O Diabo e a Doutrina da Reencarnação

NÃO SÃO POUCOS os que acreditam que a alma humana pode salvar-se a si mesma mediante sucessivas reencarnações. Allan Kardec assim define: “A reencarnação é a volta da alma à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ela e que nada tem de comum com o antigo.” O sanguinário Hitler, responsável pela morte de seis milhões de judeus, adoraria conseguir uma nova oportunidade. Ele poderia reencarnar, praticar as mesmas atrocidades, matar mais uns trinta milhões de seres humanos, e, ainda assim, teria oportunidade de atingir “mundos ditosos”, de ser um espírito adiantado, um bom espírito, um espírito puro, um santo. Só precisaria ter um pouco de paciência. Os kardecistas se defendem: “Deus seria injusto se não desse mais uma oportunidade aos seus filhos.”
A crença no retorno da alma à vida corpórea para expiação purificadora vem de remotas eras. Pela fala dos historiadores, essa doutrina teria nascido na Índia. O budismo ensina ser possível libertar-se do interminável ciclo vida e morte mediante a conquista de um alto grau de conhecimento, o Nirvana – estado de plena paz. A doutrina filosófica e religiosa da Metempsicose, encampada por Platão, admite a possibilidade de a alma humana animar, em sucessivas incorporações, um vegetal, um animal ou outro corpo humano. O Espiritismo, embora admita que o espírito humano, na sua evolução, tenha passado por animais, não advoga a tese de que essa transmigração absurda ainda esteja ocorrendo.

A palavra do Espiritismo
“O homem é, assim, constantemente, o árbitro de sua própria sorte; pertence-lhe abreviar ou prolongar indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o bem. Assim, o Espírito culpado e infeliz pode sempre salvar-se a si mesmo: a lei de Deus estabelece a condição em que se lhe torna possível fazê-lo.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. XXVII, item 21). Aqui, o Espiritismo tenta aproximar-se do Cristianismo quando fala em livre arbítrio e necessidade de se fazer o bem. Só que no Cristianismo isso ocorre no âmbito de uma única existência, e não de múltiplas vidas corpóreas como quer o kardecismo.
“Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?” Eis a resposta na questão 132 do Livro dos Espíritos, de Kardec: “Deus a impõe com o fito de fazê-los chegar à perfeição”. É uma perfeição imposta por Deus, mas os desencarnados podem recusá-la e com isso prolongar seus sofrimentos por tempo indeterminado. É para ninguém entender mesmo.
A doutrina da reencarnação está em desacordo com os princípios da justiça de Deus. O Espiritismo desejaria que um inocente pagasse pela culpa de outro, sem conhecer a razão da penalidade. Esse processo não é transparente: você sofre, mas não sabe por que está sofrendo; você é réu, mas desconhece as causas da sua condenação. Certamente um espírita não ajudaria um irmão em sofrimento, porque este sofrimento é irreversível e conducente à purificação. Total absurdo. Você poderá ser a encarnação de um grande criminoso, como Stálin, autor intelectual da morte de uns sessenta milhões, e não saber de nada. Essa extravagante doutrina não encontra amparo na palavra de Deus, pelas seguintes razões:

1. Invalida o sacrifício de Jesus na cruz. Para o Espiritismo, Jesus nunca foi Deus e o Seu sangue derramado para nada serviu. Mas Jesus, na instituição da Ceia, disse: “Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para REMISSÃO DE PECADOS” (Mateus 26.28).
2. O kardecismo ensina que o homem morre várias vezes, mas a Bíblia Sagrada diz que morremos apenas uma vez: “E, como aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9.27).
3. A reencarnação despreza a eficácia do perdão oferecido por Deus a quantos se arrependam de suas transgressões. Os espíritos ficariam a vaguear, a penar, rastejando como verme faminto a esperar um novo corpo para se despojar de suas impurezas? Os filhos de Deus, perdoados por Deus, vão direto para o Paraíso, onde aguardarão a vinda de Jesus para ressuscitarem num corpo glorioso. Vejam: “Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens…” (Marcos 3.28). “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam APAGADOS os vossos pecados…” (Atos 3.19). “Tenho desejo de partir e estar com Cristo”, disse Paulo (Filipenses 1.23). “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1.9).
4. Os defensores dessa doutrina dizem que TODOS chegarão ao estado de virtude plena, de elevado grau de perfeição, e negam a existência do Juízo Final. Mas a Bíblia afirma que haverá julgamento e condenação (Mt 25.32; Jd 6; 2 Pe 2.9; Ap 20.11-15; 21.8) E as palavras do nosso Senhor devem ser acatadas pelos espíritas, com muito respeito. Convém lembrar que Allan Kardec afirmou que Cristo, “foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos”. Logo, em razão de suas superiores qualidades e sublime missão, não há como duvidar do que Ele disse. O Espiritismo não esclarece quando termina o processo da reencarnação; diz que os “bons espíritos” aconselham os maus espíritos a reencarnarem, mas estes podem rejeitar o conselho; o kardecismo ensina que há espíritos maus, perversos, capazes de enganar os “médiuns”; capazes de imitar caligrafias (leia-se psicografia); de criar sistemas absurdos para enganar a humanidade, de influenciar os homens para a prática do mal. Esses anjos caídos, que a Bíblia chama de Satanás e seus demônios, no Espiritismo são denominados espíritos maus, porém recuperáveis. Para o Espiritismo não existem demônios. A Bíblia afirma que eles existem. Jesus, a “Segunda Revelação de Deus”, título que lhe atribuiu Kardec, afirmou que Satanás e seus demônios existem (Mateus 4.10; 12.26; 12.28; Marcos 16.17).
5. Deus também nos revela que haverá um fim. Assim como aconteceu nos tempos de Noé e de Sodoma e Gomorra, em determinado momento Deus entrará em ação para exterminar da Terra a depravação e a todos julgar. (Mateus 24.36-44). Logo, os espíritos desencarnados de Kardec não ficarão por aí “prolongando indefinidamente seu suplício”. Eles terão um suplício eterno sim, determinado pelo Justo Juiz.
6. A reencarnação de Kardec nega a existência de um plano divino para salvação da humanidade, mas a Palavra diz que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Ora, essas condições fazem parte de um plano, de um concerto, de uma nova aliança entre Deus e os homens.

