à purificação. Total absurdo. Você poderá ser a encarnação de um grande criminoso, como Stálin, autor intelectual da morte de uns sessenta milhões, e não saber de nada. Essa extravagante doutrina não encontra amparo na palavra de Deus, pelas seguintes razões:
- Invalida o sacrifício de Jesus na cruz. Para o Espiritismo, Jesus nunca foi Deus e o Seu sangue derramado para nada serviu. Mas Jesus, na instituição da Ceia, disse: “Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para REMISSÃO DE PECADOS” (Mateus 26.28).
- O kardecismo ensina que o homem morre várias vezes, mas a Bíblia Sagrada diz que morremos apenas uma vez: “E, como aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo.” (Hebreus 9.27).
- A reencarnação despreza a eficácia do perdão oferecido por Deus, a quantos se arrependam de suas transgressões. Os espíritos dos espíritas ficarão a vaguear, a penar, rastejando como verme faminto à espera de um novo corpo para se despojar de suas impurezas. Os filhos de Deus, perdoados por Deus, vão direto para o Paraíso, onde aguardarão a vinda de Jesus para ressuscitarem num corpo glorioso. Vejam: “Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens…” (Marcos 3.28). “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam APAGADOS os vossos pecados…”(Atos 3.19). “Tenho desejo de partir e estar com Cristo”, disse Paulo (Filipenses 1.23). “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1.9).
- Os defensores dessa doutrina dizem que TODOS chegarão ao estado de virtude plena, de elevado grau de perfeição, e negam a existência do Juízo Final. Mas a Bíblia afirma que haverá julgamento e condenação (Mt 25.32; Jd 6; 2 Pe 2.9; Ap 20.11-15; 21.8) E as palavras do nosso Senhor devem ser acatadas pelos espíritas, com muito respeito. Convém lembrar que Allan Kardec afirmou que Cristo, “foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos.” Logo, em razão de suas superiores qualidades e sublime missão, não há como duvidar do que Ele disse. O Espiritismo não esclarece quando termina o processo da reencarnação; diz que os “bons espíritos” aconselham os maus espíritos a reencarnarem, mas estes podem rejeitar o conselho; o kardecismo ensina que há espíritos maus, perversos, capazes de enganar os “médiuns”; capazes de imitar caligrafias (leia-se psicografia); de criar sistemas absurdos para enganar a humanidade, de influenciar os homens para a prática do mal. Esses anjos caídos, que a Bíblia chama de Satanás e seus demônios, no Espiritismo são denominados espíritos maus, porém recuperáveis. Para o Espiritismo não existem demônios, nem diabo. A Bíblia afirma que eles existem. Jesus, a “Segunda Revelação de Deus”, título que lhe atribuiu Kardec, afirmou que Satanás e seus demônios existem (Mateus 4.10; 12.26; 12.28; Marcos 16.17).
- Deus também nos revela que haverá um fim. Assim como aconteceu nos tempos de Noé e de Sodoma e Gomorra, em determinado momento Deus entrará em ação para exterminar da Terra a depravação e a todos julgar. (Mateus 24.36-44). Logo, os espíritos desencarnados de Kardec não ficarão por aí “prolongando indefinidamente seu suplício”. Eles terão um suplício eterno sim, mas determinado pelo Justo Juiz.
- A reencarnação de Kardec nega a existência de um plano divino para salvação da humanidade, mas a Palavra diz que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Ora, essas condições fazem parte de um plano, de um concerto, de uma nova aliança entre Deus e os homens.
Nenhuma condenação há
Portanto, o ensino da reencarnação é completamente contrário à palavra de Deus. Tudo o que é contrário à Palavra, provém de Satanás. “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Timóteo 4.1). A Bíblia Sagrada diz que a “alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18). Se uma alma pecou, cometeu iniqüidades, é ela que irá sofrer pelo que cometeu. Não é uma criancinha que irá sofrer em seu lugar. O sopro de Deus vem no ato do nascimento. A parte imaterial do corpo surge no ato do nascimento. Não existe um estoque de almas preexistentes no almoxarifado de Deus, como diz o Espiritismo, umas para iniciarem vida corpórea, outras para reencarnarem. O homem morre uma vez, apenas; depois disso, segue-se o juízo (Hb 9.27): se morreu sem Cristo, terá a morte eterna, ou seja, a eterna separação de Deus; se morreu com Cristo, terá a salvação, ou seja, a vida eterna, a eterna comunhão com Cristo. Mas o Espiritismo diz que uma pessoa pode pagar o pato pelos erros de outrem.
“Somos salvos pela graça, mediante a fé; não somos salvos pelas obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8). Somos salvos para as boas obras; não somos salvos pelas obras. A reencarnação anula a graça de Deus. Mas a Palavra diz taxativamente: “Portanto, agora NENHUMA CONDENAÇÃO HÁ para os que estão em Cristo Jesus…” (Romanos 8.1). Se estamos em Cristo, se nele morremos, como iríamos na morte peregrinar de planeta em planeta em busca de salvação.
Direto para o céu
Jesus disse ao ladrão ao seu lado na cruz: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23.43). Pela doutrina reencarnacionista aquele ladrão teria que passar por muitas vidas até se purificar. Porém, Jesus perdoou seus pecados e ele, arrependido e perdoado, pôde subir aos céus. Jesus não falou assim: “Olha, meu caro! Você pecou muito, o seu carma está muito carregado e será preciso reencarnar pelo menos umas trinta vezes. Depois disso, eu estarei esperando por você no Paraíso”. Não foi assim. Havendo sido perdoado totalmente, aquele homem encontrou a vida eterna; não foi necessário passar por estágios. Jesus revelou de forma inequívoca: “Se o Filho vos libertar verdadeiramente sereis livres” (João 8.36). Ora, o espírito que precisa voltar à Terra para sofrer não está verdadeiramente livre. Quando morremos, já estamos com nossas situações definidas no mundo espiritual. Vejam o exemplo do rico e de Lázaro, como foi dito pelos lábios de Jesus. O rico, porque era mau, foi para um lugar de tormentos, sem condições de lá sair ao menos para abrir os olhos espirituais de seus irmãos. Lázaro foi para um lugar de paz (Lucas 16.19-31).
Apesar do incontestável antagonismo, Kardec afirmou que “o Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa”. Teria dito isso por descuido ou por má fé? Não creio. Teria usado o Cristianismo para legitimar a palavra dos “espíritos”? Mais provável. Vejam outras declarações do kardecismo: “O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus…”; “Nada ensina em contrário ao que Jesus ensinou…”; “O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra.”
Quem mais estaria interessado em desvirtuar a Palavra de Deus? Quem estaria interessado em instituir uma prática de consulta aos mortos, em desobediência a Deus? Quem estaria interessado em que os homens não acreditem em pecado, inferno, céu, salvação pela graça, juízo final, demônios, ressurreição e perdão? Somente o diabo estaria muito interessado nisso. Aquele mesmo que disse a Eva que ela poderia comer do fruto proibido, ou seja, poderia desobedecer ao Criador e nenhum mal lhe aconteceria: “Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, os vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gênesis 3.5). O diabo está nessa mal contada estória da reencarnação.
Pastor Airton Evangelista da Costa
O ESPIRITISMO E A
PALAVRA DE DEUS
Atendendo ao desafio feito pelo espírita Hector, apresentei minhas respostas aos seus questionamentos, como a seguir. A divulgação da matéria se deu inicialmente num fórum de debate, cujo endereço na internet é o seguinte:
http://www.centralgospel.com.br/info/CentralForum/reply.asp?M=9985&F=1&T=1328&P=#COMENTÁRIO
HECTOR – Eu já coloquei este tópico numa outra oportunidade, quando este fórum ainda tinha outra configuração dos tópicos, e não conseguimos debater satisfatoriamente. Na oportunidade me trataram mal, mas não rebateram ou refutaram as colocações, então, se algum irmão tiver conhecimentos e puder rebater ou enriquecer o estudo na mesma ordem eu fico agradecido. Ante mão eu concordo que realmente não foi Deus que escreveu aquelas coisas horríveis [na Bíblia], pois Ele é amor.
A Palavra de Deus na Bíblia
A maioria de nossos detratores sempre afirma que a Bíblia é a palavra de Deus. Que tudo que ali se encontra é absolutamente sem erros, devendo ser seguido fielmente.
AIRTON – Os cristãos não detratam os espíritas. Combatemos o espiritismo. Os cristãos amam os espíritas, muitos dos quais já passaram para Cristo Jesus. A Bíblia é a inerrante palavra de Deus porque escrita por homens divinamente inspirados.
HECTOR – Quando dos ataques ao Espiritismo citam passagem do Antigo Testamento (p.e. Deuteronômio 18, 10-11) exigindo que nós a cumpramos, pois por ela é proibida a evocação dos mortos. Está bem, vamos por alguns momentos lhes dar razão,
AIRTON – Por que nos dar razão apenas por alguns momentos? A verdade não é nossa. A verdade é bíblica. O espiritismo ou dá razão ao que está na Bíblia ou não dá. O cristianismo não exige dos espíritas obediência a qualquer coisa. Cumprimos o dever de defender nossa fé e pregar o evangelho do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
HECTOR – só que para isso também faremos uma exigência: que cumpram TODAS AS OUTRAS DETERMINAÇÕES constantes do Antigo Testamento, tais como:
Gêneses 17, 9-11: Disse mais Deusa a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência: todo macho entre vós serás circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós. Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
Gêneses 17, 14: – O incircunciso, que não for circuncidado na carne do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a minha aliança .
Êxodo 20, 24: – Um altar de terra me farás, e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, as tuas ofertas pacíficas, as tuas ovelhas, e os teus bois; em todo o lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti, e te abençoarei.
Êxodo 21, 2: – Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá forro, de graça.
Êxodo 21, 7: – Se um homem vender sua filha para ser escrava, esta não lhe sairá como saem os escravos.
Êxodo 21, 12: – Quem ferir a outro de modo que este morra, também será morto.
Êxodo 21, 15: – Quem ferir a seu pai ou a sua mãe, será morto.
Êxodo 21, 16: – O que raptar a alguém, e o vender, ou for achado na sua mão, será morto.
Êxodo 21, 17: – Quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, será morto.
Êxodo 21, 23-25: – Mas se houver dano grave, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe .
Êxodo 22, 2: – Se um ladrão for achado arrombando uma casa, e, sendo ferido, morrer, quem o feriu não será culpado do sangue.
Êxodo 22, 16: – Se alguém seduzir qualquer virgem, que não estava desposada, e se deitar com ela, pagará seu dote e a tomará por mulher.
Êxodo 22, 18: – A feiticeira não deixarás viver.
Êxodo 22, 19: – Quem tiver coito com animal, será morto.
Êxodo 22, 20: – Quem sacrificar aos deuses, e não somente ao Senhor, será destruído.
Êxodo 31, 14: – Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós outros; aquele que o profanar morrerá; pois qualquer que nele fizer alguma obra será eliminado do meio do seu povo.
Êxodo 34, 19: – Todo que abre a madre é meu, também de todo o teu gado, sendo macho, o que abre a madre de vacas e de ovelhas.
Êxodo 34, 20: – O jumento, porém, que abrir a madre, resgatá-lo-ás com cordeiro; mas, se o não resgatares, será desnucado Remirás todos os primogênitos de teus filhos. Ninguém aparecerá diante de mim de mãos vazias.
