Um leitor me fez o seguinte pedido: “Uma Testemunha de Jeová veio a minha casa e começou a citar versículos contra a Trindade. Ela citou Marcos 10.18, Romanos 3.29,30, Malaquias 2.10 entre outros. Por favor, poderia me explicar?”.
Versículos isolados, fora do contexto, para negar a divindade de Jesus e criar embaraços aos filhos de Deus, devem ser prontamente refutados. Os seguidores da Torre não pregam o Evangelho porque não crêem em Jesus nem O têm no coração; não têm o Espírito porque não acreditam na Sua existência. Importante, também, é fazer-lhes algumas perguntas. Perguntem-lhes porque as profecias do fim do mundo não foram cumpridas (veja “As Falsas Profecias das Testemunhas de Jeová”) se a Sociedade Torre de Vigia (STV) declara ser o único canal de Deus. Peça-lhes provas bíblicas para que continuem afirmando que o Espírito Santo não é uma Pessoa, mas uma energia de Deus. Leia com eles as passagens de Atos dos Apóstolos em que o Espírito fala e dirige os primeiros passos da Igreja. Pergunte-lhes se uma energia fala. Finalmente, lembremo-nos da seguinte recomendação bíblica:
“Muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o enganador e o anticristo. Olhai por vós mesmos, para que não percais o que ganhastes, antes recebais plena recompensa. Todo aquele que vai além da doutrina de Cristo, e não permanece nela, não tem Deus; quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Quem o saúda participa das suas obras más” (2 Jo 7-11).
“A palavra acima não está se referindo a pessoas que simplesmente venham nos visitar [os seguidores da Torre de vigia batem às portas dos irmãos com o intuito de pregar a doutrina do anticristo]; refere-se aos enganadores que vêm para apresentar suas doutrinas. João está instruindo às pessoas da igreja local a não darem hospedagem àquelas pessoas, porque isso implicaria que a igreja estivesse aceitando ou aprovando o seu ensino. Temos de amar os nossos inimigos, mas não encorajá-los em seus atos malignos. Temos de fazer o bem aos que nos odeiam, mas não temos de fechar os olhos diante de sua impiedade. Jesus disse que devemos agir como filhos de nosso Pai. Naquele mesmo Sermão do Monte, Jesus prosseguiu advertindo os seus discípulos a terem todo o cuidado a respeito dos faltos profetas, “que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores” (Mt 7.15). João deu uma aplicação prática dessa advertência, assim encorajando a igreja local a manter sua pureza e devoção a Cristo” (Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia – Norman Geisler e Thomas Howe).
Vamos à consulta:
Marcos 10.18: “E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus” (v. Mt 19.17; Lc 18.19).
“Uma pergunta se faz aos objetores da deidade absoluta de Jesus: Jesus é bom ou mau? A resposta óbvia é que Jesus é bom (Jo 15.13; At 10.38). Mas, porque disse ao jovem rico, “por que me chamas bom”? Jesus queria que o Pai fosse glorificado com Ele, “Eu glorifiquei-Te na terra…” (Jo 17.4). Notamos no contexto que o jovem rico buscava lisonjear a Jesus parta obter reconhecimento. Ele chamou o Mestre de bom, não porque reconhecia a divindade de Cristo, mas para ter um parecer” (Bíblia Apologética). “Sem negar que Ele mesmo seja bom, Jesus relembra ao homem a concepção judaica da bondade de Deus (outros poderiam ser bons, mas ninguém se compara a Deus)” (Comentário Bíblico Atos – Novo Testamento, Craig S. Keener).
