DONS ESPIRITUAIS – Significado

Também conhecidos como “dons do Espírito”. O termo “dom”, que ocorre em 1Co 12, vem do gr. charisma, no singular e charismata, no plural. Comumente se fala em “dons espirituais” num sentido e propósito estranhos aos que lhes são atribuídos no NT. Um dos erros mais comuns, consiste em se imaginar que se trata de dons “naturais”; outro erro bastante comum, é pensar que os dons sejam distribuídos como uma espécie de “troféu” de bom comportamento ou “medalha de ouro” por serviços prestados ao Reino. Mas, então, poderia surgir a pergunta lógica: Para quê ou por que nos são concedidos os dons espirituais? A resposta é simples e óbvia: os dons espirituais são distribuídos pelo Senhor Jesus, como: adorno (cf. 1Co 14:24,25), provisão (cf. 1Co 12:7) e capacitação. No contexto de 1Co 12:8-11, Paulo alista nove dons espirituais, quais sejam: 1) palavra da sabedoria (gr. logos sofias), habilidade de compreender e transmitir as coisas mais profundas do Espírito de Deus, de compreender e transmitir os mistérios cristãos, como também a capacidade de transmitir a outros esse conhecimento (cf. Rm 11:33). Também está relacionado com a capacitação para aplicar a sabedoria de Deus em situações específicas e circunstâncias particulares; 2) palavra da ciência ou do conhecimento (gr. logos gnoseos), comumente conhecido como “revelação”. É capacitação de Deus trazendo ao conhecimento coisas antes não conhecidas. É um conhecimento que não é fruto da observação, nem da intuição ou da razão, mas de nível espiritual (eg. Jo 4:18,19; At 16:28,29; comp. com Jo 14:12 e 1Co 14:30). Este dom pode operar em conjunto com o de profecia; 3) fé (gr. pistis), que não é aquela comumente conhecida como “fé salvadora”, mas sim uma fé sobrenatural especial, comunicada pelo Espírito Santo, capacitando o crente a realizar coisas extraordinárias e milagrosas. É a fé que remove montanhas (cf. 1Co 13:2) e que, freqüentemente opera em conjunto com outras manifestações do Espírito, tais como curas e milagres (cf. Jo 14:12); 4) dons de curas (gr. charismata iamaton), observando que ocorre no plural, pois assim como existem especialidades médicas (pediatria, geriatria, obstetrícia, ortopedia, etc.), Deus ministeria pessoas específicas para curar doenças específicas. Esses dons são concedidos à Igreja para restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais (cf. Mt 4:23-25; Jo 14:12; At 3:6-8; 4:30; 19:12; Hb 13:8); 5) operações de milagres ou maravilhas (gr. energemata dunameon), caso também onde o dom é mencionado no plural, que em uma tradução livre, seria “operações portentosas”. Trata-se de atos sobrenaturais de poder, que intervêm na natureza, a fim de que o Nome de Deus seja glorificado, Satanás seja vencido e os homens sejam convencidos; 6) profecia (gr. profeteia), dom que jamais pode ser confundido com o dom ministerial de Profeta, pois nem todo aquele que “profetiza” é “Profeta”. A profecia pode ser definida como aquela manifestação espontânea do Espírito que tem por objetivo capacitar o crente a transmitir uma palavra ou uma revelação, diretamente sob o impulso e o mover do Espírito de Deus, visando edificação, exortação ou consolação (cf. 1Co 14:3); 7) discernimento de espíritos (gr. diakriseis pneumaton), dom especialmente necessário à Igreja contemporânea, tendo em vista a recomendação expressa de João (cf. 1Jo 4:1), que a cada dia torna-se cada vez mais necessária à Igreja. Trata-se de uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e as manifestações espirituais; 8) variedade de línguas (gr. gene glosson), cuja idéia não é de línguas como dom de oração em linguagem não vernacular (cf. Rm 8:26; 1Co 14:2,14,15; Ef 6:18). O que se está enfocando é o dom de línguas ou de variedade de línguas, através do qual o crente é edificado (sem interpretação) ou, preferencialmente, toda Igreja é edificada, havendo quem interprete; e 9) interpretação de línguas (gr. hermeneia glosson), que ao contrário do que muitos pensam, não é tradução. Trata-se da capacidade concedida pelo Espírito, para o portador desse dom compreender e transmitir o significado de uma mensagem proferida em línguas, provendo assim edificação para o Corpo de Cristo. A recomendação bíblica é de que quem “fala” (veja bem: “fala” e não “ora”) em línguas, deve orar para que possa interpretá-las (cf. 1Co 14:13).

Fonte: Dicionário Teológico Brasileiro Lázaro Soares de Assis

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