Êxodo 34, 26: – As primícias dos primeiros frutos da tua terra trarás à casa do SENHOR teu Deus. Não cozerás o cabrito no leite de sua própria mãe.
Levítico 11, 7-8: – Também o porco, porque tem unhas fendidas, e o casco dividido, mas não rumina; este vos será imundo, da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadáver; estes vos serão imundos.
Levítico 11, 21-22: – Mas de todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés, cujas pernas traseiras são mais compridas, para saltar com elas sobre a terra, estes comereis. Deles comereis estes: a locusta segundo a sua espécie, o gafanhoto devorador segundo a sua espécie, o grilo segundo a sua espécie, e o gafanhoto segundo a sua espécie.
Levítico 12, 2: – Fala aos filhos de Israel: Se uma mulher conceber e tiver um menino, será imunda sete dias, como nos dias da sua menstruação será imunda.
Levítico 19, 11: – Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo;
Levítico 19, 26: – Não comereis cousa alguma com o sangue; não agourareis nem adivinhareis.
Levítico 19, 27: – Não cortareis o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da barba.
Levítico 20, 9: – Se um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, será morto: amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue cairá sobre ele.
Levítico 20, 10: – Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera.
Levítico 20, 13: – Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram cousa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles.
Levítico 20, 18: – Se um homem se deitar com a mulher no tempo da enfermidade dela, e lhe descobrir a nudez, descobrindo a sua fonte, e ela descobrira a fonte do seu sangue, ambos serão eliminados do meio do seu povo.
Levítico 20, 27: – O homem ou mulher que sejam necromantes, ou sejam feiticeiros, serão mortos: serão apedrejados; o seu sangue cairá sobre eles.
Levítico 21, 9: – Se a filha dum sacerdote se desonra, prostituindo-se, profana a seu pai: com fogo será queimada.
Levítico 21, 17-20: – Fala a Arão, dizendo: Ninguém dos teus descendentes nas suas gerações, em quem houver algum defeito, se chegará para oferecer o pão do seu Deus Pois nenhum homem em quem houver defeito se chegará: como homem cego, ou coxo, de rosto mutilado, ou desproporcionado, ou homem que tiver o pé quebrado, ou a mão quebrada, ou corcovado, ou anão, ou que tiver belida no olho, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo quebrado.
Levítico 26, 7: – Perseguireis os vossos inimigos, e cairão à espada diante de vós.
Deuteronômio 21, 15-16: – Se um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem aborrece, e uma e outra lhe derem filhos, e o primogênito for da aborrecida, no dia em que fizer herdar a seus filhos aquilo que possuir, não poderá dar a primogenitura ao filho da amada, preferindo-o ao filho da aborrecida, que é o primogênito.
Deuteronômio 21, 18-21: – Se alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedece à voz de seu pai e à de sua mãe, e, ainda castigado, não lhes dá ouvidos, pegarão nele seu pai e sua mãe e o levarão aos anciãos da cidade, à sua porta, e lhes dirão: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz: é dissoluto e beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; assim eliminarás o mal do meio de ti: todo o Israel ouvirá e temerá.
Deuteronômio 22, 10: – Não lavrarás com junta de boi e jumento.
Deuteronômio 22, 23-24: – Se houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porque humilhou a mulher do seu próximo; assim eliminarás o mal do meio de ti.
Deuteronômio 23, 1 – Aquele a quem forem trilhados os testículos, ou cortado o membro viril, não entrará na assembléia do Senhor.
Deuteronômio 23, 2: – Nenhum bastardo entrará na assembléia do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará nela.
Deuteronômio 23, 13: – Dentre as tuas armas terás um pau; e quando te abaixares fora, cavarás com ele, e, volvendo-te, cobrirás o que defecaste.
Deuteronômio 24, 1: -Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado cousa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão e a despedir de casa;
Deuteronômio 24, 16: – Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais: cada qual será morto pelo seu pecado.
Deuteronômio 25, 5: – Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer, sem filhos, então a mulher do que morreu não se casará com outro estranho, fora da família; seu cunhado a tomará e a receberá por mulher, e exercerá para com ela a obrigação de cunhado.
Deuteronômio 25, 11-12: – Quando brigarem dois homens, um contra o outro, e a mulher de um chegar para livrar o marido da mão do que o fere, e ela estender a mão, e o pegar pelas suas vergonhas, cortar-lhe-ás a mão: não a olharás com piedade.
Deuteronômio 28, 30: – Desposar-te-ás com uma mulher, porém outro homem dormirá com ela; edificarás uma casa, porém não morarás nela; plantarás uma vinha, porém não aproveitarás o seu fruto.
Deuteronômio 28, 53: – Comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor teu Deus, na angústia e no aperto com que os teus inimigos te apertarão.
Ah! Já sei, vão dizer que em algumas passagens pegamos frases isoladas. Sim fizemos isso para podermos usar da mesma “técnica” que usam quando o assunto é combater o Espiritismo, assim estamos utilizando a mesma medida, pois “pesos diferentes são abomináveis ao Senhor” (Provérbios 20, 23).
AIRTON – Até aqui foram citadas passagens do Pentateuco, ou seja, os cinco primeiros livros da Bíblia, escritos por Moisés. Pois bem, não me darei ao trabalho de responder um por um. Usarei como resposta a palavra do pai do Espiritismo. Veja: “Na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo… É de todos os tempos e de todos os países essa lei [os Dez Mandamentos] e tem, por isso mesmo, caráter divino. Todas as outras são leis que Moisés decretou, obrigado que se via a conter, pelo temor, um povo de seu natural e turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egito. Para imprimir autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, FEB, 90ª Edição, Brasília, 1944, Cap. I, itens 2, pg. 55-57).
Concordo com o Espiritismo. As leis eram duríssimas, mas adequadas à época. De lá para cá, as leis foram sendo adaptadas às condições sociais, ao nível de compreensão dos povos. Moisés teria que escrever um Código de Direito Civil, ou uma Consolidação das Leis Trabalhistas, ou uma Declaração dos Direitos Humanos como temos agora? Não. Até nossas leis de hoje são reformuladas. As leis se modificam e se ajustam de acordo com o progresso cultural de um povo, e o progresso nas relações sociais. A Constituição do Brasil já foi modificada várias vezes. Discordo de Kardec quando diz que Moisés “para imprimir autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina”. Kardec incorre em duas contradições: primeiro, ele diz que a lei de Deus está formulada nos Dez Mandamentos (ibidem, pg 56, item 2). Ora, o Decálogo também foram apresentados por Moisés ao povo. Então, Moisés estaria mentindo ao povo? Segundo, Kardec diz que “Moisés é o espírito que Ele [Deus] enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se relevar por Moisés e pelos profetas… Os mandamentos de Deus, dados por intermédio de Moisés, diz Kardec, contém o gérmem da mais ampla moral cristã. A moral que Moisés ensinou era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos que ela se propunha regenerar” (Ibidem, Cap I, item 9, pg. 61-62). Então, se Moisés foi uma das revelações de Deus, se o que ensinou foi apropriado, se falava com Deus, teria necessidade de mentir ao povo? Tudo o que escreveu foi realmente inspirado por Deus. É incompreensível que haja espíritas que discordem do ensino do pai do espiritismo.
HECTOR – Vamos agora demonstrar que a tese da “inerrância” da Bíblia não tem sentido algum. E mais, que apesar de quase todas as correntes religiosas a terem como se fosse a própria palavra de Deus, não se apercebem do absurdo, pois estariam colocando Deus sendo incoerente consigo mesmo.
Temos que deixar de lado esta estreita maneira de pensar para realmente vermos que na Bíblia nem tudo é de inspiração Divina. Nela encontramos opiniões pessoais de vários de seus autores que nunca poderiam ser levadas à conta de inspiração divina, sob pena de passarmos suas divergências ao próprio Deus o que seria um absurdo.
AIRTON – A Bíblia é de inspiração divina. Deus não ditou aos homens cada palavra, pois “toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra” (1 Tm 3.16-17). Deus usou a mente, o intelecto, os talentos, a capacidade de cada um. Não fora assim, os quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) seriam exatamente iguais, com as mesmas palavras. A Bíblia não é uma obra psicografada.
HECTOR – Não queremos com isso desprezar o valor dos ensinamentos de Jesus contidos no Novo Testamento, apenas queremos ressaltar que não podemos em sã consciência, e até por pura coerência, ter tudo que ali está como a mais absoluta verdade, proveniente, vamos dizer, da “boca” de Deus.
AIRTON – Pelo que entendi, o senhor deseja aceitar somente o que Jesus falou. O restante da Bíblia ficaria desprezado. Ao dizer a parábola do rico e Lázaro, Jesus aprovou as leis de Moisés e a palavra dos profetas. Veja: “Disse Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos” (Lc 16.29). Jesus falou sobre Moisés em Mateus 19.8, Marcos 10.4, Lucas 24.27: “E começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”; João 3.14; 5.46: “Se crêsseis em Moisés, creríeis também em mim, pois ele escreveu a meu respeito”. Pergunto, então: “Se os espíritas confiam no ensino de Jesus, por que não confiar em Moisés, a respeito do qual Jesus se referiu tantas vezes? Jesus ainda fez referência a outros livros da Bíblia, tais como Salmos, Isaías e Jonas. Jesus é revelado progressivamente em vários livros. Tal fato por si é suficiente para termos convicção da inspiração divina da Bíblia. Vejamos algumas profecias sobre Jesus: nasceria de mulher (Gn 3.15); seria descendente de Abraão (Gn 22.18); da linhagem de Jessé (Is 11.1); Ressurreição (Sl 16.10); Crucifixão (Sl 22); Seus ossos não seriam quebrados (Sl 34.20); Fel e vinagre lhe dariam (Sl 69.21); nascimento virginal (Is 7.14); sua eternidade (Is 9.6); nasceria em Belém (Mq 5.2); Entrada em Jerusalém, num jumentinho (Zc 9.9); seria traído por um amigo e vendido por 30 moedas de prata (Sl 41.9; Zc 11.12-13). Assim, só podemos aceitar a inspiração divina das Escrituras, pois nenhum ser humano poderia acertar esses mínimos detalhes a respeito do nosso Salvador. E não foi a profecia de apenas um homem, isoladamente. Foi um grupo de homens, em épocas e locais diferentes. Como já disse, a Bíblia não é um livro ditado por Deus palavra por palavra. Veja o que Jesus disse aos apóstolos: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo 14.26). Portanto, há participação divina na composição da Bíblia.
HECTOR – Vejamos, então algumas divergências que encontramos no Novo Testamento:
Genealogia de Jesus
Mateus 1:1-17 – Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou a Isaque; Isaque, a Jacó; Jacó, a Judá e a seus irmãos; Judá gerou de Tamar a Perez e a Zerá; Perez gerou a Esrom; Esrom, a Arão; Arão gerou a Aminadabe; Aminadabe, a Naassom; Naassom, a Salmom; Salmom gerou de Raabe a Boaz; este de Rute gerou a Obede; e Obede, a Jessé; Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi, a Salomão, da que foi mulher de Urias; Salomão gerou a Roboão; Roboão, a Abias; Abias, a Asa; Asa gerou a Josafá; Josafá, a Jorão; Jorão, a Uzias; Uzias gerou a Jotão; Jotão, a Acaz; Acaz, a Ezequias; Ezequias gerou a Manassés; Manassés, a Amom; Amom, a Josias; Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos, no tempo do exílio em Babilônia. Depois do exílio em Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel, a Zorobabel; Zorobabel, a Abiúde; Abiúde, a Eliaquim; Eliaquim, a Azor; Azor gerou a Sadoque; Sadoque, a Aquim; Aquim, a Eliúde; Eliúde gerou a Eleázar; Eleázar, a Matã; Matã, a Jacó. E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze; desde Davi até ao desterro para a Babilônia, catorze; e desde o desterro para a Babilônia até Cristo, catorze.
