A Invasão da Pornografia
Por: Syria Luppi
Faça um teste simples. Procure enumerar quantas vezes num dia você depara com mensagens que, mesmo sutilmente, falam de sexo. Observe as conversas, que sugerem expressões maliciosas, as gírias; andando na rua, passando por bancas de jornais, outdoors, vendo estampas em camisas, vitrines; em casa assistindo programas de TV como novelas, filmes e até os rápidos comerciais; na Internet acessando um provedor famoso ou não, ou num site de busca; nas locadoras de vídeo; ouvindo rádio, nas músicas, nas propagandas, nas conversas “carismáticas” de alguns locutores…
Na verdade você não precisa buscar essas mensagens. Elas chegam até você sem que seja preciso ser feito o menor esforço para consegui-las. Se você fez o teste e se assustou ao observar que o erotismo está em cada lugar que olhe, imagine ao conferir os números que este mercado movimenta. A Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme) revela que o setor movimenta R$ 700 milhões por ano no Brasil. Segundo a Abeme, o mercado erótico é composto dos seguintes segmentos: produtos para sex shop, filmes, moda sensual, cosmética íntima, publicações e Internet.
O crescimento da Erótika Fair, feira do setor que acontece anualmente em São Paulo, demonstra a força desse mercado. Na primeira edição do evento, em 1996, 36 expositores comercializaram seus produtos e movimentaram R$ 300 mil em negócios, com um público visitante de 12 mil pessoas. Na última feira foram 55 mil pessoas, com 68 expositores e uma projeção de negócios na casa dos R$ 2 milhões.
Dados do Internet Filter Reviews (IFR) 2004, divulgado em junho, apontam que entre os 50 milhões de sites existentes na Internet, 4,2 milhões estão inteiramente enquadrados na categoria pornografia. No total, são 372 milhões de páginas ou 8% de toda a rede que utilizam o sexo como apelo principal para uma platéia cativa de 72 milhões de usuários em todo o mundo, homens em sua grande maioria.
O IFR é mais uma tentativa de se medir o tamanho da indústria do sexo em todo o mundo, com os mais diferentes propósitos. O levantamento é feito todos os anos pela N2H2 , empresa especializada em desenvolver sistemas que impedem ou dificultam o acesso a sites pornográficos. Bibliotecas e escolas públicas americanas são obrigadas a usar filtros desse tipo para impedir que crianças e adolescentes naveguem por estes sites.
O levantamento da N2H2 não se limita ao chamado cibersexo, por sinal uma pequena fração no universo pornográfico, responsável no ano passado por um faturamento estimado em US$ 57 bilhões em todo o mundo. Vídeos e CDs ficaram com a maior fatia desse imenso bolo, com receitas avaliadas em US$ 21,5 bilhões, quase duas vezes o total movimentado pelos serviços de acompanhantes (US$ 11 bilhões em 2003).
No bloco intermediário aparecem as revistas masculinas, com faturamento global de US$ 7,5 bilhões; os clubes privês, que juntos movimentaram cerca de US$ 5 bilhões; e o chamado telessexo – ou sexo pelo telefone, com receita de US$ 4,5 bilhões no ano passado.
Empatados em sétimo lugar no ranking dos que mais faturam com mercado do sexo, aparecem a TV por assinatura e a Internet, com receitas da ordem de US$ 2,5 bilhões, equivalente a pouco mais de 4% do mercado pornográfico mundial. Homens são maioria nesse universo e respondem por 78% da audiência mundial de sites de sexo, 80% do público adulto masculino navega em sites considerados pornográficos a partir de suas casas.
Fonte: www.comunhao.com.br