Se nossas conclusões forem com base em versículos isolados, teríamos de admitir que Jesus veio com o objetivo de causar uma ruptura familiar (aliás, como faz a seita da STV ao proibir que seus seguidores continuem mantendo os mesmos laços fraternos com seus familiares, quando estes se desligam do grupo. Leia “A Inquisição das Testemunhas de Jeová”), pois Ele disse: “Não cuideis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada [divisão]. Porque eu vim pôr em dissensão [divergência de opiniões, interesses ou sentimentos] o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra. E assim os inimigos do homem serão os seus familiares” (Mt 10.34-36). O propósito de Jesus foi trazer paz; entretanto, a conseqüência imediata da Sua vinda foi separar os filhos de Deus dos filhos deste mundo. Da mesma forma como estão as TJ de um lado e os crentes do outro.
Jesus declarou que “ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15.13). Diante do que Ele fez, dando Sua própria vida para remissão de pecados, tem-se alguma dúvida de que Ele é bom? Quem possui o maior amor do mundo, inigualável e insuperável, não é realmente o que mais bondade tem? Seria o caso de perguntar à STV por que não doam sangue para salvar vidas, nem que seja a vida dos próprios pais (Leia “Testemunhas de Jeová – Transfusão de Sangue é Caso de Polícia”).
Veja a declaração direta e objetiva de Jesus a respeito de Sua bondade: “Eu sou o BOM Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). O argumento usado pela STV, quanto a Marcos 10.18, é que Jesus declarou que não era Deus porque Ele próprio declarou que não era bom e que somente Deus é bom. Na verdade, não é bem assim. Jesus fez uma pergunta ao jovem rico e afirmou que somente Deus é bom, isto é, Deus é bom na Sua essência, sem variação; não possui uma bondade adquirida ou derivada.
Primeiro, Jesus fez apenas uma indagação, pois conhecia as intenções do coração do jovem rico: “Por que me chamas bom?”. Ao fazer essa pergunta, Jesus não negou sua própria bondade. Seria uma incoerência, pois Ele afirmou ser o BOM Pastor. A intenção de Jesus era que o jovem rico se voltasse para o Pai e abandonasse o amor às riquezas. Ao lhe apresentar alguns mandamentos (v.19), Jesus estava dizendo que Deus era bom, mas exigia obediência irrestrita, pois deve ser amado sobre todas as coisas; o jovem teria que fazer uma demonstração inequívoca desse amor, distribuindo seus bens aos pobres.
Segundo, ao permitir que o jovem se ajoelhasse aos seus pés (v.17) Jesus aceitou a adoração somente devida a Deus, e, assim, se igualou ao Pai: “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele servirás” (Mt 4.10). Lembre-se de que o ajoelhar-se é um gesto significativo de uma adoração interior. O diabo sabe disso: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (v.9).
Terceiro, além de dizer que é o “bom Pastor” (note o artigo definido “o” que define Jesus como o único), o que anula a pretensão das TJ em afirmar que Ele declarou não ser bom, Jesus declara de forma clara e objetiva a Sua divindade, ao dizer: (a) “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30); (b) Jesus, respondendo a Filipe, que queria saber como vê o Pai: “Quem me vê a mim vê o Pai… crede-me, ao menos por causa das mesmas obras” (Jo 14.8-11). Preste atenção em “as mesmas obras”. Tudo o que o Pai fez e faz Jesus pôde e pode fazer, fez e faz. Logo, ao dizer que somente Deus é bom, Jesus não estava se excluindo, pois o Filho e o Pai são uma unidade. Se o jovem rico perguntasse a Jesus como deveria fazer para conhecer esse Deus tão bom, Jesus certamente responderia: “Olhe para mim e veja o Pai” (Leia “Quem é Jesus para as Testemunhas de Jeová”).
Quarto, mais uma prova da deidade de Jesus é que, ao perdoar pecados, Ele revela atributos próprios da Trindade (Lc 5.21,24; Mc 2.10; 1 Jo 1.9). Outra prova inequívoca: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.1,14). Na Tradução do Novo Mundo (a bíblia da STV), o versículo foi alterado para “a Palavra era [um] deus”. Com isso as TJ se declaram biteístas, pois acreditam na existência de dois deuses: um deus chamado Jesus, o Filho, e em Deus-Jeová, o Pai. É importante notar que a STV não fez qualquer alteração no verso seis: “Surgiu um homem enviado como representante de Deus: seu nome era João” (Tradução do Novo Mundo). Por que a construção da frase em João 1.1 não pode ser “a Palavra era Deus”, mas no verso seis pode ser “seu nome era João”, sem o artigo indefinido? Seria o caso de agir com coerência e traduzir como “era um João”. Por que Jesus aceitou sem contestar a afirmação de Tomé “Senhor meu e Deus meu”, conforme João 20.28, tal como está na Tradução do Novo Mundo? Precisam responder.