Lucas 3:23-38 – Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério. Era, como se cuidava, filho de José, filho de Heli, Heli filho de Matã, Matã filho de Levi, Levi filho de Melqui, este filho de Janai, filho de José, José filho de Matatias, Matatias filho de Amós, Amós filho de Naum, este filho de Esli, filho de Nagaí, Nagaí filho de Máate, Máate filho de Matatias, Matatias filho de Semei, este filho de José, filho de Jodá, Jodá filho de Joanã, Joanã filho de Resá, Resá filho de Zorobabel, este filho de Salatiel, filho de Neri, Neri filho de Melqui, Melqui filho de Adi, Adi filho de Cosã, este de Elmadã, filho de Er, Er filho de Josué, Josué filho de Eliézer, Eliézer filho de Jorim, este de Matã, filho de Levi, Levi filho de Simeão, Simeão filho de Judá, Judá filho de José, este filho de Jonã, filho de Eliaquim; Eliaquim filho de Meleá, Meleá filho de Mená, Mená filho de Matatá, este filho de Natã; Natã filho de Davi, Davi filho de Jessé, Jessé filho de Obede, Obede filho de Boaz, este filho de Salá, filho de Naassom; Naassom filho de Aminadabe, Aminadabe filho de Admim, Admim filho de Arni, Arni filho de Esrom, este filho de Faréz, filho de Judá; Judá filho de Jacó, Jacó filho de Isaque, Isaque filho de Abraão, este filho de Terá, filho de Nacor; Nacor filho de Seruque, Seruque filho de Ragaú, Ragaú filho de Fáleque, este de Éber, filho de Salá; Salá filho de Cainã, Cainã filho de Arfaxade, Arfaxade filho de Sem, este filho de Noé, filho Lameque; Lameque filho de Matusalém, Matusalém filho de Enoque, Enoque filho de Jarete, este filho de Maleleel, filho de Cainã; Cainã filho de Enos, Enos filho de Sete, e este filho de Adão, e Adão, filho de Deus.
Percebe-se claramente que não são concordes as genealogias de narradas por Mateus e Lucas. Algumas pessoas querem, para que não fique evidenciada essa divergência, que a de Lucas esteja baseada em relação à Maria, entretanto se esquecem que naquela época as mulheres não tinham nenhum valor, e todas as genealogias da Bíblia são colocadas em relação aos homens e não sobre as mulheres.
AIRTON – A própria genealogogia de Mateus anula a tese de que todas as genealogias da Bíblia são colocadas em relação aos homens.
« Jesus tem um avô diferente em Lucas 3.23 (Heli), em relação ao que é registrado em Mateus 1.16 (Jacó). Quem foi de fato o avô de Jesus ? Isso é de se esperar, já que são duas linhas diferentes de ancestrais, uma através de seu pai legal, José, e outra através de sua mãe de fato, Maria. Mateus apresenta-nos a linha oficial, já que seu propósito é mostrar as credenciais messinânicas judasicas de Jesus, que requeriam que o Messias viesse da semente de Abraão e da linhagem de Davi (cf. Mt 1.1). Lucas, tendo em vista um público grego bem mais amplo, dirige-se para o interesse grego de ver Jesus como o homem perfdeito (que era o que buscava o pensamento grego). Assim, ele traça a linha genealógica de Jesus até o primeiro homem, Adão (Lc 3.38). Há várias razões para que Mateus apresente a genealogia paterna de Jesus, e Lucas, a materna. Primeiramente, mesmo que as duas linhas vão de Jesus a Davi, cada uma delas o faz através de um filho diferente de Davi. Mateus inicia com José (pai de Jesus segundo a lei) e vai até o rei Salomão, filho de Davi, de quem Cristo por direito herdou o trono de Davi (cf. 2 Sm 7.12ss). Então ele vai de Cristo a Natã, filho de Davi, seguindo a genealogia de Maria, sua mãe de fato, pela qual Jesus pode declarar ser perfeitamente humano e o redentor da humanidade. Lucas não diz que está traçando a genealogia de Jesus a partir de José. Antes, ele observa que Jesus, ´como se cuidava, era filho de José´, quando de fato ele era filho de Maria. Também o fato de Jesus registrar a genealogia pela linha de Maria vinha bem ao encontro de seu interesse como médico, por mulheres e nascimentos, o que se vê inclusive por sua ênfase em mulheres no seu Evangelho, que tem sido chamado de ‘o evangelho para as mulheres’.
Finalmente, o fato de terem as duas genealogias alguns nomes em comum (tais como Salatiel e Zoreobatel, Mt 1.12 ; cf. Lc 3.27) não prova que são a mesma genealogia por duas razões. Primeiro, esses não são nomes incomuns. Segundo, até na própria renealogia (na de Lucas) há uma repetição dos homes de José e Judá (3.26, 30) « (Norman Geisler/Thomas Howe).
HECTOR – Lugar onde seus pais moravam
Mateus 2:1 – Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém.
Mateus 2:13 – Tendo eles partido, eis que aparece um anjo do Senhor a José em sonho, e diz: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para matar.
Mateus 2:21-23 – Dispôs-se ele, tomou o menino e sua mãe, e regressou para a terra de Israel. Tendo, porém, ouvido que Arquelau reinava na Judéia em lugar de se pai Herodes, temeu ir para lá; e, por divina advertência prevenido em sonho, retirou-se para as regiões da Galiléia. E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito, por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno.
Lucas 1:26-27 – No sexto mês foi o anjo Gabriel enviado da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria.
Lucas 2:1 – Naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se.
Lucas 2:3-5 – Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
Pelo relato de Mateus a família de Jesus morava em Belém só depois é que se mudou para Nazaré. Entretanto Lucas coloca a cidade de Nazaré como se fosse o local onde vivia a sagrada família, que teve que ir à Belém apenas para atender ao decreto do recenseamento.
AIRTON – Nenhuma contradição. Mateus relata o fato a partir do nascimento de Jesus, em Belém. Depois de uma temporada no Egito, José, Maria e Jesus rumaram para Nazaré, na Galiléia (Mt 2.13-23). Lucas fez o relato a partir da saída de José e Maria da cidade de Nazaré. Mateus quis contar a história a partir do nascimento de Jesus. Lucas retrocedeu ao tempo da gravidez de Maria e dos motivos que levou o casal à cidade de Belém.
HECTOR – O servo do centurião
Mateus 8:5-6 – Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente.
Lucas 7:1-2 – Tendo Jesus concluído todas as suas palavras dirigidas ao povo, entrou em Cafarnaum. E o servo do centurião, a quem este muito estimava, estava, quase à morte.
Vejam que Mateus diz que o servo do centurião se encontra deitado em casa sofrendo muito, pois era paralítico. Já Lucas diz que o servo estava quase à morte.
AIRTON – Não há contradição. Um diz que o servo estava “de cama”, prostrado, e “paralítico”, e “sofria horrivelmente”. Lucas descreve seu estado como de alguém que estava muito doente, moribundo, com risco de perder a vida. A aflição do centurião denota uma situação de emergência. Não se vê contradição. Encontrar-se à morte” não é o mesmo que morto.
HECTOR – O possesso de gedara
Mateus 8:28 – Tendo ele chegado à outra margem, á terra dos gadarenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados, saindo dentre os sepulcros, e a tal ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho.
Marcos 5:1-3 – Entrementes chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos. Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo, o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo.
Lucas 8:26-27 – Então rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da Galiléia. Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encontro um homem possesso de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma, porém vivia nos sepulcros.
Mateus diz tratar-se de dois endemoninhados ao passo que Marcos e Lucas dizem ser apenas um.
AIRTON – « Há uma lei matemática fundamental que reconcilia essa aparente contradição – onde há dois, sempre há um. Não há exceções. Foram de fato dois endemoninhados que se apresentaram a Jesus. Talvez Marcos e Lucas tenham mencionado apenas um porque um deles tenha se feito notar mais, ou tenha se destacado por alguma razão. Entretanto, o fato de Marcos e Lucas mencionarem apenas um, não nega que tenham sido dois, como Mateus disse, porque onde quer que haja dois, sempre há um. Isso é inevitável. Se Marcos e Lucas tivessem dito que havia apenas um, então isso seria uma contradição. Mas a palavra ´apenas´ não está no texto ». (Norman Geisler/ Thomas Howe).
HECTOR – Cura de um paralítico – Mateus 9:1-2 – Entrando Jesus num barco, passou para a outra banda, e foi para a sua própria cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito.
Marcos 2:1-4 – Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra. Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente.
Lucas 5:17-19 – Ora, aconteceu que num daqueles dias, estava ele ensinando, e achavam-se ali assentados fariseus e mestres da lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar. Vieram então uns homens trazendo em um leito um paralítico; e procuravam introduzi-lo e pô-lo diante de Jesus. E não achando por onde introduzi-lo por causa da multidão, subindo ao eirado, o desceram no leito, por entre os ladrilhos, para o meio, diante de Jesus.
Na narrativa de Mateus o paralítico é levado a Jesus, deixando a entender que não teve nenhum obstáculo para isso. Mas Marcos e Lucas dizem que tiveram que descer tal paralítico do telhado, pois a multidão não deixava que o levassem a Jesus. Mateus diz que Jesus chegou à sua cidade. Seria Nazaré? Marcos diz ser Cafarnaum. Quanto a Lucas não diz em qual cidade.
AIRTON – Não há contradição. Lucas foi mais minucioso na narrativa. Ele mesmo diz …”havendo-me informado minuciosamente de tudo desde o princípio” (Lc 1.3). A Bíblia não foi psicografada. Deus não ditou palavra por palavra. Tivesse sido assim os quatro evangelhos seriam exatamente iguais. O importante é sabermos que o paralítico foi levado a Jesus e foi curado. E todos os homens, paralíticos de ignorância espiritual, poderão receber alívio em Jesus. Deus providenciou para que tudo fosse relatado nos quatro evangelhos, nos seus mínimos detalhes. Nesse contexto, a Bíblia é a palavra de Deus.
HECTOR – Filha de Jairo
Mateus 9:18 – Enquanto estas cousas lhes dizia, eis que um chefe, aproximando-se, o adorou, e disse: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a tua mão, e viverá.
Marcos 5:22-23 – Eis que se chaga a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo-o, prostra-se a seus pés, e insistentemente lhe suplica: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá.
Lucas 8:41-42 – Eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga, e, prostrando-se aos pés de Jesus, lhe suplicou que chegasse até a sua casa. Pois tinha uma filha única de uns doze anos, que estava à morte. Enquanto ele ia, as multidões o apertavam.
Diferentemente de Marcos e Lucas que dizem que a filha de Jairo estava quase morrendo Mateus já a tem como morta.
