Jesus Cristo e o Arcanjo Miguel

Do site adventista abaixo mencionado, na parte final do estudo “Quem é o Miguel”, extraí o seguinte comentário:

“E, finalmente, em Daniel 12:1, pela vinda de ”Miguel, o grande Príncipe, defensor dos filhos do teu povo” (comparar com Salmo 91). Alegar que Miguel seja um simples anjo significa quebrar o paralelismo estrutural do livro. Fundamentados nas semelhanças que a Bíblia apresenta entre as características da missão do Arcanjo Miguel com as de Cristo, podemos concordar como outros comentaristas, como João Calvino e Matthew Henry, que identificam Miguel como Cristo e não um simples anjo (ou um ser criado). Da Revista Sinais dos Tempos – Ago. 98 pág.29”.
www.profecias.com.br/resposta/index.php?a=topic&topic=1018796143
Examinemos:
1 – O nome MIGUEL (Quem é como Deus?).
A exemplo de Emanuel (Deus conosco), de Justiça Nossa, Leão da Tribo de Judá, Maravilhoso Conselheiro, o nome Miguel poderia significar mais um título de Jesus? Improvável. Somente o significado do nome não nos garante essa semelhança. Precisamos examinar outras passagens bíblicas.
2 – “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia” (Dn 10.13).
O anjo da visão tinha “olhos como tochas de fogo” e voz “como a voz de uma multidão” (v.6). Apesar disso, precisou da ajuda de Miguel para livrar-se das potestades do mal. Seria Miguel o Cristo? Improvável.
Só posso entender “um dos primeiros príncipes” como “um dos primeiros príncipes”. Ou seja, um dentre os demais da mesma categoria. Nessa concepção, todos os primeiros príncipes são iguais em poder, porque iguais em posição. Esta afirmação ´primeiros príncipes´ sugere a existência de mais de um arcanjo. Jesus não pode, por óbvias razões, fazer parte desse grupo.
Entendo que o arcanjo Miguel, em face de sua liderança, foi ajudar o anjo da visão. Vejo o caso como uma batalha em que anjos, como num exército, se ajudam mutuamente.
3 – “Mas eu te declararei o que está registrado na escritura da verdade; e ninguém há que me anime contra aqueles, senão Miguel, vosso príncipe. (Dn 10.21).
“Vosso príncipe” seria semelhante ao “Príncipe da Paz”, atribuído a Jesus? Não. “Príncipe”, quando se refere a Jesus, está com letra maiúscula, na maioria dos registros (Is 9.6; Dn 8.25; At 5.31). Em Daniel 8.25, Jesus é o “Príncipe dos príncipes”, enquanto o arcanjo Miguel é “um dos príncipes” ou “o grande príncipe que protege” (Dn 10.13;12.1).
4 – “E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro.. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno (Daniel 12.1-2).
Haveria uma diferença de tempo entre “naquela ocasião Miguel, o grande príncipe, se levantará” e “naquela ocasião o seu povo será liberto”? Se as ações “levantar” e “libertar” são consecutivas, estaríamos diante de Cristo, o Libertador: “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: de Sião virá o Libertador…” (Rm 11.26). Ou o arcanjo levantou-se apenas para proteger Israel, como protetor desse povo? Em seguida, no verso 2, Daniel fala da ressurreição dos mortos (Jo 5.28,29; 1 Ts 4.16-17). Este evento escatológico estaria conectado com a ação do “grande príncipe” Miguel, a de levantar-se em socorro do seu povo?
Não devemos esquecer que o “grande príncipe” Miguel é “um dos [grandes] príncipes”. O título “grande” não lhe garante igualdade com Deus. O crente fiel também será chamado “grande no reino dos céus” (Mt 5.20). “O grande príncipe que protege o seu povo” significa dizer que o arcanjo Miguel é o guardião de Israel, uma das atribuições delegadas por Deus ao seu exército de anjos: “Pois aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos” (Sl 91.11).
5 – “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O Senhor te repreenda” (Jd 9).
Essa passagem é a que mais claramente se contrapõe à tese de que o anjo Miguel é o Filho, porque menciona pessoas distintas. A primeira, o arcanjo Miguel; a segunda, o Senhor. Se o arcanjo Miguel fosse o próprio Senhor, ele mesmo repreenderia o diabo.