Romanos 3.29-30: “É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente. Visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão”.
O objetivo de Paulo era dizer que Deus não era somente dos judeus, mas também dos gentios. Deus era um só para todos. Esta palavra não nega a deidade de Jesus, pois a doutrina do Verbo encarnado está alicerçada em muitos outros textos da Bíblia.
Tudo decorre do fato de que a STV não acredita na existência de um Deus trino, um só Deus subsistente em três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo [Ler “Provas da Divindade de Jesus”]. Daí negarem a divindade do Espírito Santo e de Jesus. O Cristianismo não apresenta três deuses. Por isso, aceitamos os termos da palavra do apóstolo Paulo ao dizer que Deus é um só. Não afirmamos, como faz a STV, que Jesus é um deus e Jeová outro Deus. Na mesma Carta aos Romanos, lê-se que Jesus é “Senhor dos mortos e dos vivos” (14.9); Jesus é Juiz dos vivos e dos mortos (At 10.40,42; Jo 5.22,2; Tm 4.1; Hb 10.30); “Tudo quanto Ele [o Pai] faz, o Filho o faz igualmente” (Jo 5.19); “Assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer” (v. 21); “Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou”; o mesmo Paulo apresenta Cristo como Criador ao afirmar que todas as coisas, tanto as materiais quanto as espirituais, foram por Ele criadas (Cl 1.16).
Nessa pequena amostra da evidência bíblica da divindade de Cristo vê-se que o Seu domínio é supremo e abrange tudo: a Criação, a vida, a morte e o juízo. Mas se quisermos mais evidências, vejamos: “Simão Pedro, servo e Apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1,11). A STV não quer nem ouvir falar nisso, mas a bíblia Tradução do Novo Mundo confirma: “De fato, assim vos será ricamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Jesus seria “um deus” de segunda categoria, porém com um reino eterno”? Precisam responder.
Consideremos a recomendação de Jesus: “Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Assim está na bíblia da STV: “Ide, portanto, e fazei discípulos de pessoas de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do espírito santo”. A mudança para “discípulos de pessoas” foi para negar que os cristãos sejam discípulos de Jesus. Logo, os seguidores da STV são discípulos de pessoas, não de Cristo. Mas vejam o que disse Jesus: “Se permanecerdes no meu ensino, verdadeiramente sereis meus discípulos” (Jo 8.31; 15.8). Mas por que a STV confirma na sua bíblia que devemos batizar também em nome do espírito santo (mesmo colocado em minúsculas) se afirma que o Espírito é uma energia? Ao ordenar que o batismo seja também no Seu nome, Jesus proclama a Sua divindade; e ao citar também o Espírito Santo, Ele dar testemunho da existência da divina Trindade. Como as Testemunhas são batizadas, se é que cumprem essa ordenança de Jesus? Obedecem ao que está na sua bíblia, isto é, batismo em nome do Pai, e do Filho, e do espírito santo, mesmo acreditando que o Filho é um deus de segunda categoria e o Espírito uma energia? Precisam responder.
Malaquias 2.10: “Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando a aliança de nossos pais?”.
O comentário anterior, relativo a Romanos 3.29,30, serve para este caso. O livro de Malaquias faz parte do Antigo Testamento; o Filho ainda não se tornara carne (Jo 1.14; 3.16) e não havia trazido as Boas Novas. Portanto, não vale como argumento contra a divindade de Jesus.
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30.01.2005