AIRTON – Não há contradição. Como a filha de Jairo estava moribunda quando seu pai chegou a Jesus, e como na volta para casa os mensageiros disseram que ela morrera, Mateus combinou as duas fases numa só. Pela palavra do pai, a menina agonizava; pela palavra dos mensageiros, já havia morrido. A passagem nos diz que ainda que estejamos mortos em nossos pecados, podemos encontrar salvação em Jesus, desde que haja sincero arrependimento.
HECTOR – Cego e mudo?
Mateus 12:22 – Então lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, passando o mudo a falar e a ver.
Lucas 11:14 – De outra feita estava Jesus expelindo um demônio que era mudo. E aconteceu que, ao sair o demônio, o mudo passou a falar; e as multidões se admiraram.
Mateus diz ser o homem cego e mudo, mas Lucas diz tratar-se apenas de um mudo o que estava possesso.
AIRTON – O relato de um não contradiz o do outro. São complementares. Lucas não diz que o endemoninhado era “apenas” mudo. Diz que era mudo. E era mesmo. Mateus complementa e esclarece ao dizer que além de mudo, era cego. Deus agiu de tal forma na inspiração das Escrituras, que não permitiu omissão de detalhes. Glória a Deus.
HECTOR – Cegos de Jericó
Mateus 20:29-30 – Saindo eles de Jericó, uma grande multidão o acompanhava. E eis que dois cegos, assentados à beira do caminho, tendo ouvido que Jesus passava, clamaram: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós!
Marcos 10:46-47 – E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho. E, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Lucas 18:35-38 – Aconteceu que, ao aproximar-se ele de Jericó, estava um cego assentado à beira do caminho, pedindo esmolas. E, ouvindo o tropel da multidão que passava, perguntou o que era aquilo. Anunciaram-lhe que passava Jesus, o Nazareno. Então ele clamou: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Aqui temos Mateus dizendo que eram dois cegos em contradição com Marcos e Lucas que afirmam ser apenas um. Por que somente Marcos identifica quem era este cego?
AIRTON – Lucas não diz que “apenas” um cego foi curado. A crítica tendenciosa necessita colocar o “apenas” para poder validar a contradição. “O fato de Marcos mencionar o nome de um dos cegos, Bartimeu, e o nome de seu pai, Timeu (10.46), indica que ele se concentrou naquele que conhecia pessoalmente” (Norman Geisler/Thomas Howe). Deus usou homens com capacidade de observação diferente, com estilos diferentes, para escrever o seu plano de salvação para a humanidade. A mensagem sob comentário nos revela que os cegos de entendimento poderão ser curados por Jesus, basta clamar como fez o cego Bartimeu: JESUS, EU QUERO VER.
HECTOR – Mulher com alabastro
Mateus 26:6-7 – Ora, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher, trazendo um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe derramou sobre a cabeça, estando ele à mesa.
Marcos 14:3 – Estando ele em betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosismo perfume de nardo puro, e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus.
Lucas 7, 36-38 – Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecador, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; e, estando por detrás, aos seus pés, corando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento.
João 12:1-3 – Seis dias antes da páscoa, foi Jesus para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos. Deram-lhe, pois, ali, uma ceia; Marta servia, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa. Então Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com perfume do bálsamo.
Mateus e Marcos relatam que Jesus estava em casa de Simão, o leproso e que uma mulher havia derramado o vaso de alabastro na cabeça de Jesus, não identificando quem era ela. Só que João diz que a mulher era Maria a irmã de Lázaro, que o fato acontecia na casa de Lázaro e que ao invés de jogar o perfume na cabeça ela ungiu os pés de Jesus. Em Lucas temos que esta mulher é uma pecadora, portando não poderia ser a Maria irmã de Lázaro.
AIRTON – Não há contradição. Mateus, Marcos e João afirmam que o fato se deu em Betânia, e que Jesus foi ungido por uma mulher, identificada por João como sendo Maria. Quem unge a cabeça, unge a pessoa, o corpo, os pés. Jesus disse que o perfume foi “derramado sobre o meu corpo” (Mt 26.12; Mc 14.8). A unção com óleo sobre uma parte do corpo equivale a ungir todo o corpo. Jesus não fala que foi sobre a cabeça ou sobre os pés, mas sobre “meu corpo”. O relato em Lucas 7.38 diz respeito a um fato ocorrido na casa de um fariseu, nada tendo a ver com o caso em Betânia.
HECTOR – Ressurreição
Mateus 28:1 – No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
Lucas 23:54-56 – Era o dia da preparação e começava o sábado. As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo de Jesus ali foi depositado. Então se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E no sábado descansaram, segundo o mandamento.
Lucas 24:1 – Mas, ao primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado .
João 20:1 – No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida.
Mateus diz que as Maria Madalena e a outra Maria foram ao sepulcro. João diz que somente Maria Madalena tinha ido e Lucas diz ter sido as mulheres que tinham vindo com Jesus desde a Galiléia, sem especificar quais eram essas mulheres.
AIRTON – Não há contradição. O fato marcante é que Jesus ressuscitou corporalmente, o que o espiritismo não aceita, embora o próprio Jesus tenha dito que ressuscitaria ao terceiro dia. O apóstolo João não afirmou que “somente” Maria Madalena foi ao sepulcro. A crítica tendenciosa altera a Palavra para justificar a contradição que denuncia. Os relatos dos evangelhos são complementares entre si, e revelam a morte, sepultamente e ressurreição de Jesus com riqueza de detalhe. A mensagem nos diz que o sepulcro estava vazio, apesar dos guardas, do selo imperial romano, da enorme pedra. A Bíblia diz que os que morrerem em Cristo ressuscitarão para viverem eternamente com Ele.
HECTOR – Quem apareceu às mulheres?
Mateus 28, 2-3: E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago e a sua veste alva como a neve.
Marcos 16, 4-5: E, olhando, viram que a pedra já estava revolvida; pois era muito grande. Entrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de brando, e ficaram surpreendidas e atemorizadas.
Lucas 24, 2-4: E encontram a pedra removida do sepulcro; mas, ao entrar, não acharam o corpo do Senhor Jesus. Aconteceu que, perplexas a esse respeito, apareceram-lhes dois varões com vestes resplandecentes.
João 20, 11-12: Maria, entretanto, permanecia junto à entrada do túmulo, chorando. Enquanto chorava, abaixou-se e olhou para dentro do túmulo, e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde o corpo de Jesus fora posto, um à cabeceira e outro aos pés.
Vejam a divergência na quantidade e na forma da aparição. Apesar dela ser registrada por todos os evangelistas Mateus diz ser um anjo, Marcos um jovem, Lucas dois varões e João dois anjos.
AIRTON – Não há contradição. Mateus 28.1 fala de um evento ocorrido antes da chegada das mulheres, presenciado apenas pelos soldados. “Um jovem”, “um anjo do Senhor”, “varões com vestes resplandecentes”, “anjos vestidos de branco”, não são afirmações contraditórias. Seriam contraditórias se Mateus e Marcos tivessem dito “apenas” um anjo. “Mateus provavelmente centrou sua atenção sobre o anjo que falou: “dirigindo-se às mulheres, disse: ´Não temais´ (Mt 28.5). João, porém, referiu-se ao número de anjos que elas viram: “e viu dois anjos” (Jo 20.12) (Norman Geisler/Thomas Howe).
HECTOR – Carregar a cruz
Mateus 27:32 – Ao saírem, encontraram um cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz.
Marcos 15:21 – E obrigaram a Simão Cireneu, que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-lhe a cruz.
Lucas 23:26 – E como o conduzissem, constrangendo um cireneu, chamado Simão, que vinha do campo, puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus.
João 19:17 – Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, sal para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico.
Mateus, Marcos e Lucas dizem que o cireneu Simão foi obrigado a carregar a cruz de Jesus, enquanto que João diz que foi o próprio Jesus quem levou a cruz.
AIRTON – Não há contradoção. O contraditório existe apenas ana mente dos inimigos da Bíblia. O evangelho segundo São João diz que Jesus saiu do palácio de Pilatos carregando a cruz. No início de Sua “via-crúcis” era Ele sozinho quem carregava a cruz. Veja: “Carregando a sua cruz, SAIU para o lugar chamado Calvário” (Jo 19.17).Mateus, Marcos e Lucas enriquecem a informação, registrando que, NO PERCURSO, Simão ajudou.
HECTOR – Bom ladrão
Mateus 27: 38 e 44 – E foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda. E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificado com ele.
Marcos 15:27 e 32 – Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda. Também os que com ele foram crucificados o insultavam.
Lucas 23:39-43 – Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro repreendeu-o dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós na verdade com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhes respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
João 19:18 – Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
Mateus, Marcos e João nada relatam de qualquer diálogo entre os três crucificados.Os dois primeiros dizem que os ladrões estavam, isto sim, entre os que escarneciam de Jesus. Só Lucas diz que Jesus teria dito para um deles que hoje estarás comigo no Paraíso. Se isso aconteceu temos uma contradição de Jesus, pois ele mesmo disse: a cada um segundo suas obras. (Mateus 16, 27) Quando do episódio com Madalena após sua ressurreição disse Jesus a Madalena: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus (João 20, 17). Ora, se Jesus três dias após sua morte ainda não tinha subido ao Pai como ele poderia ter afirmado ao “bom ladrão” que hoje estarás comigo, ou seja, justamente no dia de sua morte na cruz. Por outro lado ao reconhecer que “nós na verdade com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez” ele está aceitando a justiça dos homens, por mais forte razão aceitaria a justiça de Deus que lhe daria uma pena merecida. Também ele não aceitaria uma recompensa por algo que não tenha feito, não é mesmo? Já falamos várias vezes, mas não custa repetir, coloquemos a frase do seguinte modo: Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso? É muito mais condizente com a justiça divina, pois somente irá para o Paraíso quando tiver realizado as obras que venham a fazê-lo merecer este paraíso, não importando quanto tempo levará para isso.
AIRTON – 1) Só porque Mateus e Marcos não falam de diálogo na cruz não quer dizer que o diálogo não existiu. Pensar que foi uma invenção de São Lucas é admitir que esse discípulo mentiu em muitas outras coisas. O espiritismo deveria então dizer o que é mentira e verdade nesse evangelho.
2) “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43) e “a cada um segundo tuas obras” (Mt 16.27; Sl 62.12), não são palavras contraditórias. Kardec afirmou que Jesus veio com missão divina para ensinar a elevada moral cristã, e que Ele foi a segunda Revelação de Deus. É por isso que os espíritas acreditam em tudo o que Jesus falou. E Jesus falou, como já dito, que o Espírito Santo ajudaria os apóstolos a se lembrarem de suas palavras.
3) O Justo Juiz será imparcial em seu julgamento. Quanto a Mateus 16.27, não se pode firmar doutrina com base num versículo isolado. As boas obras para Deus são as que decorrem de um coração que o louva e glorifica; que tudo faz por amor a Cristo, e pela fé nEle. Simples obras de caridade não garantem a salvação. Os déspotas costumam apresentar-se como caridosos.
4) A passagem do ladrão na cruz nos revela que Deus perdoa e salva até na hora da morte, desde que haja sincero arrependimento. Veja: “Quem nele crê não é condenado; mas quem não crê, já está condenado, porque não crê no Unigênito Filho de Deus” (Jo 3.18). Leia mais: “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé – e isto não vem de vós, é dom de Deus – NÃO DE OBRAS, para que ninguém se glorie. Pois somos feituras sua, CRIADOS EM CRISTO PARA AS BOAS OBRAS, as quais Deus preparou para wque andássemos nelas” (Ef 2.8-10). Somos salvos PARA as boas obras; não somos salvos PELAS obras. E só os nascidos de Cristo podem operar boas obras para a salvação.