Nenhuma condenação há
Portanto, o ensino da reencarnação é completamente contrário à palavra de Deus. Tudo o que é contrário à Palavra, provém de Satanás. “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Timóteo 4.1). A Bíblia Sagrada diz que a “alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18). Se uma alma pecou, cometeu iniquidades, é ela que irá sofrer pelo que cometeu. Não é uma criancinha que irá sofrer em seu lugar. O sopro de Deus vem no ato da concepção. Não existe um estoque de almas preexistentes no almoxarifado de Deus, como diz o Espiritismo, umas para iniciarem vida corpórea, outras para reencarnarem. O homem morre uma vez, apenas; depois disso, segue-se o juízo (Hb 9.27): se morreu sem Cristo, terá a morte eterna, ou seja, a eterna separação de Deus; se morreu com Cristo, terá a salvação, ou seja, a vida eterna, a eterna comunhão com Cristo. Mas o Espiritismo diz que uma pessoa pode pagar o pato pelos erros de outrem.
“Somos salvos pela graça, mediante a fé; não somos salvos pelas obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8). Somos salvos para as boas obras; não somos salvos pelas obras. A reencarnação anula a graça de Deus. Mas a Palavra diz taxativamente: “Portanto, agora NENHUMA CONDENAÇÃO HÁ para os que estão em Cristo Jesus…” (Romanos 8.1). Se estamos em Cristo, se nele morremos, como iríamos na morte peregrinar de planeta em planeta em busca de salvação.

Direto para o céu
Jesus disse ao ladrão ao seu lado na cruz: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23.43). Pela doutrina reencarnacionista aquele ladrão teria que passar por muitas vidas até se purificar. Porém, Jesus perdoou seus pecados e ele, arrependido e perdoado, pôde subir aos céus. Jesus não falou assim: “Olha, meu caro! Você pecou muito, o seu Carma está muito carregado e será preciso reencarnar pelo menos umas trinta vezes. Depois disso, eu estarei esperando por você no Paraíso”. Não foi assim. Havendo sido perdoado totalmente, aquele homem encontrou a vida eterna; não foi necessário passar por estágios. Jesus revelou de forma inequívoca: “Se o Filho vos libertar verdadeiramente sereis livres” (João 8.36). Ora, o espírito que precisa voltar à Terra para sofrer não está verdadeiramente livre. Quando morremos, já estamos com nossas situações definidas no mundo espiritual. Vejam o exemplo do rico e de Lázaro, como foi dito pelos lábios de Jesus. O rico, porque era mau, foi para um lugar de tormentos, sem condições de lá sair ao menos para abrir os olhos espirituais de seus irmãos. Lázaro foi para um lugar de paz (Lucas 16.19-31).
Apesar do incontestável antagonismo, Kardec afirmou que “o Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa”. Teria dito isso por descuido ou por má fé? Não creio. Teria usado o Cristianismo para legitimar a palavra dos “espíritos”? Mais provável. Vejam outras declarações do kardecismo: “O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus…”; “Nada ensina em contrário ao que Jesus ensinou…”; “O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra”.
Quem mais estaria interessado em desvirtuar a Palavra de Deus? Quem estaria interessado em instituir uma prática de consulta aos mortos, em desobediência a Deus? Quem estaria interessado em que os homens não acreditem em pecado, inferno, céu, salvação pela graça, juízo final, demônios, ressurreição e perdão? Somente o diabo estaria muito interessado nisso. Aquele mesmo que disse a Eva que ela poderia comer do fruto proibido, ou seja, poderia desobedecer ao Criador e nenhum mal lhe aconteceria: “Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, os vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gênesis 3.5). O diabo está nessa mal contada estória da reencarnação.

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