Os defensores da igualdade entre Cristo e Miguel argumentam que em Zacarias 3.2 há uma situação idêntica: “Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende”. Aqui, dizem, é o próprio Senhor usando linguagem e atitude idênticas às do arcanjo Miguel. Nota-se logo que seria impossível o Senhor dizer ao diabo: “Eu não te repreendo, mas o Senhor (eu) te repreende”. Como acontece em Judas 9, quem fala é um “anjo”, chamado “anjo do Senhor”. É chamado de anjo nos versos 1,3,5 e 6 do capítulo 3; versos 1,4 e 5 do capítulo 4; versos 5 e 10 do capítulo 5 de Zacarias. Logo, se é anjo não é o Senhor. Mas por que recebe adoração e fala em nome do Senhor? Vejam:
“ANJO DO SENHOR – Segundo alguns teólogos, o anjo do Senhor era uma automanifestação do Senhor Jesus. Para fortalecer este ponto de vista, alegam que, diferente de todos os outros seres angelicais, o anjo do Senhor aceitava adoração e falava em nome do mesmo Deus. Em virtude destes fatos, alinham os seguintes argumentos: 1) Somente um membro da Santíssima Trindade poderia aceitar adoração: e: 2) Apenas o Filho, ou o Espírito Santo, poderia falar em nome do Pai com tanta autoridade e com tamanha identificação. O anjo do Senhor é um anjo especialmente designado para representar o Senhor Deus em missões especiais. Em sua função de embaixador, possui algumas prerrogativas exclusivas. No que tange à adoração, observemos o seguinte: quando alguém, no Antigo Testamento, reverenciava-o, na verdade estava reverenciando a Jeová, pois ele (o anjo) era o portador por excelência do nome divino” (Dicionário Teológico, Claudionor C. Andrade, CPAD, Rio, 1997).
Em que pese a possibilidade de “O Anjo do Senhor” se identificar com o próprio Senhor (Jz 6.11,12,1416,20,23), aqui estamos tratando do ARCANJO MIGUEL, e não do Anjo do Senhor.
6 -– “E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Ap 12.7-9).
Esse evento diz respeito à queda original de Satanás do céu e aos anjos que com ele caíram (2 Pe 2.4; Jd 6). A expressão “Miguel e seus anjos” pode ser entendida como “o Filho e seus anjos”? Improvável.
Interpretamos como mais uma batalha envolvendo forças angelicais. Os anjos são mensageiros de Deus para serviços importantes e variados (Hb 1.13-14). São seres gloriosos e poderosos. Deus não criaria um exército fraco. “O que os anjos são e fazem, o fazem com base no poder delegado por Deus, já que o poder, no sentido mais elevado, pertence única e exclusivamente a Deus” (Raimundo de Oliveira, “As Grandes doutrinas da Bíblia”). “[O Senhor] faz dos ventos os seus mensageiros, dos seus ministros um fogo abrasador” (Sl 104.4).
Ademais, se Deus se envolvesse pessoalmente em qualquer batalha necessitaria da ajuda de algum anjo? Bastaria um sopro do Senhor para colocar o inimigo por terra: “A vinda desse iníquo, a quem o Senhor desfará pelo sopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” (2 Ts 2.9).
“O arcanjo Miguel é mencionado cinco vezes na Bíblia (Dn 10.13;12.1; Jd 9 e Ap 12.7). Em nenhuma dessas citações afirma-se que ele seja Jesus. Outro versículo utilizado pela Testemunhas de Jeová é 1 Ts 4.16. A Bíblia mostra a diferença entre Jesus e Miguel: 1) Jesus é Criador (Jo 1.3), Miguel é criatura (Cl 1.16). 2) Jesus é adorado pelos anjos, e inclui-se aí Miguel (Hb 1.6); Miguel não pode ser adorado, como nenhum anjo pode (Ap 22.8-9). 3) Jesus é Senhor dos senhores (Ap 17.14); Miguel é príncipe (Dn 10.13); 4) Jesus é o Rei dos reis (1 Tm 6.15); Miguel é o príncipe dos judeus (Dn 12.1) (V. Hb 1.5-6)” (Bíblia Apologética).
“ARCANJO (do grego archangelos) – [Esse termo] Não é encontrado no Antigo Testamento, e no Novo Testamento só ocorre em 1 Ts 4.16 e Jd 9, onde é usado para aludir a Miguel, que em Daniel é chamado de `um dos primeiros príncipes´ e `o grande príncipe´(Septuaginta, ò grande anjo´, Dn 10.13,21; 12.1; cf. também Ap 12.7). Se há outros seres deste elevado grau nos exércitos divinos, a Escritura não nos diz, embora a descrição `um dos primeiros príncipes´ sugira que haja (cf. também Rm 8.38; Ef 1.21; Cl 1.16, onde a palavra traduzida por `principados´ é arché, o prefixo em arcanjo). Em 1 Ts 4.16, o significado parece ser que a voz do Senhor Jesus será do caráter de um grito arcangélico” (Dicionário VINE).
www.palavradaverdade.com/print1.php?pagina=1&vartipo=Seitas%20e%20heresias
Ano: 2003
Nota: Ao visitar nesta data (30.08.05) o referido site adventista, não mais localizei o estudo citado no início deste trabalho. O endereço ainda é o mesmo http://www.profecias.com.br/

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