5) Jesus entregou seu espírito ao Pai (Lc 23.43), e prometeu ao ladrão arrependido que o levaria para o paraíso. Já ressurreto, em corpo glorificado foi visto subindo ao céu, após aparecer a muitos discípulos. Ouça a verdade nas palavras do apóstolo João: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos tocaram, isto proclamamos com respeito o Verbo da vida. O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo 1.1,2,3). Estas verdades são negadas pelos “instrutores espirituais” do espiritismo. Um debate sério gira em torno das verdades reveladas e não aceitas pelo espiritismo, tais como: Juízo Final, Ressurreição, salvação pela graça e fé, existência do castigo eterno, existência da Pessoa do Consolador, o Espírito Santo; existência de Satanás e demônios, tudo isso ensinado por Jesus.
6) “Em verdade TE DIGO HOJE: estarás comigo no paraíso” é uma aberração de interpretação. Espíritas mais conscientes e mais preparados procuram outros argumentos. Jesus poderia dizer “Em verdade te digo AMANHÃ, ou te digo ONTEM? O que Ele disse, disse-o naquele dia.
7) A salvação daquele ladrão na última hora é uma ducha de água fria na teoria da reencarnação, um xeque-mate, um nocaute. Como não pode negar a tese reencarnacionista, espinha dorsal do espiritismo, procura alterar as palavras de Jesus, ou desconfiar das palavras dos homens inspirados por Deus. A verdade é que o “bom” ladrão tinha motivos de sobra para sofrer inúmeras vidas corpóreas, mas a graça de Deus o alcançou, em razão do seu arrependimento e fé em Jesus. Ele não precisou viver muitas vidas para expungir suas faltas. Foi direto para o céu. Todos os espíritas podem alcançar a graça da salvação mediante a fé. É só seguir os passos do referido ladrão, enquanto há tempo. Veja Romanos 10.9.
HECTOR – Realmente para que a compreensão do Novo Testamento se faça de forma adequada, não podemos colocar tudo como palavra de Deus, principalmente coisas que não podem de forma alguma serem-Lhe atribuídas. Devemos ter a capacidade de saber separar, nas narrativas bíblicas, o que é de Deus, o que é de Jesus
AIRTON – Tudo o que Jesus falou veio do Pai. Não há como “separar” as palavras de um e de outro. Leia: “Não crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? AS PALAVRAS QUE EU DIGO, NÃO AS DIGO DE MIM MESMO, MAS O PAI, QUE ESTÁ EM MIM, É QUEM FAZ AS OBRAS” Jo 14.10). E mais: “Esta palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou” (Jo 14.24); “Eu falo do que vi na presença do Pai…” (Jo 8.38); “Aquele que deus enviou fala as palavras de Deus, pois Deus lhe dá o Espírito sem medida” (Jo 3.34).
HECTOR – e, finalmente, o que é opinião pessoal do próprio autor, pois sem isso fatalmente teremos várias e inexplicáveis contradições, que de não poderemos de maneira nenhuma atribuí-las a inspiração divina.
Entretanto os seguimentos religiosos que combatem a Doutrina Espírita afirmam categoricamente que a Bíblia é a palavra de Deus. Já que pensam assim deveriam seguí-la incondicionalmente. Mas não é o que fazem os seus líderes. Exigem que os outros cumpram tudo o que ali está, mas não quanto a eles próprios.
São os fariseus modernos, são os mesmos de outrora quando Jesus disse sobre eles: Não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Atam fardos pesados (e difíceis de carregar) e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-los. Praticam, porém todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas. (Mateus 23, 3-5).
AIRTON – Quais os “segmentos religiosos que combatem a doutrina espírita”? Como vimos nos argumentos anteriores, quem combate a doutrina espírita é a própria Bíblia. Em determinado momento Allan Kardec entendeu que o seu espiritismo tinha alguma coisa a ver com o cristianismo. A partir disso, escreveu um livro de “interpretação” da Bíblia – O Evangelho Segundo o Espiritismo -, mas só analisou alguns versículos, dando-lhe a interpretação que julgou mais correta para justificar suas teses. Afirmou nesse livro que “cristianismo e espiritismo ensinam a mesma coisa”; que o Consolador prometido por Jesus é o espiritismo; que o espiritismo é a terceira revelação de Deus; no Livro dos Espíritos, auxiliado pelos “espíritos”, diz que a salvação vem pelo esforço próprio, etc. À vista desses disparates, e também pelo fato de muitas pessoas acreditarem que existe o espiritismo cristão, é que homens de Deus têm se levantado para esclarecer a opinião pública, em defesa da genuína fé cristã. Cristianismo e espiritismo são incompatíveis e irreconciliáveis. Nós, os cristãos-evangélicos, temos a Bíblia com única regra de fé e prática. Somente na Bíblia encontramos as doutrinas básicas do cristianismo. Kardec disse que “no Livro dos Espíritos contém especialmente a doutrina ou teoria do espiritismo…” (Livro dos Espíritos, introdução, pg 11, Editora Pensamento, S.Paulo, 1997). Daí porque deve-se ter cuidado em afirmar que os evangélicos atacam o espiritismo. O espiritismo poderia ser mais autêntico se não tentasse se enroscar no cristianismo. O espiritismo ouve aos mortos; nós, a Deus.
HECTOR – Analisaremos algumas passagens do Novo Testamento, para vermos se eles realmente cumprem fielmente a palavra de Deus. Chamamos a sua atenção para o que colocaremos em negrito. Vamos a elas, então:
Marcos 16, 18: Pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.
Até hoje nunca vi nenhum deles pegando em serpentes ou bebendo algo mortífero. Não está dito que não lhes farão mal, já que conforme a Bíblia estes sinais seguirão os que crerem.
AIRTON – Deus pode livrar seus filhos de muitos males, porque Ele é poderoso. Porque cremos num Deus que pode nos livrar, não iremos cometer determinados atos apenas para testar a providência divina. Jesus nos ensinou isso. Veja : « Disse-lhe o diabo : Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo. Pois está escrito : Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e eles te tomarão nas mãos, para que não tropeces nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus : Também está escrito : NÃO TENTARÁS O SENHOR TEU DEUS » (Mt 4.6-7). A resposta está nas palavras de Jesus, o qual, segundo as palavras de Kardec, veio com missão divina para nos ensinar.
HECTOR – Atos 2,44-45: Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam as propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.
Será que todos que não se cansam de afirmar que são fiéis cumpridores da palavra de Deus vendem seus bens e propriedades para distribuir aos necessitados?
AIRTON – Atos 2.44-45 não prescreve uma doutrina. Trata-se da descrição de uma prática usada nos primeiros passos da igreja. Essa espécie de ‘socialismo´ funcionou enquanto o número de cristãos era reduzido e não estavam espalhados por várias cidades. Foi válida na época, pois fortaleceu os laços fraternais da comunidade cristã, preparando-os para os grandes desafios que surgiriam. Em suas cartas aos romanos, corintos, gálatas, filipenses, colossenses, tessanolicenses, o apóstolo Paulo não fala mais no assunto. Portanto, os irmãos dessas localidades não seguiram referido costume. Paulo recomendou « que cada um contribua segundo propôs no seu coração » (2 Co 9.7).
HECTOR – Atos 5, 38-39: Agora vos digo: Daí de mão a estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus. E concordaram com ele.
Vivem combatendo a religião dos outros como se tivessem alguma procuração de Deus para tal ofício. Mas se esquecem que na Bíblia é dito para deixar os outros em paz, pois correm o risco de estarem lutando contra Deus, já que tais convicções podem estar inspiradas por Deus e se assim for nada lhes farão obstáculo, entretanto se forem dos homens com absoluta certeza perecerão.
AIRTON – Se Jesus tivesse ficado em Nazaré, acomodado, impassível e despreocupado; se não apresentasse uma palavra revolucionária, nova, cheia de sabedoria, incômoda para muitos; se não se dispusesse a levar as boas novas a milhares de pessoas, em muitos lugares; se não reprovasse duramente a religião de escribas e fariseus; se seus seguidores não continuassem no mesmo ritmo, pregando a novidade até com risco da própria vida, o cristianismo não teria progredido. Se progrediu, se cresceu, então é porque a obra é de Deus. Nós cumprimos as ordenanças de Deus. Veja: 1) “Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado”. Anunciamos exatamente isto. Pelo que sei, o espiritismo “cristão” não cumpre as ordenanças de Jesus quanto ao batismo e à ceia do Senhor. Mas Jesus disse que quem o ama guarda seus mandamentos. 2) “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). “Prega a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina” (2 Tm 4.2); “Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente do procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias” (1 Pe 3.15-16).
Não lutamos contra pessoas. Sabemos que por detrás dos inimigos da palavra estãos as forças malignas. Paulo adverte: “Nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes” (Ef 6.12). Hector disse: “Mas se esquecem que na Bíblia é dito para deixar os outros em paz…”. Cristo é a nossa paz, mas os que não estão nEle entram em guerra quando incomodados pela presença da luz. Veja o que Jesus falou: “Não pensem que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Eu vim para fazer que o homem fique contra seu pai, a filha contra sua mãe, a nora contra sua sogra; os inimigos do homem serão os de sua própria família” (Mt 10.34-35).
HECTOR – Atos 10, 34-35: Então falou Pedro, dizendo: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável.
Romanos 2, 11: Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.
Tiago 2, 9-10: Se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometereis pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores. Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.
Apesar de toda clareza quanto a não devermos fazer qualquer tipo de discriminação de pessoas. Eles mesmos as praticam quando pregam um sectarismo religioso, se julgando os únicos donos da verdade e que apenas eles serão salvos. Pobres coitados, pois: se tropeçam em um só ponto, se tornam culpado de todos, conforme a palavra de Deus.
AIRTON – Não somos a verdade. Pregamos a Cristo que é a verdade: “Eu sou a verdade” (Jo 14.6). Pregamos que todos os que são de Cristo Jesus estão salvos, porque assim a palavra diz. Acreditamos que “todo aquele que invocar o nome de Jesus será salvo” (Jl 2.32; At 2.21; Rm 10.13). Invocar significa amar, crer, obedecer e permanecer no caminho (Jo 14.15;15.1-7;Rm 10.9). Por acaso Jesus estava fazendo acepção de pessoas, quando repreendeu duramente escribas e fariseus, chamando-os de “hipócritas”, “condutores cegos”, “insensatos”, “sepulcros caiados”, “iníquos”, “serpentes”, “raça de víboras” (Mt 23.13-33)? Jesus estava fazendo acepção de pessoas quando disse aos judeus: “Vós pertenceis a vosso pai, o diabo, e quereis executar o desejo dele”; contudo eu vos digo a verdade e não credes em mim” (Jo 8.44-47)? Não, não estava. Jesus simplesmente dizia a verdade. Ele veio para isso. E a sua igreja tem a obrigação de continuar pregando a verdade, quer queiram, quer não queiram.
