A Importância da Doutrina Da Trindade

Heber Carlos de Campos
A doutrina da Trindade [Pai, Filho e Espírito Santo], que foi extremamente importante na história da igreja, chegou a ser questionada em alguns círculos teológicos porque algumas pessoas acharam que ela não possuía qualquer relevância. No entanto, hoje em dia estão surgindo muitos livros sobre essa doutrina. Por que esse novo interesse pelo assunto? É ainda relevante sustentar a divindade do Filho e do Espírito? Obviamente que sim!
Se não dermos a devida importância a essa doutrina, o assunto da expiação [cancelamento pleno do pecado com base na justiça de Cristo, propiciando ao pecador a restauração de sua comunhão com Deus] fica totalmente sem sentido. Se não há a Trindade, não há encarnação [revestir-se de carne; apresentar-se como homem]; e se não há encarnação do Verbo [Jesus é chamado de o Verbo], a expiação torna-se apenas uma apresentação teatral mórbida sem qualquer significação para nós. Se foi apenas um homem que morreu na cruz em nosso lugar e em nosso favor, ainda estamos mortos em nossos pecados.
Se não dermos a devida importância a essa doutrina, o assunto da justificação [ato de declarar justo] pelo sangue de Cristo fica totalmente prejudicado. As nossas culpas continuariam conosco, porque um homem simplesmente não pode levar a culpa de homens, morrendo na cruz, sem condições de ressuscitar por seu próprio poder. Se não houvesse a Trindade, ainda estaríamos com a dívida por pagar. Poderíamos depender da obra de um homem para ter nossa dívida paga? Porque o Redentor é Deus-homem, podemos ter cancelada a nossa dívida.
Se não dermos a devida importância à doutrina da Trindade, o objeto de nossa fé, Jesus Cristo, é apenas um homem, nada mais. Somente a doutrina da Trindade é que faz com que vejamos em Cristo o Verbo encarnado.
Por essas razões, nós, os cristãos, devemos dar uma enorme importância à Trindade, porque ela está no coração da teologia cristã e no cerne da nossa redenção. Na história da igreja, homens e mulheres deram muita importância a essa matéria, porque dela dependem todos os outros elementos da nossa fé.
O fato é que precisamos conhecer o que de Deus nos foi revelado. Não podemos pensar simplesmente em utilitarismo ou em pragmatismo [Colocar em prática a doutrina da Trindade]. Deus não ensinou sobre si para que o usemos para nossos propósitos ou para o nosso deleite. Deus deve ser crido da forma como ele se revela. A doutrina da Trindade é de extrema aplicabilidade porque sem ela não poderia haver a noção de salvação.
Se Deus não fosse triúno [Pai, Filho e Espírito Santo], o Pai não poderia enviar o seu Filho. Se alguém tivesse que morrer seria apenas homem e não Deus-homem. Se não houvesse o Filho para se encarnar [tornar-se homem], o nosso redentor seria apenas humano. Se fosse apenas humano, ele não poderia morrer pelos pecados de muitos. Seria apenas um homem substituindo um homem. Os demais seriam castigados pelos seus pecados.
Se Deus não fosse triúno, mandando o seu Filho para encarnar-se e morrer pelos pecados do seu povo, e ele tivesse que sacrificar um ser humano, ele faria injustiça fazendo com que outro pagasse pelos pecados de outros. No caso de Jesus Cristo, não foi um outro ser, mas o próprio Ser divino, na pessoa do Filho, que assumiu as nossas penas. Não foi uma injustiça, porque Deus tomou alguém que veio de si mesmo, para morrer pelos nossos pecados.
É porque Deus é triúno que ele pode realizar a nossa tão grande salvação. Doutra sorte, estaríamos ainda mortos nos nossos delitos e pecados”.
Autor: Heber Carlos de Campos, “O Ser de Deus e Seus Atributos”, Editora Cultura Cristã, 1999, p. 154-156.

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