O amado Hector não interpretou bem a expressão “não faz acepção de pessoas”, observando o contexto. Essa frase significa que “Deus não tem nenhuma nação ou raça predileta, nem favorece qualquer indivíduo, linhagem ou posição na vida (cf. Tg 2.1). Deus favorece e aceita aqueles, entre todas as nações, que abondonaram o pecado, crêem em Cristo, tomem a Deus e vivem retamente (v.35, cf. Rm 2.6-11). Todos aqueles que perseverarem neste modo de vida, permanecerão no amor e no favor de Deus (Jo 15.10)” (Bíblia de Estudo Pentecostal-comentários). A igreja de Jesus deve, também, tratar todos com imparcialidade. É isso o que Tiago diz (Tg 2.1-1), seja pobre, seja rico (v.2-4). Em Atos 10.34-35 a referência diz respeito à relação Deus-pessoas. Em Tiago 2.1.13, a acepção de pessoas diz respeito à relação igreja-pessoas. O amado Hector retirou o versículo de seu contexto. Não fazer acepção de pessoas, num e no outro caso, não tem nada a ver com proibição de pregar a verdade a todos.
HECTOR -Atos 15, 20: Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue.
Gostaríamos de observá-los à mesa. Será que não comem mesmo a carne dos animais sufocados? E o sangue dos animais, será que não faz parte do seu cardápio diário?
AIRTON – Atos 15.20 não é uma prescrição doutrinária para todos os cristãos de todos os tempos. A orientação é dirigida aos cristãos de Antioquia para « possibilitar uma convivência harmoniosa entre cristãos judaicos e seus irmãos gentios. Estes deveriam se abster de certas práticas consideradas ofensivas aos judeus (v.29). Uma das maneiras de medir a maturidade do cristão é ver a sua disposição de refrear-se das práticas que certos cristãos consideram certas e outros consideram erradas » (Bíblia de Estudo Pentecostal). Paulo, ao discorrer sobre assunto semelhante, disse que « se o manjar escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne [sacrificada aos ídolos] para que meu irmão não se escandalize (1 Co 8.13; 10.22-33). Aos romanos, Paulo disse : « Tenho plena convicção de que nenhum alimento é por si mesmo impuro, a não ser para quem assim o considere; para ele é impuro. Se o seu irmão se entristecer devido ao que você come, você já não está agindo por amor. Por causa da comida, não destrua seu irmão, por quem Cristo morreu (Rm 14.14-15). São palavras difíceis de entender para os não espirituais, porque elas se discernem espiritualmente (1 Co 2.12-16).
HECTOR – Romanos 2, 1: Portanto, és indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque, no que julgas o outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias cousas que condenas.
Não os vemos constantemente nos meios de comunicação a julgar as ações dos outros, será que não sabem que a palavra de Deus diz que somos indesculpáveis quando julgamos? Mais ainda, ela não diz que julgamos as mesmas coisas que praticamos? E onde fica quem tiver sem pecados atire a primeira pedra?
AIRTON – Pregar a palavra de Deus não é julgar. Dizer que quem não aceitar o senhorio de Jesus será condenado, não é julgar pessoas. O julgamento pertence ao Justo Juiz. Dizer que espiritismo e cristianismo não são a mesma coisa, não é fazer julgamentos. Dizer que o espiritismo não pode ser cristão, e apresentar as razões bíblicas, não é fazer julgamento. Fazer julgamentos precipitados, atacando pessoas, mas não refutando teses, é a que fez o amado Hector, que disse: “Eles mesmos as praticam quando pregam um sectarismo religioso, se julgando os únicos donos da verdade e que apenas eles serão salvos. Pobres coitados, pois: se tropeçam em um só ponto, se tornam culpado de todos, conforme a palavra de Deus”.
HECTOR – Romanos 7, 6: Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra.
Hebreus 8, 6-9 e 13: Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente quanto é ele também mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda. E, de fato, repreendendo-os diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até fora do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor. Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.
Estas passagens são muito importantes. Dizem de maneira clara que a antiga aliança, qual seja o Antigo Testamento, não possui mais nenhum valor, pois se tornou caduco, velho e antiquado. Entretanto quase tudo que tiram da Bíblia para condenar o Espiritismo é retirado do Antigo Testamento. Parece mesmo que só encontram nela aquilo que seguem. É lá que encontramos o contrário do que Jesus nos manda fazer: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Por isso a necessidade de mudar os velhos conceitos de Moisés.
AIRTON – É um equívoco achar que o Antigo Testamento perdeu completamente a validade e pode ser jogado no lixo. O AT é o começo e o meio da história; o Novo Testamento ou Novo Concerto é o epílogo. Para entendermos este, precisamos conhecer aquele. A antiga aliança contém a manifesta vontade de Deus escrita por homens divinamente inspirados. Os capítulos de 8 a 10 do livro de Hebreus apresenta um contraste entre os sacrifícios antigos, as leis cerimoniais, e o superior e perfeito sacrifício de Cristo : « A lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a sua realidade. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar…pois é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados… mas quando este sacerdote [Jesus Cristo], acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus » (Hb 10.1,4,12 – Nova Versão Internacional).
Os sacrifícios de outrora, repetidos a cada ano, apontavam para o único e perfeito sacrifício do Cordeiro de Deus. O antigo Tabernáculo, onde os sacrifícios eram oferecidos, ficou obsoleto na nova aliança, pois » quando Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes, Ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem…não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, Ele entrou no Santo dos Santos, de uma vez por todas, e obteve eterna redenção…por esta razão, Cristo é o mediador de uma nova aliança para que os que são chamados recebam a promessa da herança eterna, visto que Ele morreu como resgate pelas transgressões cometidas sob a primeira aliança » (Hb 10.11-1-NVI). As palavras-chave dos capítulos de 8 a 10 de Hebreus são Sumo Sacerdote, tabernáculo, sacrifícios. É neste contexto que devemos entender a caducidade do antigo concerto. Logo, as inspiradas palavras do profeta Isaías, proibindo a consulta aos mortos, é a manifesta vontade de Deus: « Quando disserem a vocês : ´Procurem um médium ou alguém que consulte os espíritos e murmure encantamentos, pois todos recorrem a seus deuses e aos mortos em favor dos vivos, respondam: À lei e aos mandamentos » (Is 8.19-20-NVI). Idêntica orientação nos deu Jesus na parábola do rico e Lázaro. Abraão disse que os irmãos do rico, para serem salvos, deveriam recorrer a « Moisés e os Profetas » (Lc 16. 29). Ou seja, à lei e aos mandamentos, à palavra de Deus. De Gênesis a Apocalipse a Bíblia nos ensina a buscar a Deus. Tudo o que precisamos como diretriz para nossa salvação está no Livro Sagrado : « Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e lhe obedecem » (Lc 11.28). Uma centena de passagens bíblicas apontam nessa direção. Logo, guardar e ouvir a palavra dos mortos não produz felicidade, nem fé, nem salvação, visto que « a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo »(Rm 10.17).
HECTOR – Romanos 13, 6-8: Por esse motivo também pagais tributos: porque são ministros de Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem o tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. A ninguém fiqueis devendo cousa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei.
Intransigentes em seus preceitos para os outros, não fazem o que devem. Perguntaria: A palavra de Deus não nos manda pagar os tributos e impostos, respeitar e honrar e que não devemos ficar devendo coisa alguma? Sim. Então novamente pergunto: Fazem isso? Ou na questão dos impostos e tributos se justificam dizendo que não pagam porque existe corrupção no serviço público? Ora, não encontramos na Bíblia nenhuma exceção para o não pagamento, e aí como ficamos?
AIRTON – O amado Hector trabalhou em cima de hipóteses. Supõe, julga, acha que os cristãos-evangélicos não pagam corretamente seus impostos. Em cima dessa suposição, pergunta: “Fazem isso?”. Sinceramente, não tenho dados concretos sobre o assunto, para responder com responsabilidade. Agiria com leviandade se mencionasse aqui qualquer nome, sem provas. O amado espírita não se deu nem ao trabalho de livrar a pele dos irmãos assalariados que, por força da lei, têm seus impostos descontados na fonte. Poderia até perguntar, se estivesse disposto a cometer o mesmo deslize, se todos os espíritas, em todas as épocas e lugares, pagam corretamente seus impostos.
HECTOR – Romanos 14, 1-5: Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreza ao que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. A palavra de Deus não recomenda acolher os fracos, mas sem discutir opiniões? Será que é o que fazem? Ou querem a todo custo que pensem como eles. Como ficam a julgar a opinião religiosa dos outros, se também está lá a condenação ao julgamento? Se a Bíblia não deixa dúvida alguma quanto ao respeito que devemos ter para com a opinião do outro, inclusive diz que cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente, não diz, portanto para tentarmos mudar a opinião de ninguém, não é mesmo?
AIRTON – Em nenhuma hipótese é admitido o desrespeito, mesmo em se tratando de debate com seguidores de outras crenças. O que deve ser discutido, debatido, analisado, argumentado, são as idéias, as teses, doutrinas, ensinos, teorias. As ofensas pessoas e as insinuações tendenciosas são abjetas e repugnantes. O texto sob comentário fala do relacionamento entre irmãos em Cristo. Se o amado Hector, embora adepto de uma crença que não considero cristã, se considera fraco na fé, creia que a Igreja de Cristo está de braços para ajudá-lo.
HECTOR – Romanos 14, 22: A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.
Se ainda pudesse persistir alguma dúvida quanto à citação anterior, aqui não poderá mais existir. É cristalino que devemos ter a nossa fé somente para nós e perante Deus. Bem contrário aos que procuram de todas as maneiras, até mesmo usando de má-fé, quando não adulteram o pensamento dos outros para sustentarem a sua verdade.
AIRTON – Lendo-se os versos 13 a 23, de Romanos 14, entende-se que Paulo está tratando de um caso específico, relacionado a rejeição a alguns alimentos. A orientação dada aos romanos é no sentido de não causarem escândalos aos demais irmãos, por causa de alguma comida. Se para mim determinada comida é boa, mas é impura para outros irmãos da minha comunidade, não a comerei para que meu gesto não sirva de tropeço ao meu irmão (v.20-21). Nesse contexto, ele diz que, nessas ocasiões, a nossa fé, convicção e consciência não deverão ser colocadas em prática, para não entristecer o irmão que pensa de modo diferente. Não se trata de proibir a divulgação daquilo que julgamos ser a verdade. Jesus deu o exemplo maior de como devemos anunciar as Boas Novas, e ainda ordenou: “Ide por todo o mundo e anunciai o evangelho a toda criatura”. Allan Kardec divulgou o ensino dos “espíritos” através de vários livros, e seus seguidores continuam divulgando-os através da internet, de jornais, revistas e seminários. A Bíblia ordena que se pregue. Leia o que Paulo disse a Timóteo: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina” (2 Tm 4.1-2-NVI). O amado Hector disse: “Bem contrário aos que procuram de todas as maneiras, até mesmo usando de má-fé, quando não adulteram o pensamento dos outros para sustentarem a sua verdade”. Considero mais uma afirmação infeliz. Falou de forma geral, usando a terceira pessoa, sem definir quem, como, onde, quando. Ora, quem adultera o pensamento do outro para fazer valer sua verdade, esse tal não tem verdade, não tem convicção daquilo que defende.
HECTOR – Romanos 15, 20: Esforçando-me deste modo por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio.
Para as pessoas que dizem seguir a Jesus, conforme a palavra de Deus não deveria ser pregado mais nada para não edificar sobre fundamento alheio. Muitas vezes sem perguntarem a quem seguimos querem pregar suas idéias, contrariando assim a Bíblia.
AIRTON – A Bíblia não pode ser lida da mesma forma como lemos um romance. Nos tempos do apóstolo Paulo, havia premente necessidade de não desperdiçar o tempo, pois eram poucos os pregadores, e a seara muito grande. Era conveniente que se obedecesse a um eficiente plano de missões, a fim de que as Boas Novas alcançassem o maior número possível de almas. “O esforço ministerial de Paulo centralizava-se nas missões. Optou por concentrar seus esforços nas áreas onde o evangelho não tinha sido pregado suficientemente e assim facultou àqueles que não tinham ouvido a oportunidade de aceitarem a Cristo”. Hoje em dia acontece algo semelhante. Muitas igrejas concentram seus esforços em enviar missionários a países onde o evangelho foi pouco divulgado. Quanto a pregar para quem já ouviu, não há nenhum problema. Quem já é de Cristo recebe a palavra com alegria; quem não é, tem o livre arbítrio de rejeitar. Allan Kardec não deixou por menos. Leia: “Quis Deus que a nova revelação [o espiritismo] chegasse aos homens por mais rápido caminho e mais autêntico. Incumbiu, pois, os Espíritos de levá-la de um pólo a outro, manifestando-se por toda a parte, sem conferir a ninguém o privilégio de lhes ouvir a palavra… São, pois, os próprios Espíritos que fazem a propagação, com o auxílio dos inúmeros médiuns que, também eles, os Espíritos, vão suscitando de todos os lados…Nessa universalidade do ensino dos Espíritos reside a força do Espiritismo, e, também, a causa de sua tão rápida propagação… É uma vantagem de que não gozara ainda nenhuma das doutrinas surgidas até hoje. Se o Espiritismo, portanto, é uma verdade, não teme o malquerer dos homens, nem as revoluções morais, nem as subversões físicas do globo, porque nada disso pode atingir os Espíritos” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Introdução-II, FEB, 90ª Edição, p. 29-30). Resumindo, Kardec disse que o espiritismo se tornou mais eficiente que Jesus e sua igreja, por considerar que os “espíritos” são invisíveis, não podem ser atacados e podem difundir seus ensinos por toda a Terra, através de um número cada vez maior de médiuns. Portanto, “a nossa luta não é contra seres humanos [contra o amado Hector, por exemplo], mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef. 6.12).
HECTOR – 1 Coríntios 11, 5-6: Toda mulher, porém, que ora, ou profetiza, com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso que rape o cabelo.
Se formos fazer uma visita em seus templos encontraremos todas as mulheres de véu ou com o cabelo raspado? Não. Uai! Então não seguem a palavra de Deus que afirmam seguir? A não ser que devamos entender que não é toda palavra de Deus que é para se seguir.
AIRTON – Paulo não está recomendando às mulheres cristãs de todas as épocas que usem o véu ou rapem a cabeça. Ele ministrou instruções para um problema que dizia respeito à cultura da época, em Corinto. A Bíblia não estabelece uma única forma de vestir, ou de pentear-se, ou de cumprimentar, para todos os cristãos. Fosse assim, todos os cristãos deveriam usar o mesmo tipo de « vestido » que usava Jesus, ou seja um tipo de roupão, semelhante às batas dos padres, cingidos com um cinto largo; deveríamos saudar a todos com « beijo santo » , porque assim Paulo disse aos tessalonicenses (1 Ts 5.26). Ora, o aperto de mão é a saudação usual em nossa cultura. Também nossa cultura não nos permite seguir o que Jesus disse aos discípulos que foram evangelizar : « Não levem bolsa, nem saco de viagem, nem sandálias, e não saúdem ninguém pelo caminho » (Lc 10.4). Naquele tempo, o uso do véu era um sinal de respeito das mulheres a seus respectivos maridos. Uma mulher com véu merecia respeito. Hoje, em nosso meio, a aliança é um símbolo de compromisso e respeito conjugal; a saudação, um sinal de cortezia, fraternidadade, amizade, podendo ser um simples aceno, um aperto de mão ou um abraço, dependendo do grau de afetividade e afinidade. O caldo cultural em Corinto incluía costumes dos judeus, gregos e romanos. Tal diversificação estava criando problemas na igreja. Para os judeus, o uso do véu era indispensável, e significava sujeição; para os gregos, apenas os cabelos longos eram necessários. Em ambas as culturas, a mulher com cabeça rapada era tida como prostituta. As mulheres judias estavam numa fase de transição; temiam abandonar o uso milenar do véu. Paulo veio com a palavra conciliadora. Então ele disse que todas as mulheres devem usar o véu, pois « a cabeça descoberta é desonra », e acrescenta : « é como se estivesse rapada » (v.5). Mas como abandonar o véu? Ele apresenta a solução : « Ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, PORQUE O CABELO LHE FOI DADO EM LUGAR DE VÉU » (v.15). Ele diz : « A própria natureza das coisas não lhes ensina que é uma desonra para o homem ter cabelo comprido, e que o cabelo comprido é uma glória para mulher ? » (v.14). Paulo não estabelece uma doutrina para ser seguida de geração em geração. Trata-se de uma diretriz adaptável a um contexto cultural. O véu não mais é usado, como dantes, como sinal de modéstia, subordinação ao marido, e para demonstrar dignidade. Hoje, em nossa cultura, as mulheres cristãs devem vestir-se de modo modesto e cuidadoso, honroso e digno, de forma a ressaltar sua diginidade, para glória de Deus. Em relação aos cabelos dos homens, as mulheres, regra geral, usam cabelos crescidos.
HECTOR – 1 Coríntios 14, 34-35: Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos, porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja.
Nas igrejas, as mulheres permanecem caladas? Com base em que algumas exercem a função de pastor? Não é que somos contra isso, é por não constar da palavra de Deus já que fazem tanta questão de dizer que a seguem fielmente e somente eles a seguem.
AIRTON – Mais uma vez digo que não se pode usar um versículo isolado e a partir daí estabelecer uma norma. Necessário que se observe o contexto em que está inserido. Em Primeira aos Coríntios 14.26, Paulo pergunta: « Que fazer, irmãos? » Ele está falando da necessidade de ordem no culto. Diga-se de passagem que a igreja em Corinto deu muito trabalho ao apóstolo. Todos queriam falar em línguas ao mesmo tempo, certamente entusiasmados com o derramar do Espírito Santo. Então, Paulo estabelece algumas diretrizes, dizendo: « Se alguém falar em línguas, falem um, dois, quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete; mas se não houver intérprete esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus « (v.27,28). Note-se que a orientação para ficar calado é para todos, e não apenas para as mulheres. Na verdade, Paulo está orientando os irmãos sobre o correto uso dos dons de variedade de línguas e de interpretação. Trata-se de um assunto específico para um problema local. Essa orientação ainda serve hoje para as denominações pentecostais. Foi com essa intenção que ele recomendou às mulheres que se mantivessem caladas. Certamente as mulheres eram as que causavam maior embaraço. O costume da época exigia maior moderação por parte delas. Mas como fazer, se se tratava da manifestação sobrenatural do Espírito? Para contê-las, lembrou-lhes a submissão que deviam a seus maridos. Foi a fórmula que Paulo usou para solucionar o problema. Depois de afirmar que « Deus não é Deus de confusão » (v.33), recomendou que as mulheres permanecessem caladas nas igrejas. Além do número elevado de mulheres falando em línguas ao mesmo tempo, elas faziam muitas perguntas. Como coibir : « As mulheres estejam caladas nas igrejas ; se querem aprender alguma coisa, perguntem a seus maridos em casa » (vv.34,35). Não devemos entender essa recomendação em termos absolutos, ou seja, como que elas não pudessem dizer qualquer coisa, mas que refreassem seus impulsos. Por isso ele arremata, dizendo: « Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar E NÃO PROIBAIS FALAR LÍNGUAS. Mas faça-se tudo decentemente e com ordem » (vv.39-4O).
HECTOR – Efésios 4, 14: Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.
Colossenses 2, 8: Cuidado que ninguém vos venha a enredar com a sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.
Até parece uma profecia estas passagens, pois já dizia para não seguirmos as doutrinas baseadas na artimanha e astúcia dos homens que só nos induzem ao erro. Vejam: Jesus diz claramente que a cada um segundo suas obras (Mateus 16, 27), no entanto dizem que só por crerem em Jesus estarão salvos, achamos que no fundo pedem mais é para crerem neles mesmos. Prometem aos seus profitentes que quanto mais dízimos derem mais Deus lhes proverá de tudo que necessitam, como se tal filosofia fosse de Jesus.
AIRTON – O comentário acima não tem nada a ver com os textos apresentados. Paulo fala aos cristãos para terem cuidado com as heresias, as sutilezas doutrinárias. Ele não está falando aos espíritas, para que estes se acautelem contra o cristianismo. Houve uma inversão de valores. Não vale a pena refutar as demais acusações, porque, como as outras, não apontam onde, como, quando e quem. Está errado o pastor ou denominação que diz que o dízimo é meio de salvação, e quanto maior for a oferta, maior o benefício. Nós já somos uma bênção, porque somos filhos de Deus; temos o Espírito Santo; temos um Pai que supre nossas necessidades; estamos libertos do domínio do pecado. O dízimo é para os abençoados. Dizimamos PORQUE somos salvos e abençoados; não dizimamos PARA conseguirmos salvação ou bênçãos complementares.
HECTOR – Efésios 4, 29: Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e, sim, unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e assim transmita graça aos que ouvem.
Não cansam de efetuar calúnias contra o Espiritismo. Distorcem fatos somente para lhes cobrir os argumentos, agindo de maneira desonesta. Tudo frontalmente contra a palavra de Deus, que insistentemente dizem seguir.
Efésios 6, 9: E vós, senhores, de igual modo procedei para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos céus, e que para com ele não há acepção de pessoas.
AIRTON – Faltou citar fatos. “Não cansam de efetuar calúnias contra o Espiritismo”. Quem? Os evangélicos? O que disseram? Quais calúnias? Dizer que Deus condena o espiritismo não é calúnia. Que o falar com os mortos não faz parte do cristianismo, e que por isso o espiritismo não pode ser considerado cristão, não é calúnia. Dizer que para o cristianismo os espíritos de que os médiuns são possuídos são demônios, não é calúnia. Dizer que o espiritismo não acredita na existência do inferno, do Diabo e seus demônios, do Espírito Santo, do Juízo Final, da ressurreição e divindade de Jesus, não é calúnia. É verdade. Se há evangélicos que distorcem os fatos e caluniam, estes estão agindo incorretamente. Não se pode é generalizar. Também não posso dizer que todos os espíritas conhecem a Bíblia apenas superficialmente, e que distorcem os fatos, e apresentam interpretações completamente distorcidas, como temos visto aqui.
HECTOR – Colossenses 3, 25: Pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas.
Algumas vezes ameaçam aos outros, principalmente com o “fogo do inferno” se não rezarem pela Bíblia deles, como se Deus fizesse alguma acepção de pessoas. Bem contrário ao que consta da palavra de Deus constante da Bíblia. Querem a todo custo impor seus conceitos e dogmas religiosos aos outros, não respeitando o direto do outro em seguir o caminho que melhor lhe convier.
AIRTON – Nunca dissemos que a Bíblia é nossa. Um pouco acima, o amado Hector reconheceu que os evangélicos dizem que a Bíblia é a palavra de Deus. Esses comentários estão mais para um desabafo, do que para uma argumentação racional. “Bem contrário do que consta da palavra de Deus constante da Bíblia”. Folgo em saber que o amado espírita, ainda que parcialmente, acredita na veracidade do Livro Sagrado, como palavra inspirada. Ao admitir que Colossenses 3.25 é a palavra de Deus, admite também, que todo o livro o é. No cap 2.12 está escrito que Jesus ressuscitou dos mortos; no verso 15, diz que Jesus venceu na cruz principados e potestades. Jesus teria vencido aos espíritos desencarnados, perversos, maus, ou a Satanás e seus demônios?
Ninguém pode ameaçar lançar alguém no inferno. A única coisa que podemos dizer é que quem morrer sem Cristo vai para o inferno. Quem ameaça de verdade é Jesus. Veja apenas dois versículos: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41); “Serpentes, raças de víboras, como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23.33).
HECTOR – 1 Tessalonicenses 2, 9: Porque vos recordais, irmãos, no nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus.
2 Tessalonicenses 3, 7-10: Pois vós mesmos estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos, visto que nunca nos portamos desordenadamente entre vós, nem jamais comemos pão, de graça, à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós; não porque não tivéssemos esse direito, mas por termos em vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos imitardes. Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: Se alguém não quer trabalhar, também não coma.
1 Pedro 5, 2-3: Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho.
Não vemos os seus líderes viverem à custa dos outros, via dízimo arrecadado? A imprensa noticiou casos em que os salários de alguns eram baseados em percentual do dízimo arrecadado. É por isso que afirmamos que o Deus deles é MAMON, não o nosso Deus citado por Jesus, o Deus-Pai. Será que ao conduzir o seu rebanho não são dominadores nem gananciosos?
AIRTON – A Bíblia ensina que quem prega o evangelho, viva do evangelho (1 Co 9.14). E mais: “Ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário” (Lc 10.7); “O que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui” (Gl 6.6). Está errado quem comete excessos, quem age por ganância, quem explora a boa fé dos fiéis, quem coloca o dinheiro como o sacrifício número um que o crente deve fazer para ser abençoado. O Justo Juiz julgará com justiça. Mas não é pecado ganhar salário pela atividade pastoral. Pastores e dirigentes não devem trabalhar na obra com ambição por dinheiro, nem com sede de poder. Porém, os “que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1 Tm 5.17).
HECTOR – 1 Timóteo 6, 3-10: Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocações, difamações, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida, e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem cousa alguma podemos levar dele; tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmo se atormentaram com muitas dores.
Achamos que o amor ao dinheiro é a causa dos ataques que fazem à Doutrina Espírita. Como dizemos que a nossa salvação se encontra em nossas próprias mãos, somos uma ameaça aos líderes, assalariados pelos dízimos, que pregam serem os que possuem a “chave” da porta do céu. Com a ameaça do “fogo do inferno” retiram dos seus seguidores o suado dinheiro recebido pelo trabalho de cada um. São uns verdadeiros “usurpadores da casa de viúvas” como dizia Jesus. Por isso vivem a pregar difamações contra o Espiritismo.
AIRTON – O amado Hector “acha” que o espiritismo é combatido pelos evangélicos por causa do amor ao dinheiro. Não merece qualquer comentário, porque o achismo não está fundamentado. Sobre a ameaça do fogo do inferno, quem a faz é o próprio Jesus.
HECTOR – Tiago 3,13-14: Quem entre vós é sábio e entendido? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. Se pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade.
Consideram-se os únicos bons entendedores da Bíblia. Não utilizam a mansidão quando é o caso de atacar os Espíritas. São facciosos, muitas vezes usam da mentira para sustentar suas posições. Tudo fatalmente contrário à palavra de Deus.
AIRTON – O amado Hector fala em mansidão, mas ele mesmo deixa manifesta falta de mansidão. Fala que é atacado, e ataca. Ora, para que fosse levado a sério, jamais poderia usar o mesmo tratamento pelo qual os evangélicos são acusados. Se algum evangélico mente ou por causa disso sente-se amargurado, está em situação irregular diante de Deus. Não digo a mesma coisa com relação aos espíritas, pois não conheço o coração de cada um.
HECTOR – 1 Pedro 3, 8: Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança. Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes, refreie a sua língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcança-la. Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males. Se seguissem estas recomendações todos nós viveríamos em paz uns com os outros, mesmo pertencendo a correntes religiosas diferentes, mas infelizmente não é o que acontece.
AIRTON – Já respondi a argumentos quase semelhantes. A ordem de Jesus é para darmos continuidade à pregação do evangelho. A ordem da Bíblia é para pregarmos em tempo e fora de tempo. O exemplo que Paulo nos deixou foi de combate às seitas e heresias. O espiritismo se diz cristão, mas nega muitas das verdades ditas por Jesus, considerado por Kardec a “segunda revelação de Deus”; o espiritismo usa várias passagens da Bíblia para justificar suas doutrinas; Kardec fez uma interpretação particular da Bíblia ao escrever O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ora, julgamos de direito que o espiritismo continue dizendo que nele há salvação, que os espíritos são as vozes do céu; mas também temos o direito de esclarecer, dizer, ensinar que a verdade está no cristianismo. Nada mais democrático.
HECTOR – 2 Pedro 2, 12-14: Esses, todavia, como brutos irracionais, naturalmente feitos para presa e destruição, falando mal daquilo em que são ignorantes, na sua destruição também hão de ser destruídos, recebendo injustiça por salário da injustiça que praticam. Considerando como prazer a sua luxúria carnal em pleno dia, quais nódoas e deformidades, eles se regalam nas suas próprias mistificações, enquanto banqueteiam junto convosco, tendo olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecado, engodando almas inconstantes, tendo coração exercitado na avareza, filhos malditos.
2 Pedro 3, 16: Ao falar acerca destes assuntos, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles.
É a situação que se encontram quando querem combater o Espiritismo.
AIRTON – Antes de ser combatido, o espiritismo combateu o cristianismo. Ao escrever o Evangelho Segundo o Espiritismo, em 1864, Kardec nos chamou ao debate.
HECTOR – Nunca o estudaram, nada sabem a nosso respeito, pois só assim se poderia justificar tantos ataques, tantas calúnias, tantas inverdades, tantas deformações, mas se chegam a mudar até as Escrituras, o que se pode esperar deles?
AIRTON – São ataques irrefletidos, certamente elaborados em momentos de aflição da alma ou de uma raiva incontida.
HECTOR – Todos os princípios que adotamos constam da Bíblia, não a deles é claro, mas daquela que consta os ensinamentos de Jesus, pois em nada somos contrários ao que Ele ensinou, muito antes pelo contrário, estamos é para reforçar tudo quanto nos deixou.
AIRTON – Inferno, Juízo Final, ressurreição, Espírito Santo, salvação pela graça e fé, suficiência da Bíblia – tudo isso foi ensinado por Jesus. Tudo isso é negado pelo espiritismo.
HECTOR – Qual a conclusão de tiramos de tudo isso. É que a bem da verdade não seguem em nada as orientações da palavra de Deus constante da Bíblia.
AIRTON – Mais uma declaração descabida. Tenho a impressão que a comunidade espírita, onde há homens responsáveis e sóbrios, não dará apoio às investidas do amado Hector. Será mesmo que os evangélicos não seguem em nada as orientações da palavra de Deus?
HECTOR – Muitas vezes apenas as distorcem para combater ao que chamam de “obra do demônio”. Entretanto lhes responderemos com as palavras de Jesus: Se Satanás expele a Satanás, dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistira o seu reino? Na Doutrina Espírita só se diz para seguirmos a Jesus, sempre fazer o bem, perdoar infinitamente, não caluniar quem quer que seja, tudo, portanto contrário ao reino do demônio.
AIRTON – Pelas palavras de Jesus, o perdoar sempre só pode ocorrer enquanto há vida, na vida terrena. Segundo Ele, haverá um momento em que todos serão julgados. Leia: “Quanto aos tímidos, incrédulos, abomináveis, homicidas, fornicadores, feiticeiros, idólatras, mentirosos, a sua parte será no lago quer arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” (Ap 21.8); “Os injustos não herdarão o reino de Deus; nem devassos, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Co 6.9-19; outros: Gl 5.19-21; Ef 5.5). A ameaça do inferno está na própria Bíblia. Continuamos pregando que todos se arrependam enquanto há tempo, pois Cristo nos garantiu que voltará.
HECTOR – Na divulgação de Seus ensinos, palavra de Deus aos homens, Jesus sofreu constante e sistemático ataque dos sacerdotes, dos fariseus e dos saduceus, culminado com toda aquela trama que o levou à morte na cruz. Nos nossos dias o Espiritismo, sob inspiração do Alto,
AIRTON – “Sob inspiração do Alto”. Jesus falou isso?
HECTOR – querendo elucidar o verdadeiro sentido dos ensinos de Jesus, sofre o ataque de alguns líderes religiosos, são eles os sacerdotes, os fariseus e saduceus modernos. Serão eles a reencarnação dos antigos?
AIRTON – Não há um só teólogo evangélico que consiga interpretar corretamente a Bíblia? Somente o espiritismo pode fazê-lo? Ora, os apóstolos Pedro e Paulo conseguiram milhares de conversões somente anunciando exatamente aquilo que é negado pelo espiritismo, ou seja, o Cristo ressuscitado. A correta interpretação da Bíblia só viria dezoito séculos depois, a partir de Allan Kardec? Ora, a inspiração divina sobre Kardec teria vindo com bastante atraso.
HECTOR – O tempo passa, mas seus métodos são os mesmos de outrora. Mas como se diz num adágio popular: Só se atiram pedras em árvore que dá frutos, deve ser por isso que tanto nos combatem.
AIRTON – Talvez seja por isso que o pai do espiritismo procurou desde cedo enroscar-se na frondosa árvore do cristianismo.
HECTOR – Fonte Bíblica (usadas pelos protestantes/evangélicos): A Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible / Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas porpor Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto. – São Paulo; Mundo Cristão, 1994.
Pastor Airton Evangelista da Costa.
ÚLTIMA PALAVRA
Se você deseja uma reconciliação com o seu Criador, para livrar-se do peso dos pecados e ser recebido como filho de Deus, faça a seguinte oração, onde estiver:
Senhor Deus. Reconheço que sou pecador e necessito aproximar-me de Ti. Declaro o meu arrependimento por tudo que fiz contrário à sua Palavra. Eu creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus; que Ele morreu na cruz pela minha salvação; que Ele ressuscitou ao terceiro dia. Neste momento, aceito Jesus de todo o meu coração, para ser meu Senhor e o meu Salvador pessoal.
Se a pequena oração acima foi feita com sinceridade de coração, você passou a pertencer à grande família de Deus, a Igreja de Cristo, como está escrito:
“Mas a todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (João 1.12).
Pastor Airton Evangelista da Costa
Vídeos relacionados:
http://br.youtube.com/watch?v=ohrZGPEL0Fk
http://br.youtube.com/watch?v=8b4okqTyg78
http://br.youtube.com/watch?v=taSxk_s0Jmc
http://br.youtube.com/watch?v=Z4XFz9OhnAw
http://br.youtube.com/watch?v=-6Ml_szdQMY
http://br.youtube.com/watch?v=mvMgvXU8VDs
http://br.youtube.com/watch?v=G4oXwvV7IFE